Economia

Mantega: Brasil é boa aposta para investidor ‘ganhar dinheiro’

Para ministro, decisão do Fed ajudará na retomada global

NOVA YORK. O Brasil é um dos poucos lugares do mundo onde investidores internacionais podem ganhar dinheiro com projetos de longo prazo e bom retorno, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, após participar de almoço organizado pelo Bank of America Merrill Lynch, em Nova York. O Brasil, disse ele, também ganhará muito com isso: cada R$ 1 milhão aplicado em infraestrutura deverá gerar entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões em riquezas para o país, tornando este tipo de investimento o motor da economia brasileira nos próximos anos.

- Estamos convidando investidores estrangeiros e brasileiros a participarem das concessões brasileiros. O investimento em infraestrutura será o efeito dinamizador da economia brasileira nas próximas décadas, não tenho dúvida, vai puxar a economia, vai reduzir custos, vai dar competitividade e produtividade. É um volume muito expressivo de concessões, o que requer financiamento para viabilizá-lo. Certamente o Brasil não faz sozinho, só pode fazer com parceiros, nacionais e estrangeiros - afirmou o ministro.

Participaram do encontro cerca de 20 gestores de alto escalão dos peso-pesados do mercado financeiro americano, que, juntos, administram US$ 10 trilhões em ativos, afirmou Alexandre Bettamio, presidente para a América Latina do BofA. Mantega disse que a recepção aos projetos tem sido boa, o que abre um novo caminho para o financiamento de obras públicas no Brasil, hoje concentrado nos bancos federais, como o BNDES:

- Os bancos privados estão demonstrando interesse em participar do financiamento, o que é uma novidade, um avanço no Brasil, pois, até pouco tempo atrás, você falar de um financiamento de 25, 30 anos era inexequível. Era uma ilusão. Então, estamos tornando possível o financiamento de projetos longos, com o setor privado.

O ministro reconheceu que é preciso que os modelos de concessão sejam claros, para não afastar investidores, e que o governo “tem que se esforçar na comunicação sobre as regras”, pois os programas representam investimentos de longo prazo. Ele defendeu que os ajustes vêm sendo feitos, com a contribuição do próprio setor privado.

Quatro novas rodovias serão postas em concessão no curto prazo, disse Mantega, assim como será encerrada a modelagem de ferrovias. O setor de petróleo e gás e o aéreo serão outros polos de atração de investimentos.

- Eu sinto interesse dos investidores privados em participar. Hoje, o Brasil é dos poucos países que oferecem possibilidade de ganhar dinheiro fazendo investimento, não é a primeira vez que ouço dizer isso, está difícil, mesmo se você pegar nos outros Brics, de você conseguir ganhar, ter rentabilidade, fazendo operações desta natureza. Nós não estamos falando em operação financeira só, estamos falando de concessão - disse Mantega.

O ministro lembrou que, na modelagem das concessões, entre 60% e 70% do empreendimento serão financiados, mas de 30% a 40% poderão ser “pagos” com investimento, ou seja, o financiador dá o dinheiro em troca de participação no negócio ( private equity ). Por isso o encontro com fundos americanos são estratégicos para os projetos brasileiros em andamento e sob planejamento.

Mantega reafirmou ainda que a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de manter o programa de estímulo monetário afastou incertezas do mercado e do planejamento do setor produtivo:

- Diminui a volatilidade e a turbulência na medida em que o Fed tornou mais claro o que pretende fazer. A desativação será mais lenta, porque a economia americana não está crescendo tanto. Isso deu uma acalmada no mercado, é bom pra todo mundo, não só o Brasil, todos os emergentes. Tivemos estabilidade melhor no câmbio e isso cria condições melhores para os negócios. Porque eu acho que o câmbio volátil e naqueles patamares atrapalhava os negócios. Os IPOs (ofertas públicas iniciais, na sigla em inglês) do primeiro semestre, em preparação, pararam, o pessoal falou: ih, não vai dar, qual é meu custo? A tomada de crédito em dólar, também não toma pois não sabe onde vai parar. Isso paralisa um pouco a economia. E se isso voltar à normalidade, será muito bom, ajudará na recuperação da economia mundial.