Faz quase um mês que a Unimed anunciou o fim da parceria com o Fluminense, em
10 de dezembro, mas a empresa não sai do noticiário tricolor. Pelo contrário. O
presidente da ex-parceira, Celso Barros, ainda ocupa um papel de protagonista nos
bastidores. A mais nova queda de braço com o clube envolve Darío Conca. Além da
rixa com o presidente Peter Siemsen, Celso quer negociar o meia por duas
razões: deixar de pagar direitos de imagem ao argentino, que tem contrato até
janeiro de 2017 com o clube e com a empresa, e lucrar com uma possível venda.
Duas propostas já chegaram ao ex-patrocinador. Uma do
Corinthians e outra do Flamengo. Os rubro-negros foram além e também procuraram
os tricolores, mas receberam uma resposta negativa. O caso, no entanto, não
está encerrado.
A Unimed tem dois tipos de contrato com Darío Conca. Um é da
Unimed Participações, que compra e vende direitos econômicos de atletas. O
outro de pagamento de direitos de imagem, cujo valor representa a maior parte
da remuneração do camisa 11 (R$ 500 mil de imagem da Unimed e R$ 250 mil do
Fluminense - entre CLT e imagem). O Tricolor detém os direitos federativos e
20% dos econômicos, enquanto a maior fatia é da empresa: 80%.
A pressão de Celso Barros é cada vez maior, já que o
ex-patrocinador decidiu que só voltará a pagar direitos de imagem se o
Fluminense liberar o argentino para que a Unimed Participações exerça os
direitos econômicos. A ex-parceira não pagou a imagem de novembro no quinto dia
útil de dezembro e avisou que não haverá depósito também em janeiro, referente
a dezembro. Em novembro, a cooperativa médica já havia atrasado em 20 dias o
pagamento, e Conca, assim como outros que são pagos por ela, não recebeu o 13º.
Novo negócio da China
Celso Barros tenta fazer um novo negócio da China que
envolve Conca. Em 2011, a venda do camisa 11 para o clube chinês Guangzhou
Evergrande rendeu um lucro de 166% a Unimed em cima dos R$ 3 milhões investidos
em salários em um período de seis meses (R$ 500 mil x 6).
Quando o contrato de Conca com o Fluminense foi renovado no
fim de 2010, ainda na gestão Roberto Horcades, a patrocinadora do Tricolor
passou a ser dona de 40% dos direitos econômicos do camisa 11, que pertenciam
ao clube carioca inicialmente, compondo uma nova divisão: 40% da Unimed, 40% do
clube das Laranjeiras e os 20% restantes da Traffic. Durante os seis meses que
separaram o início do novo compromisso com a venda do argentino para o futebol
chinês, a empresa pagou mensalmente R$ 500 mil de salários (os outros R$ 200
mil eram de responsabilidade do Flu).
A renovação veio a se mostrar prejudicial ao
Fluminense. Insatisfeito com seu salário na ocasião, de R$ 280 mil
(sendo R$ 200 mil pagos pela Unimed e o restante pelo Tricolor), Conca
reclamou e pediu vencimentos no mesmo patamar de Deco e Fred: R$ 700
mil na época. O então vice-presidente de futebol Alcides Antunes concordou e
levou a proposta a Celso Barros. O aumento foi aceito, mas com uma
condição: para pagar grande parte do novo salário (R$ 500 mil), a Unimed
exigiu 40% dos direitos econômicos do jogador. Dito e feito. Além de
ver seu percentual cair pela metade, o clube das Laranjeiras ainda teve de aumentar sua parte no salário do atleta de R$ 80 mil mensais para R$ 200
mil.
Celso
Barros pressionava a diretoria tricolor a fechar a negociação com os chineses e
conseguiu. Conca foi vendido para o Guangzhou Evergrande por US$ 10 milhões (R$
15,6 milhões na época).
Na volta de Conca ao Brasil, na virada de 2013 para 2014,
Celso Barros não investiu na compra dos direitos econômicos. No entanto, como
comprometeu-se a remunerar bem o atleta e pagar R$ 500 mil mensais de direitos
de imagem ao argentino, ganhou 80% dos direitos econômicos. Na nova
configuração, apenas 20% ficaram com o Tricolor. Em uma nova venda, a Unimed Participações
ficaria com a maior parte, apesar de não ter investido na hora de contratá-lo.
Negociações com
outros clubes
Segundo o GloboEsporte.com apurou, apesar de decidir bater o pé e não pagar os
direitos de imagem de Conca no Fluminense, em conversas com outros clubes Celso
Barros não descarta assumir ao menos 50% do valor mensal.
O Fluminense se apoia no contrato que tem com o atleta e
está em dia com os pagamentos de CLT e imagem, mas sabe que a falta do dinheiro da ex-patrocinadora tumultuaria
o ambiente, já que sem o valor pago pela empresa o salário do jogador é de R$
250 mil. Internamente, os tricolores temem que a convivência com o argentino
fique comprometida.
Apesar de ter encerrado o vínculo com o Fluminense, a Unimed
ainda tem contratos a cumprir com vários jogadores além de Conca. São eles:
Fred, Walter, Jean, Wagner, Cícero e Henrique. Todos eles recebem direitos de
imagem da ex-parceira. São valores que representam de 50% a 80% de seus
vencimentos. Cícero e Henrique só começariam a receber a partir deste ano.
A reportagem do GloboEsporte.com tentou contato com o
presidente da Unimed, Celso Barros, mas não conseguiu até o fechamento da
matéria.