Se Carcaces vai ao
saque ou faz um ponto em fortes golpes, a torcida do Osasco entoa uma canção
especialmente para a cubana. Em sua primeira temporada na equipe, a ponteira
rapidamente cativou torcedores e mostrou potência em seus ataques. Segunda
melhor atacante da Superliga 2014/15 - atrás apenas de Gabi, do Rio de Janeiro
-, a cubana se tornou uma peça importante para o Osasco na temporada e uma
aposta para conseguir superar o rival Sesi-SP na série semifinal que começa neste
sábado, às 11h30, no ginásio da Vila Leopoldina, com transmissão ao vivo do
SporTV.
- Muitos
treinadores já me disseram que tenho que olhar as estatísticas, mas sempre sou
surpreendida quando me falam essas coisas. Eu vou jogando as partidas durante a
temporada e se no final ganho algum prêmio individual sempre fico surpresa
porque não tenho o hábito de acompanhar essas informações. Fico feliz de ser a
segunda, mas gostaria de ser a primeira - disse Carcaces.
Com passagens pelo
vôlei da Suíça e do Japão, a cubana diz que está crescendo em todos os aspectos
em seu primeiro ano à frente do Osasco. Em entrevista ao GloboEsporte.com, ela
abre o jogo sobre a reta final da Superliga, a rivalidade histórica entre Brasil
e Cuba no vôlei e o desejo de disputar as Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Confira a entrevista
GloboEsporte.com: Brasil
e Cuba têm uma rivalidade antiga no vôlei. Sentiu essa rivalidade quando
chegou? Como foi recebida pelas meninas do Osasco?
Kenia Carcaces: Na década de 90 havia uma rivalidade dentro de quadra. Eu já
havia enfrentado equipes brasileiras e conhecido algumas jogadoras antes de vir
jogar no Brasil. Acho que isso ficou no passado, e para mim não importa a nacionalidade,
mas sim a pessoa. Fui muito bem recebida pelas meninas. Cheguei um pouco depois
do início da temporada, e todas estavam esperando por mim com muita alegria. Eu
também estava ansiosa para me juntar ao time. Sempre sonhei em jogar no Brasil,
não só pela Superliga, mas também pelas pessoas. O Osasco me abriu as portas e
estou muito feliz e agradecida.
O idioma chegou a
atrapalhar no começo dentro e fora de quadra? Passou por algum sufoco nas ruas?
No início foi mais difícil essa questão do idioma. Não falo português, mas
agora entendo um pouco mais. Quando você é estrangeiro e não fala a língua
local acaba passando por algumas dificuldades. Muitas vezes a pessoa se sente
perdida porque os outros pensam que você não sabe e não entendem o que estão
falando. São situações normais que um atleta estrangeiro passa quando vai jogar
fora de seu país. É um processo natural.
A torcida tem até
música para você. Esperava tamanho carinho já na primeira temporada?
Eu já havia assistido a alguns jogos da Superliga na temporada passada, quando
ainda estava na Suíça, e sabia que no Brasil há torcedores bem fanáticos pelo
vôlei. Sinceramente me surpreendi e fiquei feliz com a canção que fizeram para
mim. Gostei muito da música e me dá bastante energia para sacar e jogar meu
melhor.
Ser a segunda
melhor atacante da Superliga é algo que você esperava? Como avalia essa
temporada à frente do Osasco?
Muitos treinadores já me disseram que tenho que olhar as estatísticas, mas
sempre sou surpreendida quando me falam essas coisas. Eu vou jogando as
partidas durante a temporada e se no final ganho algum prêmio individual sempre
fico surpresa porque não tenho o hábito de acompanhar essas informações. Fico
feliz de ser segunda, mas gostaria de ser a primeira.
Em que pontos você
acredita que a experiência da Superliga está sendo positiva para você?
Em todos os aspectos. Tanto na vida profissional quanto na pessoal. É a minha
primeira temporada Brasil, e não é fácil jogar aqui, porque o nível técnico é
bem alto. Já estou bem adaptada e acredito que melhorei como jogadora,
principalmente no ataque, já que aqui tem que ser inteligente e pensar bastante
no melhor ataque a ser efetuado porque as centrais são muito boas no bloqueio.
A cada dia vou crescendo um pouco mais e superando as dificuldades.
Como lida com a
responsabilidade de ser a principal arma de ataque, especialmente nesta reta
final?
Nos meus últimos anos jogando pela seleção cubana tive essa responsabilidade,
porque algumas jogadoras mais experientes deixaram o time. No início fiquei um
pouco nervosa, mas conversei com o treinador e passei a trabalhar ainda mais
para assumir essa responsabilidade. Aqui no Brasil não me considero a principal
atacante do Osasco. Eu me considero uma jogadora importante, assim como as
outras, e que está sempre empenhada em dar seu melhor. Contribuindo com um bom
desempenho no ataque estou ajudando a equipe e isso é o mais importante. Temos
atacantes muito boas na equipe.
Acha que vai ser
mais marcada pelo Sesi? O que espera do confronto?
Acredito que sim. Sempre vou ser estar marcada, então tenho que me preparar bem
psicologicamente. Tenho que estar forte porque sempre terei um bloqueio duplo
pela frente. Dificilmente farei um ataque com apenas uma jogadora me marcando.
Estou preparada e tenho que superar essa dificuldade. Com relação ao confronto,
acho que serão jogos com bastante rivalidade. Saíra com a vitória quem jogar
mais concentrado, ponto a ponto, tiver a melhor tomada de decisão e fizer 100%
o que tem de ser feito. Estamos bem preparadas e estou confiante em um bom
resultado.
O que gosta de
fazer quando não está em quadra? Qual seu lugar favorito em São Paulo e Osasco?
Gosto muito de ver filmes, séries e sair para ir a restaurantes. A rotina de
atleta é muito puxada, então nem sempre temos muito tempo. Aqui no Brasil fico
muito feliz quando me convidam para um churrasco.
Você já está há
muito tempo longe de Cuba. De que mais sente saudades de Cuba?
Brasil e Cuba tem muitas coisas em comum, como por exemplo as pessoas, que são
muito alegres e receptivas. De Cuba sinto saudades da minha família e dos
amigos. Mas estou feliz no Brasil e minha vontade é ficar por mais tempo.
Você acha que sua
experiência no Brasil pode ajudar a seleção cubana? Acredita que pode jogar nas
Olimpíadas de 2016?
A experiência no
Brasil certamente pode me ajudar na seleção cubana. Tenho muita vontade de
jogar as Olimpíadas de 2016. Já tive a chance de participar dos Jogos de Pequim,
em2008, quando perdemos para o Estados Unidos na semifinal, e fiquei triste por
não ganhar uma medalha. Gostaria de jogar novamente por Cuba, mas se não
acontecer tenho vontade de ao menos assistir às minhas amigas de time (Thaísa,
Dani Lins, Adenízia e Camila Brait) jogando pelo Brasil. Seria uma experiência
maravilhosa.