18/12/2014 05h10 - Atualizado em 18/12/2014 05h10

MP apura morte de menina no DF por suposta falta de atendimento médico

Criança de 7 anos relatou fortes dores na barriga e na garganta.
Família foi ao hospital e acionou Samu; secretaria diz não ter registro.

Do G1 DF

A menina Yasmin Monteiro, que morreu em Brasília após reclamar de dores na barriga e na garganta (Foto: Francisco Evaldo Nascimento/Arquivo Pessoal)A menina Yasmin Monteiro, que morreu em Brasília
após reclamar de dores na barriga e na garganta
(Foto: Francisco Nascimento/Arquivo Pessoal)

O Ministério Público instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte de uma menina de 7 anos que, relatando fortes dores na barriga e na garganta, não teria recebido atendimento de plantonistas do Hospital Regional de Ceilândia, no Distrito Federal, e do Samu. A família diz que levou a criança ao local e ouviu que deveria procurar outra unidade, porque não havia médico. A Secretaria de Saúde afirma não ter registro da chegada da garota ao local. O caso também é analisado pela Polícia Civil.

De acordo com a família, Yasmin da Silva Monteiro começou a reclamar de dores na madrugada do dia 8 de dezembro. A mãe a levou ao hospital, mas chegando ao local ouviu que não havia médico e voltou para casa. À noite, ao chegar em casa e ver a menina voltar a passa mal, o padrasto ligou para o Samu, mas ouviu que o caso não era urgente. A criança morreu horas depois em um hospital particular.

“Há suspeita de que a falta de atendimento inicial pelo Hospital Regional de Ceilândia e também pelo Samu pode ter contribuído para o agravamento do quadro de saúde e consequente óbito da menor, por isso são necessários esclarecimentos complementares”, explicou o promotor Thiago Gomide Aldes.

Entenda o caso
“Minha princesinha começou a sentir dor, um incômodo no estômago dela. Minha esposa a levou ao hospital por volta das 15h. Não veio um médico, uma enfermeira ao menos para dizer que não tinha médico. Não viram cara de médico nem de enfermeiro para dar informação. Foram os próprios pacientes que disseram que não tinha pediatra e [nos] recomendaram ir a Taguatinga”, contou o ajudante de eletricista Francisco Nascimento.

Temendo encontrar a mesma situação em outro hospital, a mulher decidiu voltar com a criança para casa e ligar para a mãe de uma colega de escola de Yasmin, que é médica. A profissional indicou um remédio para a menina, que se recusou a tomá-lo dizendo que sentia dor quando tentava engolir qualquer coisa. Ela só aceitou fazer gargarejo com chá de romã, para avaliar o desconforto na garganta.

“Aí minha mulher me ligou no trabalho e disse para eu ir direto para casa, que a bichinha não estava bem, estava doente, dodói da barriguinha”, lembra, emocionado, o padrasto. “Eu peguei o metrô na rodoviária [do Plano Piloto] e fui. Ela estava bem fraquinha, incomodada.”

Nascimento diz que o casal tentou acalmar Yasmin, mas que por volta de meia-noite ela bateu na porta do quarto e relatou dor intensa. O homem ligou então para o Samu falando da situação da garota e ouviu do médico que aquele não era o caso de ambulância.

“Quando ele atendeu o telefone, disse que era coisa simples e falou que não valia mandar uma ambulância para aqui só por isso. Não quis nem passar o nome dele. Precisei chamar meu vizinho”, afirma.

Segundo a Secretaria de Saúde, o ajudante de eletricista se limitou a dizer ao profissional que a menina tinha dores abdominais e que, por isso, foi orientado a procurar o hospital.Yasmin foi levada para um hospital particular de Ceilândia e morreu poucas horas depois. Segundo médicos, ela sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.

Em nota, a Secretaria de Saúde disse que havia um pediatra de plantão no horário em que a família diz que levou a menina ao hospital e que 20 crianças foram atendidas no período. "A pasta esclarece que o primeiro atendimento realizado pelo Samu foi realizado de acordo com as informações e sintomas repassados pelos pais da paciente", declarou. A secretaria não respondeu se também vai apurar a situação.

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