Nesta quarta (17), a Sony Pictures cancelou o lançamento do filme "A entrevista", paródia sobre o regime totalitário da Coreia do Norte, que entraria em cartaz dia 25 de dezembro nos Estados Unidos e, no dia 29 de janeiro, no Brasil.
A decisão foi tomada após redes de cinema norte-americanos se recusarem a exibir a comédia por medo de ameaças feitas por um grupo de hackers, chamado The Guardians of Peace. De acordo com serviços de inteligência americanos o GOP está ligado a Pyongyang (capital norte-coreana) e é culpado por invadir os computadores da Sony e acessar informações confidenciais, incluindo conversas de diretores da empresa com atores.
Veja a cronologia do caso 'A entrevista' que levou ao ataque cibernético ao estúdio:
Outubro de 2013 – Sony Pictures anuncia os atores Seth Rogen e James Franco como protagonistas da comédia "A entrevista".
Novembro de 2013 – O ator Seth Rogen divulga uma primeira foto do filme em sua página oficial no Facebook.
11 de junho de 2014 – O primeiro trailer de "A entrevista" é lançado no canal oficial da Sony no YouTube. (Clique aqui para ver)
20 de junho de 2014 – Autoridades da Coreia do Norte dizem que "A entrevista" é um símbolo do "desespero" da sociedade norte-americana, mas um porta-voz não oficial de Kim Jong-un afirma que o ditador provavelmente vai assistir ao filme de qualquer maneira.
25 de junho de 2014 – A Coreia do Norte intensifica sua reação, prometendo uma "resposta implacável", e adverte o governo dos EUA de que não impedir o lançamento do filme seria considerado um "ato de guerra". Seth Rogen responde no Twitter: "As pessoas normalmente não querem me matar por um dos meus filmes até depois de pagarem US$ 12 por isso. Hiyooooo!!!". Leia mais.
10 de julho de 2014 – Em uma carta a Ban Ki-moon, o embaixador da ONU Ja Song Nam reclama do filme: "Permitir a produção e distribuição de um filme como este sobre o assassinato de um chefe titular de um Estado soberano deve ser considerado como a propaganda mais indisfarçável de terrorismo, bem como um ato de guerra. As autoridades dos EUA devem tomar ações imediatas e adequadas para proibir a produção e distribuição do filme, acima citado; caso contrário, ele será totalmente responsável por incentivar e patrocinar o terrorismo."
14 de agosto de 2014 – Sony declara a possibilidade de remover uma cena do filme em que o rosto de Kim Jong-un é mostrado derretendo.
17 de outubro de 2014 – O ator Seth Rogen brinca que o sumiço do ditador Kim Jong-un por 40 dias seria um ato promocional de "A entrevista". Leia mais.
e Seth Rogen (Foto: Divulgação)
24 de novembro de 2014 – Fontes da Sony dizem que a empresa foi hackeada e chantageada por um grupo que deixou a mensagem: "Hacked by #GOP. Aviso: Nós já avisamos vocês, e isto é apenas o começo. Temos obtido todos os seus dados internos, incluindo segredos e grandes segredos."
1º de dezembro de 2014 – Ao menos cinco novos filmes produzidos pelos estúdios da Sony "vazam". Hackers disponibilizam online títulos como "Corações de ferro", com Brad Pitt, "Mr. Turner" e "Annie". É levantada a suspeita de que a Coreia do Norte está por trás do ciberataque. Leia mais.
2 de dezembro de 2014 – O FBI inicia investigações sobre o envolvimento norte-coreano com o ataque hacker. Sony contrata empresa que ajuda vítimas de invasões a identificar a extensão de ataques, limpar redes e restaurar sistemas. Leia mais.
4 de dezembro de 2014 – A Coreia do Norte nega envolvimento em ataque contra a Sony. Leia mais.
5 de dezembro de 2014 – Jornalistas começam a peneirar os e-mails e documentos que vazaram, encontrando 47 mil números de previdência social, cartões de crédito e dados de passaportes.
9 de dezembro de 2014 – O grupo Guardians of Peace divulga mensagem exigindo que a Sony cancele o lançamento do filme: "Parem imediatamente de mostrar o filme de terrorismo que pode quebrar a paz regional e causar a Guerra". Leia mais.
em pré-estreia em Los Angeles, no dia 11
(Foto: Reuters/Kevork Djansezian)
10 de dezembro de 2014 – São revelados e-mails embaraçosos entre a copresidente da Sony, Amy Pascal, e o produtor Scott Rudin, discutindo sobre Angelina Jolie, David Fincher, Andrew Garfield e outros atores de Hollywood.
11 de dezembro de 2014 – A pré-estreia de "A entrevista" em Los Angeles é mantida. Rudin e Amy pedem desculpas por e-mails insensíveis sobre o presidente dos EUA Barack Obama. Leia mais.
12 de dezembro de 2014 – O presidente da Sony no Japão confirma que tentou convencer Seth Rogen a suavizar a cena da morte do ditador Kim Jong-un no filme. Salários, detalhes de orçamento e do roteiro de "Spectre", novo filme do James Bond, são revelados.
13 de dezembro de 2014 – E-mails de Amy Pascal revelam que Amy Adams e Jennifer Lawrence receberam um cachê menor que o dos três atores com quem protagonizaram o filme "Trapaça". Leia mais.
15 de dezembro de 2014 – Aaron Sorkin, roteirista de "O homem que mudou o jogo" e "A rede social", ataca jornais como "New York Post", "Daily Beast" e "Huffington Post" por noticiarem os dados roubados pelo ciberataque. Seth Rogen dá uma entrevista dizendo que a mídia está lucrando diretamente com as informações roubadas. Leia mais.
versão fictícia do ditador da Coreia do Norte, Kim
Jong-un (Foto: Reprodução/Sony/Telegraph)
16 de dezembro de 2014 – Guardians of Peace ameaça atacar as salas de cinema que exibirem "A entrevista", faz menção ao atentado de 11 de setembro e afirma ainda que "o mundo será tomado pelo medo". Leia mais.
A pré-estreia do filme em Nova York é cancelada após as ameaças. James Franco e Seth Rogen cancelam aparição pública para lançar o filme. Leia mais.
17 de dezembro de 2014 – Sony anuncia o cancelamento do lançamento de "A entrevista" em todos os cinemas dos EUA. O filme também não será lançado em DVD e video on demand. Leia mais. Os EUA responsabilizam a Coreia do Norte pelo ataque hacker à Sony. Leia mais.
18 de dezembro de 2014 – Barack Obama pede calma em meio a novas ameaças de terrorismo. O lançamento de "A entrevista", previsto para 29 de janeiro, é cancelado no Brasil. Leia mais. Atores hollywoodianos criticam a Sony por cancelar o lançamento do filme. Steve Carell diz que é "um dia triste para a expressão criativa". Leia mais.
A cena do filme que mostra a morte da versão fictícia do ditador Kim Jong-un vaza na internet. No trecho, o rosto do líder norte-coreano pega fogo após o helicóptero em que ele estava ser atingido por um míssil. Leia mais. Pelo Twitter, Paulo Coelho ofereceu US$ 100 mil para ter o direito de exibir o filme em seu blog. "Vocês recuperam 0,01% do orçamento e eu posso dizer NÃO às ameaças terroristas".