Os 2,10m de altura impressionam e logo chamam atenção de
quem está por perto, mas ao perceber seu jeito tímido e a voz mansa e pausada é
até difícil imaginar do que o pivô do Flamengo é capaz dentro de uma quadra de
basquete. Cristiano Felício tem potencial para voar alto e quem sabe repetir a
trajetória vitoriosa de Nenê, Tiago Splitter e Anderson Varejão na NBA. Não é à
toa que aos 21 anos ele foi eleito em junho deste ano o melhor pivô da Eurocamp
2014, evento realizado no complexo esportivo de La Ghirada, em Treviso, na
Itália, que reuniu 45 representantes de diversos países.
O melhor
basquete do mundo ainda é uma realidade distante, mas a participação do
Flamengo nos três jogos da pré-temporada da liga americana servirão como
aprendizado e já estão deixando o mineiro de Pouso Alegre com água na boca.
- Com certeza essa atmosfera motiva qualquer jogador, ainda
mais eu que já tive a oportunidade de treinar nos EUA. Chegar aqui dois
anos depois e ver de perto essa estrutura do Phoenix só me dá mais vontade para
seguir treinando e quem sabe um dia poder estar aqui novamente. Só que desta
vez como um jogador da NBA – disse o pivô rubro-negro, autor de oito pontos e oito rebotes na derrota por 100 a 88 para os Suns na quarta-feira.
A derrota não diminui a motivação do pivô rubro-negro para os
dois jogos restantes da turnê rubro-negra, contra Orlando Magic, dia 15, e
Memphis Grizzlies, dia 17.
- Apesar de ansioso, estava muito tranquilo antes da partida
e desde o primeiro momento em que entrei em quadra me senti muito confiante. Tive
mais minutos de quadra do que vinha tendo nos últimos jogos e acho que consegui
ter uma boa atuação. Foi uma experiência bacana e um grande aprendizado para
nossa temporada. É um jogo diferente do da Fiba, mais físico, intenso e com
muito mais velocidade – afirmou o camisa 21 do Flamengo, que atuou por 15 minutos.
O basquete americano, no entanto, não chega a ser uma
novidade para Felício. Aos 19 anos, o pivô já havia sentido o gostinho de estar
entre os melhores do mundo da sua idade quando passou um período treinando numa
escola preparatória de São Francisco. Mas um imbróglio envolvendo o Minas Tênis
Clube, seu ex-clube, fez a NCAA, principal liga universitária dos Estados
Unidos, negar sua inscrição e o impedir de entrar em quadra pelo Oregon,
Universidade que chegou a lhe oferecer uma bolsa de estudos.
Impossibilitado de atuar, o pivô decidiu voltar ao Brasil.
Seu destino natural seria o Minas, mas o Flamengo acabou surgindo na sua vida. Com uma proposta do então
campeão do NBB em mãos, Cristiano Felício não pensou duas vezes e decidiu
trocar Belo Horizonte pela Gávea.
- Esse problema já foi superado, e o Flamengo foi uma decisão
acertada e bastante conversada com meus agentes. Era um clube que na época já
tinha grandes jogadores, como Marcelinho e Marquinhos, e que foi muito
importante na evolução da minha carreira. Foi uma temporada em que cresci demais
como jogador e na qual aprendi bastante com os profissionais de ponta que aqui
estão. Mas sei que ainda tenho muito o que evoluir - afirmou Felício.
Em apenas uma temporada, o jogador deixou
parte da timidez de lado e já perdeu as contas dos títulos que conquistou. Com
as medalhas do Estadual, da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB), do NBB,
da Liga das Américas e da Copa Intercontinental no bolso, o jogador cortado
pelo técnico Rubén Magnano às vésperas da Copa do Mundo da Espanha faz
planos mais ousados para o futuro.
Maduro para um jovem que saiu de Pouso Alegre ainda
adolescente atrás de um sonho de menino, Felício mantém os pés no chão, segura
a ansiedade e planeja voltar de vez para os Estados Unidos daqui a duas
temporadas. Quem sabe com uma medalha olímpica no peito.
- Eu procuro trabalhar de acordo com o lugar em que estou no
momento, mas sempre traço algumas metas para minha carreira. No momento estou
no Flamengo e procuro aproveitar ao máximo essa oportunidade. O Neto é um
técnico que está sempre conversando comigo e me ajuda demais. Hoje me comunico
e me expresso muito mais do que antes e com toda certeza isso tem me ajudado
dentro de quadra. Espero representar o Brasil nas Olimpíadas do Rio daqui a
dois anos e quem sabe finalmente realizar o sonho de jogar na NBA. Cheguei
perto de ir ao Mundial, mas acho que disputar as Olimpíadas será o caminho mais
curto para entrar na liga americana – prevê o jogador.
O Flamengo ainda encara o Orlando Magic, dia 15, às 20h, e o
Memphis Grizzlies, no dia 17, às 21h - todos pelo horário de Brasília. O SporTV transmite os
dois jogos ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real. Os assinantes
do Canal Campeão também podem assistir a tudo pelo SporTV
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