O titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Ivo Martins, disse ao G1 que o empresário Marcos Souto confirmou que o depoimento dado na manhã desta sexta-feira (6) é diferente ao realizado cinco dias após o crime. Souto é apontado como pivô da tentativa de homicídio de Denise Silva, ocorrida no fim de 2014. Ele foi preso após negar envolvimento com Denise e com a principal suspeita do caso, a socialite Marcelaine Schumann. Em depoimento dado anteriormente, Souto havia dito que conhecia as duas.
Segundo Martins, Souto disse ter mudado o depoimento por medo de prejudicar seu casamento. "De fato, ele estava preocupado com o casamento. Ele disse que não tinha intenção de mentir. Estava muito nervoso", comentou o delegado. "Ele está arrependido de ter dado um depoimento diferente", acrescentou.
No sábado (7), o empresário será encaminhado à Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. "Ele responderá por falso testemunho majorado", informou o delegado.
No primeiro depoimento, ele afirmou conhecer Denise, "mantendo com ela há dois anos e um mês uma amizade estreita, em que trocavam ligações, mensagens telefônicas e se encontravam com frequência".
O G1 tentou falar com o empresário na saída do depoimento na DEHS, mas ele não quis dar entrevistas.
A suspeita de encomendar o crime, Marcelaine Schumann, e mais três réus do caso são ouvidos, na tarde desta sexta-feira, na audiência de instrução do crime no TJ-AM. A audiência teve início com uma hora de atraso. De acordo com o juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, o marido de Denise e Marcos foram ouvidos como testemunhas de acusação. A vítima também prestou depoimento nesta sexta-feira.
matar Denise Silva (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Entenda o caso
Denise Silva foi baleada no dia 12 de novembro de 2014 no estacionamento de uma academia localizada na Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus. O atirador disparou três vezes contra o carro em que ela estava. Dois tiros atingiram a vítima. A ação foi registrada pelo circuito de vigilância do estabelecimento.
Ela foi levada para o Hospital 28 de Agosto, e depois transferida para uma unidade de saúde particular da capital. A mulher recebeu alta dois dias após o crime, mas ainda está com um projétil alojado na coluna.
Além de Marcelaine, quatro pessoas foram presas pelo crime. "A mandante criou na cabeça dela que o namorado estava tendo um caso com a Denise. Ela ofereceu R$ 7 mil para que o executor matasse ou aleijar a vítima, mas eles receberam apenas R$ 4 mil", disse o delegado Paulo Martins, então titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), logo após a prisão de três pessoas envolvidas no crime.
Rafael Leal dos Santos, de 25 anos, conhecido como "Salsicha", é apontado como o atirador. Ele foi preso na casa do avô na cidade de Anori, a 234 km de Manaus. O homem teria recebido R$ 3.500 pelo crime.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Depois de ser preso, Rafael confessou a tentativa de homicídio e apontou a participação de outras duas pessoas no crime: Charles Mac Donald Lopes Castelo Branco, de 27 anos, que teria negociado o crime com a mandante, e Karen Arevalo Marques, de 22 anos, que intermediou o aluguel da arma usada na tentativa de homicídio. Karen e Charles foram presos na Rua Miratinga, bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus.
No dia 19 de dezembro, a polícia prendeu o vigilante Edney Costa Gomes, de 26 anos, por envolvimento no crime. Ele teria sido o responsável por indicar e fornecer contatos de "Mac Donald" - primo dele - e de Rafael Santos (autor dos disparos). De acordo com a polícia, Edney foi procurado por um vigilante que era colega de faculdade da socialite para cometer o crime. Ele teria recusado uma proposta de R$ 6.500 por medo.
Segundo a Polícia Civil, no dia em que o crime ocorreu, Marcelaine - que é casada com um empresário - viajou para o exterior. Ela retornou à capital do Amazonas no dia 5 de janeiro deste ano, e foi presa pela Polícia Federal ao desembarcar no Aeroporto Inernacional Eduardo Gomes, na Zona Oeste de Manaus.
Após realizar exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), a socialite foi levada para o Centro de Detenção Provisório Feminino (CDPF), localizado no km 8 da BR-174 (Manaus/Boa Vista).
Dez dias depois de voltar a Manaus, Marcelaine foi ouvida pela Polícia Civil. No depoimento, ela negou o crime, mas foi indiciada. De acordo com a polícia, a intenção da socialite era matar ou aleijar a vítima.