“Terminou a luta. Agora vai começar a guerra”. A frase dita
por um dos integrantes da Chapa Ouro minutos após o término da apuração mostra
que a nova diretoria do Botafogo não teve tempo de comemorar. Até porque nas 12
horas de votação foi executada uma verdadeira tática de guerra para ganhar
votos e superar a Chapa Azul, encabeçada pelo novato Thiago Cesário Alvim, mas
dominada por nomes fortes da política alvinegra. Durante toda a última
terça-feira o espírito dos vencedores foi de otimismo, mas em certo momento
passou por apreensão em relação ao resultado e, por fim, muita preocupação com o trabalho que se inicia nesta
quarta.
Carlos Eduardo e a Chapa Ouro foram eleitos com 442 dos 1.225 votos, 95 a mais do que a Chapa Azul, segunda colocada. A partir de agora, o grupo que representava a mais ferrenha oposição a Maurício Assumpção no Conselho Deliberativo passará a responder pelo futuro do Botafogo.
Embora tenha sido eleita para trabalhar fora de campo,
pode-se dizer que a Chapa Ouro deu um nó tático em seu principal rival. Anderson
Simões, um dos homens de frente do grupo de Carlos Eduardo Pereira, esteve
praticamente todo o dia lado a lado com o adversário Carlos Augusto Montenegro no lado de
fora do casarão de General Severiano. Sempre em clima de cordialidade, ele
passou quase todo o tempo conversando com o ex-presidente, principalmente
quando era grande o fluxo de eleitores na sede. Assim, minimizou a atuação de
um ícone da política alvinegra como cabo eleitoral da Chapa Azul. Os dois
almoçaram juntos, ao lado de outros integrantes das eleições, e à noite, quando
o novo presidente estava praticamente decretado, trocaram ideias sobre os rumos
da administração do clube, em clima de cooperação.
Ao longo do dia, Carlos Eduardo se movimentou por toda a
sede, conversando com eleitores, jornalistas e torcedores. Foi apresentado a
integrantes de torcidas organizadas que apoiavam a Chapa Azul e prometeu lutar
por ingressos populares. Deixou claro que a prioridade é encher o Engenhão no
maior número possível de jogos, ressaltando que esse é um fator que deve ser
mais importante do que rendas mais polpudas.
Enquanto isso, alguns de seus companheiros de chapa ficavam em
alvoroço com a chegada de quatro mulheres contratadas para reforçar a
panfletagem do partido em General Severiano. Com camisas decotadas e calças
coladas, elas chamaram a atenção e foram posicionadas do lado de dentro do
clube. Mas logo a estratégia precisou ser modificada por conta da implicância
de Rose, mulher de Carlos Eduardo Pereira.
- Eu vou sair de perto antes que sobre pra mim. A Rose é
braba - brincou um integrante da Chapa Ouro.
Não deu outra: as meninas passaram a atuar do lado de fora
da sede do Botafogo, mesmo que ainda atraindo os olhares daqueles que circulavam no
local, distribuindo papéis com as propostas de Carlos Eduardo Pereira para o
próximo triênio.
Às quase 2h desta quarta-feira, entretanto, o novo
presidente dispensou a celebração. Depois de vibrar muito com a confirmação de
que vencera as eleições e receber uma ligação de Maurício Assumpção lhe dando os parabéns, Carlos Eduardo se despediu de seus companheiros – que foram
a um restaurante da Zona Sul – e, alegando cansaço, seguiu com Rose para sua
casa, em Petrópolis, município da Região Serrana do Rio de Janeiro. Tudo para
estar em General Severiano no início da tarde e começar o desafio mais
importante de sua vida.