Usuários do transporte público do Distrito Federal atiraram pedras e paus e atearam fogo em ônibus estacionados na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, no início da noite desta segunda-feira (24). Os manifestantes também depredaram objetos e equipamentos do terminal. Pelo menos dois ônibus foram incendiados, segundo o Corpo de Bombeiros.
A Polícia Militar não confirma o número de veículos depredados. Os bombeiros informaram que 32 pessoas ficaram feridas e foram atendidas, nenhuma em estado grave, entre elas sete policiais militares. Cinco dos feridos foram levados ao Hospital de Base de Brasília e ao Hran. Os ferimentos foram causados por pauladas e pedradas. Os bombeiros informaram que algumas pessoas apresentaram pressão alta.
O ato aconteceu depois que cerca de 600 motoristas fizeram um bloqueio na rodoviária. Os trabalhadores temem perder os empregos com as mudanças no sistema de transporte público no DF.
O bloqueio teve início por volta das 15h. A depredação começou às 19h. Manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar, que chegou a jogar bombas de gás lacrimogêneo. Participantes do protestam tentaram invadir as lojas que foram fechadas. Pelo menos duas pessoas foram presas, segundo a PM, por vandalismo.
Os manifestantes chegaram a tentar virar um dos ônibus. Eles quebraram diversos vidros dos veículos. O cinegrafista da TV Globo Paulo Ozanan foi atingido por uma pedra e precisou de atendimento médico. Ele foi levado inconsciente para o Hospital de Base de Brasília, onde passou por exames.
O sindicato da categoria disse que o bloqueio foi feito pelos empresários das companhias que não vão mais operar no transporte público do DF. "Quem está por trás [da paralisação] são pessoas ligadas às empresas que perderam a licitação e que têm interesses escusos que não defendem a classe", afirmou o presidente do sindicato, João Osório da Silva.
O governo informou que a maior parte dos motoristas será recontratada pelas novas empresas. “Eu tenho uma convicção muito grande que quase todo contingente será reaproveitado”, disse o vice-governador, Tadeu Filipelli.
A manifestação acontece quatro dias antes de entrarem em operação os 50 primeiros ônibus das empresas que venceram a licitação do transporte público no DF. No meio da tarde, alguns motoristas disseram que só iriam liberar a rodoviária se o governo abrisse negociação.
A paralisação começou às 15h. Cerca de 8 mil rodoviários trabalham para os grupos Amaral, Canhedo e Riacho Grande, que não vão mais operar no transporte do DF. Os motoristas também pedem transparência na licitação do transporte e regulamentação da profissão de rodoviário.
em Brasília, esperam fim de tumulto para poder
voltar para casa (Foto: Isabella Formiga/G1)
Com a interdição, a volta para casa está complicada no terminal. As linhas de metrôs estavam mais lotadas que o habitual. Moradores de regiões como Planaltina e Sobradinho, onde o Metrô-DF não opera, estavam sem opção de transporte público para voltar pra casa.
Vera Regina Pereira, de Samambaia, é deficiente visual. Ela e outros dois amigos, também deficientes visuais, disseram que temiam por não conseguir retornar para casa. "Nao sabemos como vamos chegar a nossa casa em samambaia Sul. Estamos muito assustados", disse Vera.
Os ônibus voltaram a operar por volta das 19h40. A Polícia Militar permanecia no local, para evitar novos protestos violentos.