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Likud sai na frente nas eleições israelenses

Primeiros números mostram partido de Benjamin Netanyahu com uma cadeira a mais do que coalizão rival
Celebração na sede do Likud. Números de boca de urna mostram partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com maior número de cadeiras no Knesset Foto: NIR ELIAS / REUTERS
Celebração na sede do Likud. Números de boca de urna mostram partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com maior número de cadeiras no Knesset Foto: NIR ELIAS / REUTERS

JERUSALÉM — Os primeiros números da boca de urna nas eleições israelenses apontam que o Likud, partido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tem uma ligeira vantagem sobre a União Sionista, coalizão liderada por Yitzhak Herzog. De acordo com os número iniciais da boca de urna pelo Canal 2 da TV israelense, o Likud teria 28 cadeiras contra 27 da União Sionista. Já nos números divulgados pelo canal 10, ambos aparecem com o mesmo número.

Caso não haja grandes mudanças, a vitória do Likud se traduziria numa coalizão com partidos da extrema-direita israelense, como o Yisrael Beiteinu, do ministro Avigdor Lieberman, e a Casa Judaica, além de partidos religiosos ortodoxos como o Shas e o Judaísmo Unido da Torá.

Logo após a divulgação dos primeiros números da boca de urna, Netanyahu ligou para o líder do partido Casa Judaica, Naftali Bennett, para iniciar negociações do estabelecimento de um governo da direita israelense.

Já uma vitória da União Sionista — que reúne o Partido Trabalhista de Herzog e o Hatnuah, partido da ex-ministra da Justiça, Tzipi Livni — nas eleições não significaria, no entanto, que Herzog ocuparia o lugar de Netanyahu como primeiro-ministro de Israel. A coalizão precisaria de 61 cadeiras para que Herzog conseguisse o cargo. Kulanu, Yesh Atid e Meretz já indicaram que participariam de uma coalizão caso a União Sionista tenha a chance de montar um governo.

O presidente israelense, Reuven Rivlin, assegurou a membros do governo nesta terça-feira, que trabalhará para formar um governo de unidade nacional.

— Estou convencido de que apernas um governo de união pode evitar a rápida desintegração da democracia israelense e novas eleições em um futuro próximo — afirmou Rivlin.

Megacoalizão árabe surge como terceira força

A Lista Conjunta, coalizão que reúne um grupo de partidos árabe e os partidos Hadash, Balad e Ta’al, ocupa o terceiro lugar em todos as estimativas apresentadas. Enqunato os canais 2 e 10 apontam que a megacoalizão teria 13 cadeiras, o canal 1 estima que a Lista Conjunta terá 12 assentos. O grupo deve ser uma das principais forças de oposição caso Netanyahu se reeleja, especialmente após as recentes declarações do primeiro-ministro, que afirmou que não haverá Estado palestino enquanto ele ocupar o cargo.

O grupo chegou a ser procurado pelo Meretz, que fez um acordo de apoio com a União Sionista, para reforçar o bloco contra Netanyahu e o Likud no Knesset, mas a aproximação com o partido de esquerda ameaçou rachar a coalizão árabe. Os membros do Meretez então acusaram a Lista Conjunta de privilegiar o nacionalismo árabe em nome da solidariedade entre árabes e israelenses.

Embora a apuração ainda esteja longe do fim, os primeiros números divulgados levaram Netanyahu a celebrar uma vitória de seu partido em sua conta no Twitter.

“Contra todas as possibilidades: uma grande vitória para o Likud e seus aliados, uma enorme vitória para o povo de Israel”, tuitou o primeiro-ministro.

Alianças para a formação do novo governo

O líder da Casa Judaica, Naftali Bennet, disse ter se incomodado com o pouco número de cadeiras na Parlamento obtidas por seu partido.

— Somos corredores de longas distâncias. Não estamos com medo e não abaixaremos nossas cabeças — afirmou Bennett, que disse estar orgulhoso de sua base eleitoral, os sionistas religiosos.

Perguntado sobre uma possível coalizão com o Likud, Lieberman não descartou a possibilidade.

— Por que não? Devemos nos juntar aos amigos que trabalharam duro e deram tudo de si — afirmou o ministro das Relações Exteriores. — Não podemos falar em derrota, foi uma jornada difícil.

Ya'akov Litzman, líder do Judaísmo Unido da Torá, afirmou que esperará a avaliação do Conselho de Sábios da Torá na manhã desta quarta-feira, para anunciar se o partido fará ou não parte do novo governo.

Já Ahmad Tibi, da Lista Conjunta afirmou que o resultado geral foi “decepcionante”, mas destacou que a coalizão árabe ganhou o apoio do público, que o extremista da direita religiosa Baruch Marzel “desapareceu”, e que o povo disse não a Lieberman.

Crítico das políticas de Netanyahu, e ex-membro do Likud, Moshe Khalon, líder do partido Kulanu disse ter conversado com Netanyahu e Herzog, e afirmou que somente se posicionará após o fim da apuração.

Yair Lapid, líder do partido Yesh Atid, outro que também criticou Netanyahu intensamente durante a campanha eleitoral, afirmou que o partido é a maior força de centro no país e que permanecerá como uma força na política por muitos anos. Durante a campanha, o Yesh Atid acenou a uma coalizão com Herzog, mas não deve tomar parte na configuração do governo do Likud.

O Yachad, partido liderado pelo polêmico ex-líder do Shas, Eli Yishai, conseguiu após a divulgação dos números iniciais ultrapassar o limite eleitoral e conquistar uma cadeira no Knesset.

Membros do Likud afirmaram que Netanyahu tentará formar um governo de união nacional juntamente com Herzog e a União Sionista.

“Netanyahu não quer um governo de união, mas muitas vezes não há escolha. Neste caso, o cenário mais provável é que o primeiro-ministro concorde em pagar um enorme preço pelo apoio da União Sionista, entre outras coisas, deixando Bennett ou Lieberman na oposição, para facilitar a aproximação de Herzog a seu partido”, afirmou um membro do Likud.

Uma equipe de negociação foi formada pela União Sionista na tentativa de estabelecer alianças para um possível governo. O Meretz, que conseguiu cinco cadeiras de acordo com os primeiros números divulgados pediu a Herzog que não aceite formar um governo juntamente com Netanyahu.

Hamas pede que negociações com Israel sejam abandonadas

O representante do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Radwan, afirmou que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, deve abandonar as negociações com Israel após o resultado das eleições no país.

“Estes resultados deveriam ser suficientes para convencer a Autoridade Palestina e a Fatah a esquecer a opção de levar adiante essas negociações absurdas”, afirmou Radwan em comunicado.

O chefe da delegação palestina nas negociações dos acordos de paz,  Saeb Erekat, disse esperar que Netanyahu forme o próximo governo israelense, e declarou que os palestinos por sua vez irão aumentar seus esforços diplomáticos no Tribunal Penal Internacional

— Está claro que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu formará o próximo governo, e por issodizemos claramente que iremos ao Tribunal de Haia, e que aceleraremos, continuaremos e intensificaremos os esforços diplomáticos — Erekat a agências de notícias.