Muita gente não entendeu as entradas de David Luiz e
Marquinhos nos lugares de Firmino e Robinho na vitória por 2 a 1 da seleção
brasileira sobre a Venezuela. Dunga explicou na coletiva: os dois pequeninos,
um meia e outro atacante, deram lugar aos zagueiros grandalhões, que atuaram
como volante e lateral-direito, respectivamente, para neutralizar a única
jogada perigosa da Venezuela, a bola aérea.
O técnico evitou muitos elogios à Seleção. Disse que, a
partir das quartas de final, é possível jogar melhor. O adversário será o
Paraguai, no próximo sábado, num jogo definido por Dunga com um clichê antigo
do futebol:
– O mata-mata é um campeonato a parte. Cada jogo é uma
decisão, temos que fazer tudo ali, não tem próximo. Na primeira fase são três
jogos que podem dar a classificação, agora, em 90 minutos, é matar ou morrer.
Confira a íntegra da entrevista de Dunga:
SUBSTITUIÇÕES
Para neutralizar a única jogada que a Venezuela fez o tempo
todo. Era a bola longa para cabecear. Eles não tinham outra jogada e me
preocupou muito a quantidade de faltas perto da nossa área. Infelizmente, não
tivemos essas faltas a favor, só contra nós. O David já jogou nessa função, no
meio, o Marquinhos também na lateral, e deixamos o Daniel Alves para a parte
ofensiva, com velocidade e chute de média e longa distância, porque ele estava
levando vantagem. Ficou mais livre para aumentar essa jogada pelo lado direito.
MIRANDA CAPITÃO
(Ele me conquistou) pelo rendimento, pelo comportamento, a
liderança no grupo, o caráter tranquilo. Todo mundo gosta de como ele atua, da
forma como está sempre pronto a conversar e orientar da melhor maneira
possível.
ATUAÇÃO DO BRASIL
O time se comportou bem. Era normal alternar dentro da
partida, mas em alguns momentos as coisas saíram muito bem, com posse de bola,
virada de jogo. O segundo gol saiu numa troca de passes com virada de jogo. Queremos
explorar a qualidade técnica dos nossos jogadores, que costumam levar vantagem
no um contra um.
NEYMAR
Ele faz falta a qualquer equipe. Quando não temos, é preciso
achar uma solução e não lamentar. Não tenho nenhuma novidade sobre o recurso. O
que posso dizer sobre argumentos? Que da próxima vez vou pedir a ele menos
dribles e mais “patadas” (termo que o técnico usa em espanhol para as entradas
mais duras nos jogadores).
COLETIVO
Trabalhamos sempre para que a equipe não dependa só de um
jogador, e a cada instante um possa fazer a diferença. Acreditamos que vamos
jogar melhor, temos capacidade para isso. Temos que ter tranquilidade para
aproveitar melhor nossas qualidades.
VENEZUELA
Uma boa equipe, de bola longa muito forte, mas controlamos
bem o jogo. Nosso goleiro só fez boas defesas em cobranças de falta, enquanto o
goleiro da Venezuela fez algumas intervenções. Se tirássemos o Rondón, não
teríamos trabalho nenhum na bola aérea, e o capitão (Arango) que colocava a
bola na área como se fosse com a mão, também.
PARAGUAI
Demonstrou sua força contra a Argentina, uma das favoritas,
está crescendo. É uma equipe complicada na bola aérea, o Ramon Díaz (técnico) é
um cara muito tático. Esses jogos agora são como finais. Não se pode voltar no
tempo, o que passou, passou. Não estávamos lá, mas estamos agora e vamos jogar
para ganhar (sobre a vitória do Paraguai sobre o Brasil, nos pênaltis, nas
quartas de final da Copa América em 2011).
FIRMINO
Tem ótima qualidade, é um bom definidor, estava saindo um
pouco da área no primeiro tempo e pedimos para ficar mais perto no segundo,
fazer infiltrações, principalmente nas jogadas de fundo. Fez um gol difícil porque
a bola quicou na frente, ele teve capacidade e calma para trocar o passo e
concluir bem. Não tem 10 partidas na Seleção, a tendência é adquirir confiança
e melhorar.
RIVAIS
O Brasil tem que enfrentar a todos, num
campeonato como esse tem que respeitar a todos, mas não temer nada. Para nós é
importantíssimo enfrentar adversários que vamos encontrar nas Eliminatórias,
ter essa experiência porque muitos jogadores nunca disputaram partidas assim,
onde algumas faltas não são faltas. É preciso entrar com a cabeça muito
centrada.