Pela primeira vez o Joinville terminou uma partida com maior
posse de bola, de 55%, mas ainda não conseguiu o primeiro triunfo na Série A do
Campeonato Brasileiro. O dado, para o técnico Hemerson Maria, foi inócuo, de
pouco valeu, porque não foi aproveitado para acabar com o principal problema da
equipe neste começo de competição: a efetividade, ter mais finalizações. O
treinador apontou novamente para isso após o revés por 2 a 1 para o
Atlético-PR. (Confira os melhores momentos do embate no vídeo abaixo)
- Um campeonato como a Série A tem muita dificuldade. As
equipes dão espaço para jogar, mas têm compactação muito forte, com as linhas
próximas e marcam bem os seus jogadores. Tivemos muita dificuldade para furar o
bloqueio. Estamos saindo da fase 1 (defesa), chegamos até o setor de criação e
não avançamos à fase 3, que é a finalização da jogada. Temos muita dificuldade
nisso, é um ponto para trabalhar e corrigir. Temos que ser mais agressivos e
para isso estamos mudando jogadores, a forma de jogar e não fomos efetivos
ainda. Tem que olhar as peças no grupo, encorajar os atletas. A solução para o
Joinville está dentro do elenco. Cabe a mim achar a solução, é minha
responsabilidade, e vamos achar – disse o comandante, que fez cinco alterações da
derrota para o São Paulo, na rodada passada, para este jogo.
Ainda no início da entrevista coletiva após a partida, na nova
sala de imprensa na Arena Joinville, Hemerson Maria deixou de lado o fim de uma
invencibilidade e tanto. O JEC não perdia jogando em casa há 10 meses. Depois
de sofrer o gol de abertura de placar em falha bisonha do volante Renato, que
fez sua estreia pelo clube, a equipe sofreu o segundo três minutos depois.
Tento que seria o da vitória dos paranaenses e que aniquilou o plano tricolor
para o confronto.
- Mais que números, o que mais preso é o resultado do
Joinville. No primeiro tempo não criamos uma situação concreta de finalizar em
um jogo que estava sob controle. A gente tentava tomar as ações e eles ficaram esperando
o erro, o que aconteceu. O segundo gol atrapalhou o plano tático, tivemos que
mudar para ter postura uma agressiva, e não ter tanto a posse como tínhamos,
para tentar a igualdade. Até o segundo gol o Joinville tinha mais posse e não
conseguimos ser efetivos para finalizar. No segundo tempo, com as alterações, o
meio ficou mais aberto, quase num 4-2-4. Não surtiu o efeito, porque chegamos
mais no abafa, não trabalhamos as jogadas, e o Atlético-PR administrou o
resultado. Não fomos bem, acredito que até o gol do Atlético-PR conseguimos ter
uma agressividade na marcação, um domínio territorial no meio de campo, mas com
muita dificuldade de chegar ao gol adversário. Vamos lamber feridas, levantar a
cabeça, trabalhar e preparar uma equipe forte para ir em Chapecó conseguir a
primeira vitória. Assim a confiança aparece para a gente seguir na competição - descreveu o treinador, que suspeita de
impedimento não assinalado no segundo gol dos visitantes.
O próximo jogo do JEC é às 19h30 de quarta-feira, contra a
Chapecoense, na Arena Condá. O Joinville faz dois treinamentos no CT Morro do
Meio. O apronto para a partida ocorre no Oeste.
Veja os principais pontos da
coletiva do treinador:
Avaliação
- O primeiro gol foi fruto de um erro individual. Não tem
como prever que um atleta vai falhar. Não tem nada o que fazer para preencher a lacuna
por erro individual. Mas perdemos no coletivo e não por jogador. O primeiro
tempo não teve tanta dificuldade, com o giro da bola erramos poucos passes até os 29
do primeiro tempo (primeiro gol do adversário). Depois do primeiro e do segundo
teve um descontrole. Tivemos que expor a defesa com a entrada do Rafael Costa
(na vaga de Naldo). Porém, ele e o Jael não têm característica de marcar, os volantes
ficaram expostos, e os zagueiros também em alguns momentos, e o Atlético-PR
conseguiu aproveitar. Fizemos um gol e não conseguimos produzir o suficiente para
superar e chegar igualdade, numa placar que pudéssemos valorizar.
Saídas de Kempes e Marcelo Costa da equipe
- O Kempes vinha executando uma função importante. Ele preenche
espaço e não deixa nossos volantes tão expostos. Mas individualmente ele não
vinha tendo boas atuações na minha avaliação. Tenho o Jael e o Rafael Costa,
tenho oportunizar estes jogadores. Pela maneira de jogar para estar partida,
precisa ser mais intenso na marcação para encostarem no Jael. Precisava de
agressividade e dar liberdade ao Marcelinho Paraíba e ao Tiago Luís. Funcionou
até determinado ponto. O Marcelo Costa não tem tanta intensidade de marcação.
Popp e Saci nem no banco
- Conversei com o (William) Popp, não é uma desobediência, e
algumas tarefas que dei ele não corrigiu. O Ítalo (entrou no segundo tempo)
chegou a ser titular, o Niltinho (também entrou no segundo tempo) chegou e
executa bem a função de lado. Não está descartado o Popp, teve um crescimento
muito grande, mas não estava executado as tarefas. O Saci vem exercendo mais a
função de volante, e não tinha necessidade nesta partida. Poderia fazer a recomposição
com quem vem atuando.
Montagem da equipe
- É um quebra-cabeça, tem que saber equilibrar. O Joinville foi
um time que corria poucos riscos até então. Tem que ter tranquilidade e
corrigir as falhas. A equipe equilibrada tem sistema sólido, eficiência e posse
de bola, assim individualidades aparecem sobre o coletivo. Temos que adequar o elenco
ao sistema tático. Vamos achar uma melhor maneira de jogar, há preocupação da
minha parte. Não durmo direito. Mas precisa de tranquilidade para achar a
maneira de jogar, e vamos conseguir.
Posse de bola de 55%
- A posse de bola tem sido num setor que não agride o
adversário, precisa ter mais posse na zona de criação. Se feita uma análise, a
posse ficou mais no pé dos zagueiros, laterais e volantes. Natural que seja
assim ante uma equipe que te dá espaço. A bola passa por eles. Quando se tem
esse espaço precisa furar a marcação, aí entra a parte individual mais refinada.
Tentamos fazer isso até os 29 minutos e depois que tomamos os dois gols. Da maneira
que tomamos, acaba como uma balde de água fria, o jogador abaixa a cabeça. No
segundo tempo tentamos reagir, foi válido, embora de forma desorganizada. Não conseguimos
nos organizar para atacar, foi mais na raça e não conseguimos fazer com consciência,
era mais individualidade e na casualidade. Assim não vai furar defesa. Tem que
trabalhar a bola, esperar a paciência, e ser efetivo e forte no ataque. Vamos
trabalhar, conversar. O grupo funciona bem, vamos lamber as feridas, perdemos uma
invencibilidade que há tempos perdurava. Depois daquela derrota para o Avaí
foram 20 poucas partidas sem perder. Vamos começar a reconstruir isso e fazer uma
campanha para ir num lugar mais alto na tábua de classificação.
Soluções
- O sangue está quente ainda. Fico triste pelo resultado,
espera a vitória, a gente ganharia posições. Trabalhamos a semana e agora não
tem como falar de solução. Tem que ir para casa, esfriar a cabeça, ver o jogo.
Temos três trabalhos para jogo em Chapecó. A solução está no grupo, temos um leque de
opções, cabe a mim, ao Hemerson, responsável pela equipe, de encaixar o
quebra-cabeça para que a equipe seja agressiva, forte na marcação. Cabe a mim,
gosto disso, e não me entrego ao desafio.
Confira mais notícias do esporte de Santa Catarina no GloboEsporte.com/sc