A cada dia o governo é surpreendido pelo Congresso. Uma tremenda confusão para aprovar as medidas de ajuste fiscal.
O que é pior para o governo não é não aprovar o ajuste, adiar a aprovação do ajuste. É aprovar o desajuste como são essas medidas que surgem a cada momento, uma surpresa a cada dia. Como por exemplo, a mudança das regras de aposentadoria que pode até acontecer mas tem que ser fruto de uma negociação, de uma reforma, de uma proposta, de uma decisão madura e não de repente. Surge como um jabuti no meio de um projeto.
E agora esse aumento dos servidores do judiciário. Não pode ser dessa forma. E todo dia o governo está tendo uma aprovação de um gasto a mais quando ele está tentando cortar gastos. Aí realmente fica difícil.
Todo dia o governo é surpreendido
Chegou a esse ponto por falta coordenação política. Não estou falando do trabalho do vice-presidente Michel Temer que até melhorou um pouco o clima. Mas o trabalho da presidente da República. Ela tem que se envolver mais e negociar mais. É conversar, convencer. Ela precisa convencer, inclusive, o seu partido, o PT, que não está convencido da necessidade de ajuste fiscal.
Fica difícil se até o partido da presidente não aceita. E quando falo em negociar não estou falando em distribuir cargos não. Estou falando em convencer. Quem lidera a coalizão, no presidencialismo de coalizão, precisa todo dia conversar e tentar convencer do caminho escolhido para organizar as crises.
No caso, essa crise econômica foi criada pela própria presidente no primeiro mandato quando gastou demais de forma descontrolada. Criando a necessidade de um ajuste.