Às vésperas da decisão da Série C do Brasileiro, pelo Paysandu, o meio-campo Héverton se viu nesta quarta-feira mais uma vez envolvido com seu maior pesadelo. Roberto Senise, promotor público de São Paulo que investiga o caso, disse que ex-dirigentes da Portuguesa receberam vantagens para escalar o jogador na última rodada do Brasileirão de 2013. Héverton tenta se concentrar no jogo de sábado contra o Macaé, mas não esconde a frustração. O jogador diz estar envergonhado e que "o futebol perdeu a graça".
–
Estou prestes a disputar uma final de campeonato, que é muito importante
para o Paysandu, onde estou muito feliz. Agora, mais do que nunca, se isso realmente
existiu, eu me sinto envergonhado. Eles quase acabaram com a minha vida fazendo
um absurdo desses, e a Lusa não merecia e não merece estar onde está. Triste e lamentável.
O futebol perdeu a graça – disse o jogador ao GloboEsporte.com nesta quarta.
Há
pouco mais de dez dias, Héverton já havia lamentado o segundo rebaixamento consecutivo
da Portuguesa, dessa vez para a terceira divisão nacional. À época, ele também
criticou a diretoria e reiterou que não tinha nenhuma culpa sobre o episódio de
2013.
– A
Portuguesa continua como estava, não mudou nada com relação à desorganização, à
falta de profissionalismo de alguns diretores, da diretoria, que fez com que
chegasse nessa situação. Eu acredito que o futebol é profissionalismo, e quando
se tem isso, as coisas tendem a acontecer. É impossível um time contratar 50
jogadores no ano. A situação tem sido o reflexo disso, e a torcida acaba pagando. Fico chateado, triste pelo clube, pois foi um lugar onde fiz grandes
amigos e gostaria que eles estivessem em outro momento. Infelizmente o futebol
tem dessas coisas – ponderou.
A escalação irregular de Héverton no jogo contra o Grêmio, no Brasileiro de 2013, gerou uma punição para a Lusa, com a perda de quatro pontos. Com isso, o time caiu para a Série B. Sem conseguir se estruturar, foi rebaixado novamente, agora para a C.
Um inquérito corre na Justiça Desportiva desde fevereiro para apurar se houve corrupção dos envolvidos. O Ministério Público e uma investigação interna da própria Portuguesa apontam que o então presidente Manuel da Lupa e alguns colaboradores foram beneficiados pelo erro do clube. Roberto Senise, promotor do MP-SP, aponta o ex-presidente Manuel da Lupa, o advogado Valdir Rocha e o
ex-vice-presidente de futebol, Roberto dos Santos, além de outros dois
funcionários não nominados, como os possíveis responsáveis pela omissão
que causou o rebaixamento da Lusa (clique aqui e veja a entrevista de Senise em vídeo).