20/06/2013 14h21 - Atualizado em 20/06/2013 15h19

Movimento diz que vai fazer triagem para apoiar presos em atos em SP

MPL rebateu declaração de ex-jogador Pelé sobre foco em jogos.
Grupo diz que orientação nesta quinta é ficar apenas na Av. Paulista.

G1 São Paulo

Representantes do Movimento Passe Livre (MPL) afirmaram nesta quinta-feira (20) que continuarão prestando apoio a detidos durante os atos em São Paulo, mas que advogados voluntários farão análise dos casos. Presos que não têm ligação com os atos, mas que se aproveitaram da manifestação para cometer crimes, devem ser encaminhados para Defensoria Pública.

Segundo a estudante de geografia Mayara Vivian, de 23 anos, há pessoas que podem ter sido detidas injustamente sob suspeita de vandalismo. "Essas pessoas foram presas e a gente não sabe se elas cometeram isso mesmo [atos de vandalismo]. Por ora, as pessoas que foram detidas, processadas no contexto da manifestação, terão nosso auxílio. É muito fácil para a polícia incriminar alguém que não estava fazendo nada. Inclusive é até interesse deles.

Segundo o movimento, os demais devem ter apoio de um grupo de advogados que acompanha o grupo na tentativa de revogar prisões. Dos 69 manifestantes detidos na capital paulista durante os protestos contra o reajuste da tarifa do transporte público, nesta terça-feira (18), 41 foram transferidos para Centros de Detenção Provisória (CDPs) nesta quinta. A maioria dos presos estava na delegacia do Bom Retiro, no Centro de São Paulo.

Além de analisar a assistência jurídica, o MPL informou em entrevista coletiva no Sindicato dos Jornalistas que a manifestação desta tarde deve se concentrar apenas na Avenida Paulista. De acordo com os integrantes do movimento, não há orientações para marchas pela cidade.

Polêmica com Pelé
Um dia depois da divulgação das declaração do ex-jogador Pelé, que pediu para que a população apoiasse a seleção brasileira e deixasse os protestos pela redução de tarifas de lado, uma integrante do movimento rebateu o craque.

“Eu não vi o vídeo, mas com o país passando por um processo de mobilização raras vezes observado, com a população acordando para várias questões, ele querer que a gente pare para assistir jogo de futebol? Eu aprecio muito o Pelé, joga muito bem é uma referência do nosso país, mas a gente não  vai parar de lutar para assistir o jogo não, Pelé, desculpa”, declarou Mayra Vivian, 23 anos.

A estudante, que cursa geografia na Universidade de São Paulo, participou ativamente dos últimos protestos que percorreram as principais ruas de São Paulo nos últimos dias. Ela disse que estava acompanhando pela TV o fim do jogo do Brasil enquanto aguardava notícias sobre a reunião entre o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Na quarta-feira (19), pouco antes de a seleção brasileira enfrentar o México pela segunda rodada da Copa das Confederações, Pelé pediu uma trégua aos manifestantes que sacodem o Brasil desde a semana passada e fez um apelo à torcida brasileira. "Vamos esquecer toda essa confusão que está acontecendo no Brasil e vamos pensar que a seleção brasileira é o nosso país, é o nosso sangue. Não vamos vaiar a seleção. Vamos apoiar até o final", disse.

Segundo Pelé, o momento é de apoiar o time comandado por Luiz Felipe Scolari. "Vou pedir mais uma vez aos brasileiros para não confundirem as coisas. Estamos iniciando uma preparação para a Copa do Mundo. A Copa das Confederações serve muito para a gente ter uma base de como vai ser a nossa equipe. Quem está falando aqui não é o Pelé. É o Edson, do tempo da CBD, torcedor brasileiro", argumentou Pelé. Apesar do pedido do Rei, torcedores viraram de costas na hora do hino nacional.

Em entrevista ao G1, Pelé disse ainda que bandidos infiltrados estão estragando um movimento legítimo da sociedade brasileira. Ele também aproveitou para afirmar que a Seleção Brasileira não tem nada a ver com corrupção.

"Os bandidos estão estragando uma passeata que é de paz, de reivindicação, para o melhor do povo brasileiro, da nossa sociedade. Muitos estão aí com bandidagem, e nós temos que lutar contra isso. Eu acho que não podemos deixar, de maneira nenhuma, que alguns bandidos estraguem essa oportunidade. O nosso país merece ter um meio de transporte melhor, uma saúde melhor e uma escola melhor. Estou 100% de acordo com essa maneira de pensar e com esse povo que está na rua, mas o mau-caráter eu não aceito. A gente devia passar isso para esse pessoal que não quer que as coisas melhorem”, ressaltou.

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