05/03/2015 06h27 - Atualizado em 05/03/2015 06h27

Fashion Rio não terá desfile da coleção verão 2016 em abril

Desde o fim de 2014, fórum da Firjan discute novo formato para o evento.
Estilistas cariocas mostrarão suas coleções na São Paulo Fashion Week.

Lilian QuainoDo G1 Rio

Rick Genest (Foto: Raul Zito/G1)Rick Genest, o garoto zumbi, desfilando
pela Ausländer, destaque no Fashion Rio
Verão 2012 (Foto: Raul Zito/G1)

Os cariocas vão ficar sem os desfiles de moda da coleção verão 2016 do Fashion Rio: o evento, que tradicionalmente acontece em março, não vai ser realizado neste primeiro semestre. A semana de moda carioca está tendo seu modelo estudado pelo Fórum Empresarial da moda, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de janeiro (Firjan), detentora do evento, e poderá acontecer no segundo semestre, segundo a gerente de Marketing da grife Lenny Niemeyer, Flávia Leal. A estilista, assim como a colega Alessa, participam do fórum comandado por Oskar Metsavaht, criador da Osklen.

Marcas tradicionais do Rio como Lenny Niemeyer, Salinas, Andrea Marques e Patricia Viera apresentarão suas coleções verão 2016 na São Paulo Fashion Week, entre 13 e 17 de abril.

E com o cancelamento do Fashion Rio, a Casa Geração Vidigal criou o evento “Só sobrou a rua” e, nesta quinta-feira (5), às 18h, faz o desfile da "Coleção Rio 450 Anos" de seus alunos em Ipanema, na Zona Sul, na Praça General Osório. A apresentação será em forma de flash mob, mostrando 20 looks desenvolvidos sob a orientação de marcas como Casa Mosquito, Favela Hype, Gilda Midani, Luli Bevilaqua, Marcela B, Movin, Parceria Carioca, Wasabi e Zigfreda. 

Os desfiles de novembro de 2014, para apresentar as coleções inverno 2015 também não aconteceram.  Na ocasião, Paulo Borges, CEO da Luminosidade, responsável pela operação do Fashion Rio, falou sobre a criação do fórum e disse que o desafio do grupo era não apenas reformular o evento, mas rediscutir toda a estratégia para o mercado de moda carioca.

“Processos de transformação fazem parte do DNA da moda como um todo e não pode ser diferente com o mercado. É sempre positivo quando os players se organizam para discutir, combinar e propor os rumos para o setor”, disse então.

A Firjan explicou que o Fórum Empresarial de Moda é um espaço de articulação e mobilização empresarial, que tem como objetivo construir e analisar propostas para o setor.

“Discute estratégias para desenvolver as empresas por meio de ações de informação, negócios, acesso a mercado e educação. O projeto, que teve sua primeira fase iniciada em 2001 e desenvolvida até 2011 foi reestruturado em 2014 com um alinhamento do conceito da Indústria Criativa, revendo o plano de atuação para moda de acordo com as demandas empresariais e novos modelos industriais emergentes no setor”, explica a Firjan.

'Repensar o Fashion Rio não é diminuir, é crescer'
A estilista Alessa, uma das participantes do fórum, diz que tem enorme e orgulhoso prazer de fazer parte do grupo que está pensando no Rio, na moda, e no Fashion Rio:

“Repensar o Fashion Rio não é diminuir, é crescer. Uma marca forte é interessante para a cidade, para o Brasil e para a exportação de imagem e produto. A moda do Rio de Janeiro pode ter esta marca”, afirma.

A estilista diz que para que o Fashion Rio funcione é fundamental ter uma curadoria criativa permanente que direcione o evento.

“Existem grandes empreendedores de moda no Rio, que, além de criativos, são os empresários da sua marca, e, por isto, conseguem crescer, porque têm a visão criativa aliada à visão de negócios. Temos instituições motivadoras e investidoras como Firjan, Abit, Apex, temos a lei Rouanet. Temos tudo para exportar o Rio de Janeiro em território nacional e internacional”, afirma.

Para ela, a ausência do Fashion Rio trouxe uma nova discussão para a moda:

“O assunto surge em todos os grupos, da areia ao asfalto. As pessoas sentem falta, querem participar, têm ideias para contar, têm saudades, ficam indignadas, querem dar sua opinião, marcar uma posição, não querem estar de fora, ficam curiosas, querem fazer também. E isso é o mais importante, que a moda continue sendo pelo Rio como eu acredito que a moda é: movimento”, diz.

Alessa explica que o Rio de Janeiro tem destaque nas áreas criativas de design, arte, música, cinema e que sempre existe uma figura empreendedora que consegue transformar esta criatividade em cultura acessível comercialmente através de eventos setorizados.

“Na moda é preciso existir este personagem, único ou coletivo, que direcione esta vocação da cidade para o território nacional e internacional provocando desejo e curiosidade. Cariocaholic é a minha expressão para este sentido e já virou camiseta”, diz. 

Alessa explica que as discussões do fórum têm em foco fatores do mercado nacional e internacional. E para ela, o turismo é um forte aliado para acrescentar vendas em momentos em que a economia regional não ajuda.

Alessa num look do Desfile Barroco (Foto: Daniel Silveira/Marcio Madeira)Alessa num look do Desfile Barroco
(Foto: Divulgação/Marcio Madeira)

“Sempre existe uma tentativa de se adequar e aproveitar as oportunidades e tendências da economia. O câmbio agora está novamente favorável à exportação. Um evento como o Fashion Rio tem o poder de ser o veículo cultural da cidade para divulgar sua imagem e gerar negócios. Um evento com conceito e conteúdo pode acontecer em qualquer data ou cidade. Rio de Janeiro a dezembro, de verão a inverno”, diz.

A estilista afirma que a capacitação de mão de obra é um tema que deve ser considerado.

“Na confecção sempre será necessário o artesanal, que são profissionais de corte, modelagem, costura, beneficiamentos, mas estas áreas não estão atraindo mais os jovens no mercado de trabalho”, explica.

Para ela, é importante conseguir atrair essa mão de obra para que a confecção seja no Rio e não no mercado externo e incentivo fiscal e na área trabalhista deve ser discutido com uma visão do futuro.

“A moda gera emprego e este emprego deve ser aqui no Rio. Em momentos de crise, sempre surge a criatividade e o fortalecimento que vai ter resultado nos tempos melhores”, diz.

Sobre a suspensão do desfile de novembro de 2014, Alessa explica que, no calendário nacional e internacional da moda, a semana de moda do Rio era a última a desfilar.

“Compradores e imprensa sofrem um esgotamento visual e físico neste processo, principalmente se o conteúdo não é surpreendente. O evento tinha a mesma dimensão do verão, mas não comportava em quantidade nem qualidade”, diz.

Alessa diz que sempre desfilou todas as edições do Fashion Rio, inverno e verão, com uma moda autoral e atemporal, e no inverno da marca, que dura só 4 meses do ano, com um perfil com características opostas e complementares a estação, para sobressair e aquecer com cores e temas quentes como foi a coleção “Doce Lar” com estampas de cupcakes, jujubas e confete.

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