Economia

Economistas elevam pela 2ª vez em menos de um mês previsão de expansão do PIB

Projeção para inflação deste ano permaneceu em 5,82%

RIO - Apesar do comportamento oscilante da produção industrial e da alta dos juros, economistas de instituições financeiras aumentaram pela segunda vez em quase um mês (a outra foi dia 13 de setembro) a projeção para o crescimento da economia brasileira para este ano, passando de 2,40% para 2,47%, informou nesta segunda-feira a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central. O mercado também manteve a previsão de elevação da taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, que será conhecida na próxima quarta-feira.

Segundo Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, o mercado está reajustando suas projeções desde a divulgação do PIB do segundo trimestre.

Em entrevista para comentar o documento, o diretor de política monetária do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que "ainda há bastante trabalho a ser feito pela política monetária em termos de combate à inflação". E emendou: "As projeções indicam um recuo lento da inflação. Mesmo no cenário de mercado, com os juros indo a 9,75% ao ano, a projeção aponta uma inflação elevada."

Outros analistas, contudo, consideraram que o BC manteve os sinais para a política monetária e está próximo de interromper a alta dos juros. Isso seria justificado pela reafirmação da avaliação sobre a política fiscal, que deve se deslocar para a neutralidade "no horizonte relevante para a política monetária."

Na próxima quarta-feira, dia 9, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia sua decisão sobre a Selic. Os analistas esperam, em média, uma elevação de 0,50 ponto percentual no juro básico da economia.

Na semana passada, após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, alguns analistas consideraram que o Banco Central teria sinalizado que poderia encerrar o ciclo de aperto monetário com uma taxa de juros maior do que a prevista pelo mercado, de 9,75%.

Terceiro trimestre melhor

Além das revisões altistas pós dados do segundo trimestre, a nova projeção do mercado vem na esteira das declarações recentes, feita pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante sua viagem a Londres, de que o crescimento econômico do Brasil no terceiro trimestre não será tão fraco como se esperava anteriormente.

Na ocasião, Tombini afirmou ainda que a inflação está recuando em direção ao centro da meta. A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais.

O relatório, divulgado na última segunda-feira, mostrou que as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste e nos próximos dois anos seguem em patamares desconfortáveis.

No Relatório de Inflação, a projeção para a inflação no cenário de referência do relatório é de 5,8% em 2013, de 5,7% em 2014 e de 5,5% no período de 12 meses encerrado em setembro de 2015. Os percentuais superam o centro da meta de inflação de 4,5%, fixada para todos os anos do período. O cenário de referência do BC considerou Selic de 9% em 2013.

Câmbio

Analistas do mercado mantiveram as projeções para o câmbio, cotando a moeda americana em R$ 2,30. Já a expectativa para o avanço da produção industrial neste ano passou de 1,92% para 1,70%. Para 2014, a expectativa ficou em 2,30%.

A aposta dos economistas para o saldo da balança comercial no ano corrente ficou em US$ 2 bilhões. E para o próximo ano, ficou em US$ 9,25 bilhões. Para as transações correntes, (todas as operações do Brasil com o exterior), a previsão de déficit permaneceu em US$ 79 bilhões. Para 2014, a previsão ficou em déficit de US$ 77 bilhões.

A projeção para o Investimento Estrangeiro Direto (IED) de 2013 e de 2014 (importante indicador de investimento na economia) permaneceu em US$ 60 bilhões.

A agência de classificação Moody's reduziu na quarta-feira a perspectiva de crédito do Brasil para "estável", ante "positiva", citando o fraco crescimento da economia brasileira.

Top 5

Os analistas Top 5 - aqueles que mais acertam as projeções no Focus - mantiveram as projeções para o IPCA em 2013 (5,80%) e 2014 (6,17%) e também a estimativa para a Selic em 2013 (em 10,0%). Eles elevaram a projeção para o juro de 10,13% para 10,50% ao fim de 2014. As projeções são medianas de médio prazo.