As últimas semanas de 2014 foram marcadas por protestos de jogadores contra a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), depois da denúncias de irregularidades na gestão da entidade. 2015 chegou, e as manifestações cessaram. Os ânimos parecem ter se acalmado após a realização de uma reunião
ainda nos últimos dias do ano passado, em São Paulo, na qual estiveram presentes dirigentes
da CBV, jogadores, técnicos e diretores de clubes. Os cartolas que comandam o
vôlei brasileiro prometeram que os atletas passarão a ter participação ativa na
administração da entidade. Aos presentes, a CBV assegurou que iria recuperar o
patrocínio do Banco do Brasil – algo que ficou mais perto de acontecer nesta quarta-feira –, suspenso em
dezembro após a divulgação de que R$ 30 milhões provenientes do acordo teriam sido desviados pela CBV
entre 2010 e 2013. Também foi sinalizada a contratação de um CEO, sigla que vem do inglês e denomina o profissional presente que atua como diretor executivo nas maiores
empresas ao redor do mundo
- Os
protestos funcionaram, talvez eles tenham ficado assustados. Precisávamos
resgatar a honra do vôlei e por isso pensamos nos protestos. O que a gente
esperava era essa resposta de que eles estão mesmo correndo atrás,
principalmente do relatório da CGU e das imposições do banco. Fomos chamados
para uma reunião secreta na qual eles pediram para a gente não ficar atirando
pedras, para ajudar a resolver as coisas. A partir de agora, alguns jogadores
vão participar de reuniões e assembleias. Nós questionamos muitas coisas, durante
duas horas, e recebemos garantias de que as exigências da Controladoria-Geral
da União (CGU) estão sendo seguidas pela CBV. Vamos dar um voto de confiança
para a CBV. Eles garantiram que vão fazer tudo para recuperar o dinheiro
desviado - afirmou o ponteiro Murilo, do Sesi-SP e da seleção.
- Murilo enfrenta cartolas em luta por futuro do vôlei: "Escolhi o lado certo"
- Com faixa preta, Fabiana puxa protesto contra irregularidades na CBV
- Desistência de sediar Liga Mundial pode render multa e suspensão à CBV
- "Quem tiver de pagar, que devolva o dinheiro ou seja preso", cobra Lucarelli
- Atletas e ex-atletas do vôlei se unem em rede social e publicam protesto
- Bicampeã olímpica, Sheilla é mais uma vez a fazer coro contra a CBV
- Banco do Brasil suspende patrocínio à CBV por causa de irregularidades
Líder dos
jogadores, Murilo disse que a contratação de um CEO para dirigir a CBV foi um
dos pontos que mais deixaram satisfeitos os membros da reunião.
- Uma das
garantias que a gente mais aprovou foi a contratação de um CEO, alguém que vá
trabalhar para a CBV, um executivo. Estão correndo atrás e essa vai ser uma
medida bem expressiva. Todos vão apoiar. Nós precisamos dar esse voto de
confiança. Se ficar só batendo não vai resolver da noite para o dia. Nós
sabemos que temos uma força grande agora para cobrar resultados e respostas. E
agora, com atletas lá dentro, vamos ter respostas mais rápidas, porque nós
jogadores vamos ficar sabendo tudo que está acontecendo lá dentro.
Questionada
sobre o teor da reunião, a CBV disse que estuda criar um comitê formado por jogadores que tenha ligação com a diretoria da entidade. Cabe aos atletas determinar quem serão os seus
representantes. A decisão ainda não foi informada, mas serão escolhidos esportistas
na ativa e já aposentados.
- A proposta da CBV é criar um comitê de apoio ao
conselho diretor, com participação de atletas. Estatutariamente e por força de
lei, os atletas já possuem lugar e voto nas assembleias desde o ano passado - disse
a CBV, através da sua assessoria de imprensa.
A entidade também comunicou que está recebendo uma
consultoria da conceituada Fundação Getúlio Vargas para encontrar soluções que
melhorem a sua administração. A contratação de um CEO é uma das propostas a
serem analisadas pela diretoria da CBV.