A quarta-feira, dia 10 de dezembro, marca o início de novos
tempos no Fluminense. Novos e incertos. Após 15 anos de sucessos, fracassos,
carinhos e rusgas, a Unimed deixa o clube e um gigantesco ponto de interrogação
paira sobre as Laranjeiras. A pergunta que foi feita várias e várias vezes ao
longo da relação agora precisa de uma resposta convincente e rápida do
presidente Peter Siemsen. Há vida sem a patrocinadora? O mandatário tricolor concederá entrevista
coletiva no fim da manhã desta quinta-feira, às 11h, nas Laranjeiras, para falar
sobre o futuro do clube, e o GloboEsporte.transmitirá ao vivo, acompanhando também em Tempo Real.
O clima de incerteza que os atletas viveram ao longo de toda
a temporada sobre a continuidade ou não da parceria só piorou com a notícia da
ruptura. Sem o aporte financeiro que já lhe deu grandes times e títulos, o
Fluminense precisa se reinventar para tentar evitar um desmanche no seu grupo
profissional. Buscar alternativas para gerar receitas capazes de manter o
processo de reorganização das finanças, a principal bandeira da diretoria, mas
garantir um elenco forte e um time competitivo para 2015.
- Unimed anuncia fim da parceria com o Fluminense após 15 anos de patrocínio
- Unimed vai notificar jogadores e
não pagará mais direitos de imagem - Flu encaminha acerto com novo
patrocinador master por R$ 14 milhões - Em nota, Flu agradece à Unimed e diz
que procurou minimizar os prejuízos - Presidente de empresa de bebidas confirma acerto com o Flu: "Assinado"
São oito os jogadores com vínculo com a Unimed: Fred, Conca, Henrique, Rafael Sobis, Walter, Jean, Wagner e Cícero, que passaria a
receber direitos de imagem da cooperativa a partir do ano que vem. Os demais já
recebem valores que representam de 50% a 80% de seus vencimentos. Caso a
empresa não pague, os jogadores teriam de ir à Justiça. O presidente da antiga
patrocinadora, Celso Barros, espera que eles busquem outras equipes, o que o
livraria da obrigação de cumprir com os pagamentos.
E é exatamente esse o ponto que mais pode sangrar sem o
patrocinador. Ao anunciar o fim do contrato com o clube, Celso deixou em dúvida
o futuro de alguns dos principais jogadores do plantel tricolor, já que eles ainda
têm contrato de direito de imagem com a empresa. Segundo o GloboEsporte.com
apurou, a Unimed não cumprirá os acordos, pois atravessa grave crise financeira.
Celso, no entanto, garante que honrará os compromissos:
- Eu garanto: a Unimed vai cumprir todos os seus contratos com os jogadores do Fluminense. Os contratos serão honrados. Mesmo que a parceria tenha sido encerrada, mesmo que a marca da Unimed não esteja estampada no uniforme do clube.
Casos de Fred e Conca são os mais delicados. Sobis não deve
ficar
Todos os jogadores citados na reportagem são ou foram titulares do Fluminense
em boa parte do ano, formam a base da equipe e estão entre os mais talentosos e
experientes. O maior temor, no entanto, cerca dois nomes: o atacante Fred e o
meia Darío Conca.
A dupla tem o maior salário do elenco. Fred recebe R$ 950
mil, enquanto o argentino ganha R$ 750 mil. O contrato do camisa 9 termina em
dezembro de 2015. O de Conca é mais longo: vai até janeiro de 2017. Até lá, a Unimed
teria de pagar R$ 7,8 milhões a Fred e R$ 12 milhões a Conca. O centroavante
estaria na mira do Cruzeiro, enquanto o camisa 11 tem sondagem de fora do
Brasil.
Disposto a vê-los fora do Fluminense, Celso Barros não dificultaria uma
negociação. Vale lembrar: em ambos os casos, a Unimed Participações tem direito
a 80% dos direitos econômicos dos atletas. A possibilidade de a dupla se
despedir é real e passa a ganhar corpo.
Quem não deve iniciar 2015 no Fluminense é Rafael Sobis. O
atacante tem contrato com o clube até 19 de julho do ano que vem. Ou seja, pode
assinar com outra equipe no próximo mês. Segundo o agente do jogador, Jorge Machado,
Rafael está em dúvida sobre a sua permanência. No encerramento do Brasileirão,
o camisa 23 deixou claro que pode sair e se queixou da falta de estrutura do
clube. A diretoria tricolor não fará força para segurá-lo. Sobis recebe R$ 450
mil e uma renovação está praticamente descartada.
Clube tenta manter Gum e Cavalieri
Definida
a saída da Unimed, o Fluminense agora sabe que não terá ajuda para
tentar manter dois de seus principais jogadores. O zagueiro Gum e o
goleiro Diego Cavalieri ficarão sem contrato a partir de 31 de dezembro e
aguardam uma solução do clube durante as férias.
A
negociação com Cavalieri se arrasta há pelo menos quatro meses. Em
agosto, a pedida salarial de R$ 500 mil do goleiro assustou a diretoria
tricolor, que pisou no freio. Depois, ele reduziu em R$ 100 mil, mas as
tratativas pararam por conta do caso Unimed, que pagava direitos de
imagem ao jogador. Agora, se quiser segurar o camisa 12, o Fluminense
precisará achar uma solução sozinho. Ele já foi sondado por Palmeiras e
Santos.
Foi
também em agosto que Gum sofreu uma grave lesão. A fratura na perna
esquerda o afastou dos gramados e colocou em dúvida sua permanência nas
Laranjeiras. Relacionado por Cristóvão Borges na última rodada do
Brasileirão, contra o Cruzeiro, ele aguarda uma posição do clube. A
renovação, que já foi muito provável, agora é incerta. São muitas as dúvidas em torno do Fluminense e, pelo menos
por ora, poucas respostas.