21/08/2014 10h47 - Atualizado em 21/08/2014 11h35

Suzane diz que pedido foi contra sua vontade, e Justiça barra semiaberto

Decisão é da mesma juíza que havia concedido o benefício a ela.
Advogado Denivaldo Barni foi destituído da defesa de Suzane.

Carlos Santos e Renato FerezimDo G1 Vale do Paraíba e Região

Suzane Von Richthofen foi condenada pela morte dos pais. (Foto:  Arquivo: Reprodução/TV Globo)Suzane Von Richthofen foi condenada pela morte
dos pais. (Foto: Arquivo: Reprodução/TV Globo)

A Justiça revogou a decisão que concedia o benefício do regime semiaberto a Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão por matar os pais em 2002, após a detenta alegar que teme por sua liberdade e que o pedido de progressão de regime foi feito por seu advogado de defesa contra sua vontade.

A suspensão do benefício foi decidida nesta quarta-feira (20) pela juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté, após uma audiência com Suzane no fórum.

A audiência foi motivada pelo pedido da detenta de permanecer no regime fechado até o término da construção da ala de semiaberto, que está sendo feita na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, a P1 feminina, onde cumpre pena. O motivo alegado por ela é de que pretendia continuar o trabalho na oficina da Funap, pois necessita do salário das atividades e da remição, que é a diminuição da pena com base em dias trabalhados. A cada três dias trabalhados, ela reduz um dia da pena.

O fato chamou a atenção da juíza por ser diferente do que vinha sendo defendido e pedido pelo advogado de Suzane, Denivaldo Barni, que chegou a anunciar a intenção de empregá-la em seu escritório logo após a divulgação da decisão que previa a progressão de regime para ela.

No fórum, a detenta informou a juíza que não gostaria mais de ser representada por Barni que, segundo ela, não passa informações do processo a ela e que o pedido de progressão de regime foi feito contra sua vontade.

Com isso, a juíza Sueli Zeraik determinou a revogação da decisão que previa a progressão de regime para Suzane e destituiu o advogado Denivaldo Barni da defesa dela, que passa a ser representada pela Defensoria Pública.

"Diante do teor das declarações prestadas pela sentenciada nesta data, dando conta de que por temer por sua vida não tinha interesse na progressão de regime no momento, tendo sido tal postulação levada a efeito por seu advogado à revelia e até mesmo contra sua vontade, torno sem efeito a decisão que progrediu para o regime intermediário de cumprimento de pena, mantendo-a na situação em que se encontrava antes", diz trecho da decisão.

O G1 tentou contato com o advogado Denivaldo Barni para comentar o caso, mas ele não foi localizado até a publicação da reportagem.

Progressão
A decisão que passava Suzane do regime fechado para o semiaberto era da mesma juíza que determinou a revogação. O bom comportamento e o tempo em que a detenta permaneceu presa em regime fechado foram considerados na decisão. O pedido era feito desde 2009 pelo advogado dela.

Suzane von Richthofen, de 30 anos, cumpre pena na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier. O presídio abriga outras detentas que participaram de casos com grande repercussão na mídia como Elize Matsunaga e Anna Carolina Jatobá.

Na época do crime, em 2002, Daniel Cravinhos era namorado de Suzane, com quem planejou o assassinato dos pais dela. O crime aconteceu na casa da família dela, na zona sul de São Paulo. Manfred e Marísia Richthofen eram contra o namoro da filha com Daniel Cravinhos.

Além de poder trabalhar durante o dia e só voltar para dormir no presídio, os detentos em regime semiaberto têm direito a cinco saídas temporárias no ano - Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dias das Crianças e nas festas de fim de ano. Mesmo no regime, todas os benefícios devem ser autorizados pela Justiça próximo à data. Em caso de mau comportamento, o benefício pode ser suspenso.