Economia

Ao descer na conexão, voo entre Rio e São Paulo fica 61% mais barato

Bilhete Santos Dumont-Congonhas-Ribeirão Preto sai por R$ 292, contra R$ 760 da ponte aérea tradicional
Aeroporto Santos Dumont Foto: Pablo Jacob / O Globo
Aeroporto Santos Dumont Foto: Pablo Jacob / O Globo

BRASÍLIA - Passageiros estão economizando até 61% nas passagens nos voos Rio-São Paulo, ao comprar bilhetes para trechos mais longos do que o da ponte aérea Santos Dumont-Congonhas (SP). Uma passagem da TAM do Rio a Ribeirão Preto para terça-feira estava à venda, na semana passada, por R$ 292. A passagem inclui conexão em Congonhas, sendo que o bilhete do voo direto Rio-São Paulo, na mesma data, não saía por menos de R$ 760.

No sentido inverso, de Congonhas a Santos Dumont, o mesmo ocorre em passagens para o dia 27 de novembro em voos da Gol. Quem comprasse na última quarta-feira pela internet bilhetes para voos de Congonhas a Santos Dumont não pagava menos de R$ 323,90. Já o voo Congonhas-Vitória, com escala no Santos Dumont, custava R$ 234,90, quase 30% menos. Há distorções similares quando o passageiro sai do Santos Dumont via Congonhas até Curitiba (caso da Gol) ou do Rio até Campo Grande, via Congonhas (TAM), mas as vantagens não são regra para todos os dias e são mais encontradas em datas mais próximas.

Um passageiro da ponte aérea que viaja uma vez por mês e não quis se identificar diz que usa o artifício com frequência. Ele ressalva que a estratégia só vale para quem não despacha bagagem, mas conta que nunca teve problemas em descer no aeroporto onde deveria fazer apenas a conexão.

Aéreas levam em conta variáveis para fixar preços

Procuradas para explicar as distorções nos preços ofertados nos sites, as maiores companhias aéreas informam que seus sistemas de vendas têm diversas variáveis, como demanda, antecipação da compra e horário do voo, que acabam definindo o valor do bilhete. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o passageiro pode descer em uma escala ou conexão e não completar o voo pelo qual pagou. Ele não será multado pela companhia aérea por isso, embora perca o direito ao ressarcimento pelo trecho não voado.

— Essas distorções são provas de que pode haver excessos das companhias aéreas na cobrança de passagens — diz Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.

A TAM destacou que o posicionamento competitivo da empresa também é levado em conta, o que pode oferecer estímulos ou desestímulos para um eventual turista de lazer optar por um certo destino.

Um elemento que afeta a demanda dos voos é o perfil do passageiro. O voo de Rio a São Paulo é mais ocupado por quem voa a trabalho, com menos flexibilidade de horários, enquanto que um voo até Ribeirão Preto tende a ser mais frequentado por turistas de lazer, que também costumam pechinchar mais. Daí a variável de preço para quem sai do Santos Dumont.

Fórmulas das companhias

Em uma apresentação sobre seu modelo de tarifas, a Gol informa que busca “vender o produto certo, para o cliente certo, ao preço certo, no momento certo”. Segundo a Gol, a receita com voos resulta de uma função entre o número de assentos ocupados nas aeronaves e o preço pelo qual eles são vendidos.

Em nota, a TAM informa que o mecanismo de fixação dos preços é o “mesmo adotado desde que se instituiu a liberdade tarifária no setor aéreo brasileiro, em 2002, e, de lá para cá, possibilitou redução significativa dos preços das passagens”.

A Anac informa que, no primeiro semestre, a maioria das passagens comercializadas correspondeu a valores inferiores a R$ 300 e apenas 0,36% foram vendidos por mais de R$ 1.500