06/03/2015 20h07 - Atualizado em 07/03/2015 19h54

Suposto amante de socialite confessa falso depoimento, diz delegado no AM

Titular da DEHS disse que Marcos Souto 'está preocupado' com casamento.
Empresário deve seguir para Cadeia Pública Vidal Pessoa no sábado (7).

Camila HenriquesDo G1 AM

Empresário Marco Souto deverá ser encaminhado à Cadeia Pública   (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Empresário Marcos Souto deverá ser encaminhado à Cadeia Pública (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

O titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Ivo Martins, disse ao G1 que o empresário Marcos Souto confirmou que o depoimento dado na manhã desta sexta-feira (6)  é diferente ao realizado cinco dias após o crime. Souto é apontado como pivô da tentativa de homicídio de Denise Silva, ocorrida no fim de 2014. Ele foi preso após negar envolvimento com Denise e com a principal suspeita do caso, a socialite Marcelaine Schumann. Em depoimento dado anteriormente, Souto havia dito que conhecia as duas.

Segundo Martins, Souto disse ter mudado o depoimento por medo de prejudicar seu casamento. "De fato, ele estava preocupado com o casamento. Ele disse que não tinha intenção de mentir. Estava muito nervoso", comentou o delegado. "Ele está arrependido de ter dado um depoimento diferente", acrescentou.

No sábado (7), o empresário será encaminhado à Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. "Ele responderá por falso testemunho majorado", informou o delegado.

No primeiro depoimento, ele afirmou conhecer Denise, "mantendo com ela há dois anos e um mês uma amizade estreita, em que trocavam ligações, mensagens telefônicas e se encontravam com frequência".

O G1 tentou falar com o empresário na saída do depoimento na DEHS, mas ele não quis dar entrevistas.

A suspeita de encomendar o crime, Marcelaine Schumann, e mais três réus do caso são ouvidos, na tarde desta sexta-feira, na audiência de instrução do crime no TJ-AM. A audiência teve início com uma hora de atraso. De acordo com o juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, o marido de Denise e Marcos foram ouvidos como testemunhas de acusação. A vítima também prestou depoimento nesta sexta-feira.

Marcelaine Shumann é suspeita de mandar matar Denise Silva em stacionamento de academia, em novembro de 2014 (Foto: Divulgação/Polícia Civil)Marcelaine Shumann é suspeita de mandar
matar Denise Silva  (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Entenda o caso
Denise Silva foi baleada no dia 12 de novembro de 2014 no estacionamento de uma academia localizada na Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus. O atirador disparou três vezes contra o carro em que ela estava. Dois tiros atingiram a vítima. A ação foi registrada pelo circuito de vigilância do estabelecimento.

Ela foi levada para o Hospital 28 de Agosto, e depois transferida para uma unidade de saúde particular da capital. A mulher recebeu alta dois dias após o crime, mas ainda está com um projétil alojado na coluna.

Além de Marcelaine, quatro pessoas foram presas pelo crime. "A mandante criou na cabeça dela que o namorado estava tendo um caso com a Denise. Ela ofereceu R$ 7 mil para que o executor matasse ou aleijar a vítima, mas eles receberam apenas R$ 4 mil", disse o delegado Paulo Martins, então titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), logo após a prisão de três pessoas envolvidas no crime.

Rafael Leal dos Santos, de 25 anos, conhecido como "Salsicha", é apontado como o atirador. Ele foi preso na casa do avô na cidade de Anori, a 234 km de Manaus. O homem teria recebido R$ 3.500 pelo crime.

Denise Silva foi baleada ao sair de academia (Foto: Arquivo Pessoal)Denise Silva foi baleada ao sair de academia
(Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de ser preso, Rafael confessou a tentativa de homicídio e apontou a participação de outras duas pessoas no crime: Charles Mac Donald Lopes Castelo Branco, de 27 anos, que teria negociado o crime com a mandante, e Karen Arevalo Marques, de 22 anos, que intermediou o aluguel da arma usada na tentativa de homicídio. Karen e Charles foram presos na Rua Miratinga, bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus.

No dia 19 de dezembro, a polícia prendeu o vigilante Edney Costa Gomes, de 26 anos, por envolvimento no crime. Ele teria sido o responsável por indicar e fornecer contatos de "Mac Donald" - primo dele - e de Rafael Santos (autor dos disparos). De acordo com a polícia, Edney foi procurado por um vigilante que era colega de faculdade da socialite para cometer o crime. Ele teria recusado uma proposta de R$ 6.500 por medo.

Segundo a Polícia Civil, no dia em que o crime ocorreu, Marcelaine - que é casada com um empresário - viajou para o exterior. Ela retornou à capital do Amazonas no dia 5 de janeiro deste ano, e foi presa pela Polícia Federal ao desembarcar no Aeroporto Inernacional Eduardo Gomes, na Zona Oeste de Manaus.

Após realizar exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), a socialite foi levada para o Centro de Detenção Provisório Feminino (CDPF), localizado no km 8 da BR-174 (Manaus/Boa Vista).

Dez dias depois de voltar a Manaus, Marcelaine foi ouvida pela Polícia Civil. No depoimento, ela negou o crime, mas foi indiciada. De acordo com a polícia, a intenção da socialite era matar ou aleijar a vítima.

 

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