Economia

Gasto de 51% das famílias foi maior que o ganho em 2012

Em 2011, o percentual era de 52%. Para este ano, previsão é de manutenção dos 51%, por causa da inflação e dos novos hábitos de consumo das classes D e E

SÃO PAULO — Pelo menos 51% das famílias brasileiras gastaram mais do que ganharam em 2012 no Brasil. Em 2011, o percentual era um pouco maior, de 52%. Para este ano, no entanto, a previsão é de manutenção dos 51%, por causa da inflação e dos novos hábitos de consumo das classes D e E. Os dados são de estudo divulgado na tarde desta terça-feira pela Kantar Worldpanel e foram obtidos a partir de visitas semanais em 8.200 lares.

Os lares do Rio e da Grande Rio de Janeiro são os mais endividados do país, com gastos 11% superiores aos ganhos. Já o interior de São Paulo está na outra ponta, com gastos 11% inferiores aos ganhos.

— Historicamente o Rio aparece como o local com maior nível de endividamento. É difícil encontrar uma razão técnica para explicar, é algo histórico —disse Christine Pereira, diretora comercial da Kantar.

A pesquisa mapeia os hábitos de consumo em todas as classes sociais e regiões do país. Uma das principais constatações é que, mesmo com a inflação, que elevou em 11% o valor médio gasto no primeiro semestre deste ano, o volume comercializado cresceu 2% no mesmo período. Em 2012, essa relação foi de diminuição de 1% no volume e 5% de aumento nos preços. Em 2009, com a inflação no centro da meta determinada pelo Banco Central (de 4,5%), a alta no volume vendido foi de 17% contra um aumento de preços de 13%.

— O desafio agora é arcar com todos os gastos — afirmou Margareth Utimura, diretora de conta da Kantar.

O levantamento mostra ainda que as categorias que tiveram maior crescimento na contribuição dos gastos familiares no ano passado foram alimentação e bebida dentro de casa, transporte (por conta da parcela do financiamento do carro), vestuário, educação e serviços financeiros.

A entrada de produtos que antes eram considerados supérfluos nas classes D e E não são mais cortados das listas de compras. Entre os itens estão creme de leite, extrato de tomate, leite em pó, cremes e loções, entre outros.

— As classes mais baixas se acostumaram a consumir determinado produtos que, mesmo com aumento de preço ou com a renda mensal apertada, continuam sendo adquiridos — explicou Christine.