Tempo

Maconha virou fé: Estados Unidos legalizam 'Primeira Igreja do Cannabis'

Maconha virou fé: Estados Unidos legalizam 'Primeira Igreja do Cannabis'

Religião foi reconhecida por Indiana e tem até isenção fiscal, resultado de polêmica lei assinada pelo governador Mike Pence

REDAÇÃO ÉPOCA
01/06/2015 - 16h58 - Atualizado 01/06/2015 17h01
Jovem segura muda de cannabis produzida em sua casa, em Montevidéu, no Uruguai. Texto aprovado pela Câmara dos Deputados prevê o cultivo, distribuição e comércio da droga sob regulação do Estado (Foto: AP Photo/Matilde Campodonico)

Foi inaugurada no estado de Indiana, nos Estados Unidos, a Primeira Igreja do Cannabis – sim, maconha virou fé. A religião foi fundada por Bill Levin, é baseada em “amor e compreensão com compaixão por todos” e tem na erva seu “sacramento”. Parece piada? Não para a Secretaria do Estado de Indiana, que aprovou o registro e lhe deu até isenção fiscal, bem como uma religião convencional.

A legitimidade da igreja da maconha foi justificada por uma lei assinada na terça-feira passada (26) pelo governador de Indiana, Mike Pence. O Ato de Restauração da Liberdade Religiosa assegura aos cidadãos o direito de exercer crenças religiosas sem que sejam vítimas de processos na Justiça. A princípio, a briga se deu entre gays e conservadores, pois esta lei dá direito de discriminar homosexuais com base na fé sem que se arque com consequências jurídicas. Enquanto o governador levava adiante a polêmica com Tim Cook, CEO da Apple assumidamente gay, e Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia, entre tantos outras figuras contrárias ao ato, Levin agilizou a criação de sua nova religião.

>> Mr. Catra: “Para cada criança infratora deveria ter um governante na cadeia”

Na primeira semana, Levin, autointitulado "ministro do Amor", divulgou por meio de página no Facebook – que já tem 33 mil fãs – a lista de 12 mandamentos da Primeira Igreja do Cannabis. “Ria mais, compartilhe humor”, “Não seja um troll na internet” e “Gaste pelo menos dez minutos por dia contemplando a vida em um espaço silencioso” são algumas das regras desta fé alternativa.

Apesar do registro da religião, compra e venda de maconha continuam proibidas no estado de Indiana. Por isso a igreja prega que a erva seja plantada e compartilhada. Ela também tem seu “dízimo”, e até esta segunda (1º) já tinham sido levantados US$ 10,8 mil por meio de 634 doações. O dinheiro será usado para alugar um espaço físico para os rituais, de acordo com Levin, e duas opções de prédios já estão sendo estudadas: uma menor, com 200 lugares, outra maior, porém sem parte do telhado. “Estamos fazendo o melhor para oferecer à nossa congregação o melhor lugar possível”, escreveu o "ministro do Amor" no Facebook. “Eu amo todos vocês”.

>> Coluna do Walcyr Carrasco: A droga e seu filho

O caso, como era de se esperar, repertuciu em vários dos principais veículos do mundo: Forbes, Time, Washington Post, USA Today. Todos veem na Primeira Igreja do Cannabis o desafio real para os planos do governador de Indiana. Até segunda ordem, nada muda: a religião terá seu primeiro dia oficial de atividade em 1º de julho, daqui a um mês, exatamente no mesmo dia em que o Ato de Restauração da Liberdade Religiosa começa a valer.








especiais