Não é à toa que o samba e o futebol são os símbolos do Brasil no
exterior. Assim como o gênero musical, o esporte no país agoniza, mas
não morre. Levou outro golpe neste sábado, quando a seleção sub-20 viu o
sonho de ganhar o sexto título mundial da categoria escapar no fim da
prorrogação, com um gol de Maksimovic que definiu a vitória de 2 a 1 da
Sérvia, no estádio North Harbour, em Auckland. Mas os meninos
brasileiros deram mostras de que nem tudo está perdido: jogaram bem, se
esforçaram, dominaram a partida. Provaram que pelos próximos anos haverá
alguém para socorrer nosso combalido jogo.
Quando o técnico Rogério Micale falou, na véspera da
partida, que o resultado não poderia ditar a avaliação de um trabalho, mal
sabia que sua ideia seria tão dolorsamente comprovada. Um projeto que
começou às pressas, cheio de mudanças em cima da hora, conseguiu levar o Brasil
à final. Por detalhes, a Sérvia, que também fez ótimo jogo, à sua maneira, comandada pelo habilidoso meia canhoto Zivkovic, levou o título.
Os sérvios, aliás, se superaram. Disputaram a quarta
prorrogação consecutiva e mostraram fôlego – mesmo com boa parte deles fumando
incessantemente nos dias antes da partida. O triunfo teve um quê de estratégia:
eles reconheceram a superioridade física brasileira, recuaram e esperaram o
contra-ataque. Ele veio aos 13 minutos do segundo tempo da prorrogação. E
Maksimovic, livre na área, tocou na saída de Jean.
O Brasil foi bem. Teve mais a posse de bola durante o jogo,
criou mais chances. Porém, teve pouca presença na área. Ainda reagiu bem ao
sair atrás no placar, quando Mandic fez 1 a 0 aos 24 minutos do segundo tempo.
Andreas Pereira entrou, fez linda jogada individual e empatou aos 28. Na
prorrogação, prevaleceu a frieza e a estratégia sérvia.
De consolo à seleção, o volante Danilo foi eleito o segundo melhor jogador do torneio, atrás do meia Adama Traoré, do Mali - o sérvio Milinkovic ficou em terceiro lugar. Rajkovic levou o prêmio de melhor goleiro, e o ucraniano Kovalenko, com cinco gols, foi o artilheiro.