Rio

Moradores da Vila Isabel comemoram chegada da UPP ao Morro dos Macacos

Bope ocupa o Morro dos Macacos - Foto: Wania Corredo - Extra
Bope ocupa o Morro dos Macacos - Foto: Wania Corredo - Extra

Nós e você. Já são dois gritando. Clique e participe

RIO - A chegada da UPP ao Morro dos Macacos foi comemorada por moradores do asfalto, em especial os da Rua Visconde de Santa Isabel, uma das mais afetadas pelos tiroteios na favela. Na via, que abriga prédios de classe média, alguns com marcas de tiros nas paredes, os moradores pensam na valorização dos seus imóveis. Já para quem vive nos arredores dos morros da Matriz, de São João e do Quieto, no Engenho Novo, onde será instalada outra UPP, o anúncio da pacificação trouxe a esperança do fim dos constantes assaltos a pedestres e carros na região.

Veja imagens da ocupação no Morro dos Macacos

- Antes da UPP, eu pensava em vender meu apartamento, por causa da violência. Era muito complicado, a rua fechava por causa dos tiroteios. Agora, se a situação mudar, não quero mais sair daqui - disse o analista de sistemas Johen Eine da Silva Pinto, de 30 anos, morador da Visconde de Santa de Isabel.

Vizinhos da comunidade chegaram a blindar janelas

Outro morador da rua, T., de 84 anos, que preferiu não se identificar, blindou as janelas do seu apartamento. Ele já teve o carro atingido por um tiro dentro da garagem do prédio.

- Esperamos que a polícia venha para ficar, mas ainda não vou tirar o aço da janela. Quero ver como vai ser daqui em diante - disse o morador, acrescentando que há cerca de um mês não há conflitos na favela. - Muitos traficantes já saíram do morro.

A pacificação também levou alívio para funcionários do Hospital do Câncer IV (HC-IV), unidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca) vizinha aos Macacos. Por causa dos tiroteios, o hospital decidiu fechar quatro janelas dos corredores da enfermaria com concreto armado.

- Trabalhamos na linha de tiro. Os pacientes ficavam nervosos com os tiroteios. Espero que a UPP traga tranquilidade para todos nós - disse uma enfermeira, que não quis se identificar.

Gerente de um posto de gasolina na Rua Luiz Guimarães, também vizinha ao Morro dos Macacos, Cláudio Luiz Duarte, de 39 anos, estava empolgado.

- A chegada da UPP é muito positiva. Além de trazer mais segurança para o bairro, melhora o nosso movimento. Nos dias de tiroteio na favela, ficamos totalmente sem clientes - contou.

Morador da Rua Emília Sampaio, também em Vila Isabel, o aposentado Luiz Carlos Borba, de 66 anos, já conta com a valorização do seu apartamento.

- Por causa de anos de violência, os imóveis da região se desvalorizaram. Agora, espero o movimento contrário.

Para a presidente da Associação de Moradores de Vila Isabel, Ana Tinelli, a implantação da UPP precisa ser acompanhada de projetos sociais:

- É claro que as pessoas querem ter segurança. Isso acontece em toda a cidade. Mas, além da UPP, esperamos por projetos sociais, como de oferta de emprego para os jovens.

No Engenho Novo, vizinhos dos morros de São João, da Matriz e do Quieto esperam ansiosos pelo início da pacificação. Comerciantes da Rua Barão do Bom Retiro e da Avenida Marechal Rondon contam que os tiroteios são frequentes nas favelas da região.

- Será melhor para todos nós que moramos e também temos comércio de rua - disse o dono de uma oficina, que pediu para não ser identificado.

Uma professora que mora na Rua Verna Magalhães, nas proximidades do Morro São João, disse que a UPP deverá acabar com os assaltos a pedestres e a carros no asfalto:

- A insegurança no asfalto preocupa. Não podemos mais andar com tranquilidade pelas ruas do bairro.

O que você acha da política de segurança no Rio? Envie um artigo sobre este assunto para o site Traficantes derrubaram helicóptero da polícia há um ano

No próximo domingo, dia 17 de outubro, completa um ano do intenso tiroteio no Morro dos Macacos, que culminou com a queda de um helicóptero da polícia. Com a explosão da aeronave, três policiais morreram.

A polícia foi à comunidade após o início de um confronto entre traficantes rivais. O tiroteio começou quando bandidos do Morro do São João, no Engenho Novo, invadiram o Morro dos Macacos, na madrugada. Na ocasião, os criminosos ainda atearam fogo em pelo menos oito ônibus, em represália à entrada dos policiais na comunidade.