• Juliane Silveira
Atualizado em
Criança com alergia (Foto: Reprodução/Revista Crescer)

1. Não pode (mesmo) ter bicho de pelúcia no quarto?
Pode. Se seu filho não tem alergia, mantenha poucos brinquedos de pelúcia no quarto e escolha aqueles mais fáceis de lavar e secar, como os feitos de material sintético, e lave-os semanalmente. Quando não limpos frequentemente, podem virar dormitório permanente de acáros, micro-organismos que podem desencadear uma crise. Se o seu filho tem alergia, mas não vive sem o brinquedo, pode valer a pena mantê-lo, desde que seja lavado com a mesma periodicidade e o contato ocorra por períodos breves.

2. Como tornar a minha casa segura para uma criança alérgica?
Evite carpetes, mantenha o chão limpo – use pano úmido para não levantar pó –, use produtos de limpeza sem aroma, troque cortinas por persianas, guarde sempre os cobertores para que não acumulem pó em cima da cama e não use amaciantes nas roupas.

3. Corantes e aditivos alimentares causam alergia?
Raramente, mas pode acontecer, principalmente com um tipo amarelo (tartrazina), presente em sucos artificiais, gelatinas e balas, com o glutamato monossódico (encontrado em temperos prontos) e com alguns sulfitos (usados para preservar remédios e alimentos como frutas desidratadas e sucos). Infelizmente, os rótulos trazem os corantes e aditivos codificados, o que dificulta a identificação. Somente a tartrazina vem discriminada, por ser a que causa mais alergia. Crianças com alergias de pele, por algum motivo ainda não esclarecido, são mais sensíveis a eles.

4. Quais os cuidados com a alergia a leite?
Essa é a mais comum entre os bebês porque é, em geral, o primeiro alimento que a criança recebe. O pediatra pode indicar o leite de soja como substituto. Se ela também for sensível a esse alimento, tem de usar uma fórmula de leite extensamente hidrolisada (quando as moléculas de proteínas são quebradas para “enganar” o sistema imunológico). Elas são caras, cerca de R$ 140 cada lata, e podem ser obtidas em postos de saúde gratuitamente.

5. É ruim ter animal de estimação?
Ao contrário: há estudos que mostram que esse contato aumenta a tolerância de crianças sensíveis ao pelo do animal, reduzindo os sintomas da alergia. Se o seu filho se tornar alérgico, é preciso afastá-lo. Você não precisa mandar o bicho embora, mas o ideal é que ele não divida o mesmo ambiente com a criança em 100% do tempo. Já se a criança for alérgica, você pode ver se ela se adapta com o bicho. Se não der certo, seu filho pode fazer um tratamento de dessensibilização no consultório médico.

6. Como eu me organizo com a escola?
Se seu filho tem alergia respiratória, observe, na hora de escolher uma, se as cortinas são de tecido, que acumulam muito pó, e prefira quadro branco a lousas. Uma vez matriculado, e isso vale para qualquer alergia, mande para a escola todas as orientações, preferencialmente por escrito. No caso de bebês, combine com o berçário a melhor forma de administrar, por exemplo, o leite e as papas – em geral, as famílias mandam as fórmulas e a escola se encarrega dos alimentos. Mande o lanche todos os dias e, em casos de apresentações de teatro, providencie a fantasia do seu filho para que ele não tenha de usar roupas que ficam guardadas o ano todo.

7. Tudo bem fazer natação?
Sim, mas se seu filho for alérgico, o cloro da piscina pode levar a uma irritação no sistema respiratório e na pele, e causar crises em quem é sensível. Se for o caso, interrompa a aula até o tratamento estabilizar a doença. Quando ele estiver melhor, matricule-o em uma escola com piscinas tratadas com ozônio, que causa menos irritação. Se a criança estiver bem, vai conseguir brincar e nadar em uma com cloro. Nesses casos, prefira as abertas porque aí as partículas do cloro dissipam no ar.

8. Meu filho tem alergia a insetos. Ele não pode ir para a sítios ou praias?
Pode, mas você precisa protegê-lo muito bem. Use repelentes indicados pelo pediatra quando estiver ao ar livre, no máximo três vezes ao dia em crianças com mais de 2 anos. Antes disso, eles são contraindicados. Tenha também mosquiteiros na casa e no berço (lave-os semanalmente), telas nas janelas e veja se dá para ele usar roupas mais fechadas, de algodão, de manhãzinha e no final da tarde, quando os insetos estão a todo o vapor. E leve sempre o creme ou a pomada que o pediatra indicou.

9. O que eu faço se meu filho tiver alergia a látex?
Procure opções de produtos feitos com silicone ou sem látex – o contato pode provocar a formação de placas vermelhas e coceira, principalmente ao redor da boca e da face, quando a criança tem contato com bexigas, mamadeiras e chupetas feitas do material. Tenha em casa algumas luvas látex-free, à venda em lojas de produtos hospitalares e leve para as consultas, para o caso de o especialista não ter nenhuma no consultório.

10. Como ter certeza de que um alimento industrializado não vai fazer mal ao alérgico?
É preciso ler o rótulo do produto à caça do ingrediente ou algum derivado que pode fazer mal. Se seu filho tem alergia a leite, busque esses nomes na embalagem: caseína, caseinato, soro de leite, traços de leite etc. No caso do ovo, os nomes são albumina e soroalbuminado. Você pode pedir listas de produtos livres da substância que causam alergia ao seu filho aos SACs das principais empresas.

11. Meu filho consome somente produtos orgânicos. Ele tem mais chance de ter alergia se comer qualquer outro alimento?
Nenhuma pesquisa mostrou que há riscos diretos. E não é porque ele consome orgânico que não vai ter alergia: os alimentos são alergênicos por causa de substâncias presentes neles, e isso não tem nada a ver com a forma de produção.

12. Remédio não causa alergia?
Pode provocar, sim, e uma das mais comuns é à penicilina. Atenção: as reações podem ser tardias, e até os fitoterápicos podem causar crises também. Use apenas remédios com indicação do pediatra. Quando a alergia for confirmada, peça para ele fazer uma lista com tudo o que está liberado e deixe uma cópia com os parentes próximos e com a escola.