29/09/2014 18h48 - Atualizado em 29/09/2014 19h55

Seca do Rio Pará prejudica turismo e lazer em Pitangui, MG

Na 'Prainha', banhistas caminham onde antes era possível mergulhar.
Aguapés se reproduzem na areia e moradores afirmam ser a pior seca.

Ricardo WelbertDo G1 Centro-Oeste de Minas

seca-prainha-pitangui-1 (Foto: Ricardo Welbert/G1)Cascalho toma lugar da água em trecho onde rio secou (Foto: Ricardo Welbert/G1)

O baixo nível de água no Rio Pará tem prejudicado o turismo ambiental na zona rural de Pitangui, no Centro-Oeste de Minas Gerais. O local conhecido como "Prainha" recebe milhares de visitantes todos os anos. São banhistas e pescadores atraídos pelo lugar, que recebeu esse nome devido à semelhança com uma praia. Hoje, a cena é outra. A quantidade de areia exposta, que antes era o fundo do rio, lembra as dunas de um deserto. 

O mecânico Joel dos Santos frequenta a região aos fins de semana junto com a família. Ele mostra um trecho do rio onde a água era funda e dava para mergulhar. Hoje, só é possível caminhar no trecho. “Diminuiu bastante a água. Tá muito ruim. Não dá mais pra pescar, porque não tem peixe”, relata. (Veja relato no vídeo abaixo)

 Mesmo com a água rasa, a mulher de Joel, Maria Aparecida dos Santos, fica atenta à segurança dos filhos de dez anos enquanto eles brincam na água. “É a preocupação normal de mãe, mas o risco de afogamento diminuiu muito. Até as crianças conseguem andar onde antes não era possível”, ela conta.

Na margem do rio, aguapés se reproduzem até mesmo na areia. As plantas acumulam restos de lixo e peixes mortos, o que gera mau cheiro. Segundo a bióloga Samira Diniz Resende, essas plantas são tipicamente aquáticas, mas conseguem se adaptar a situações de seca. “Como a água do rio diminui em ritmo acelerado, esses vegetais conseguem ocupar outros ambientes, em busca da sobrevivência. Por ficar próxima ao curso d'água, a areia ainda oferece condições mínimas de umidade e nutrientes necessários à planta”, explica.

Waldir Ferreira Barcelos conhece o trecho do Rio Pará como a palma da mão. Morador da região, ele pesca quase todos os dias. “Moro aqui faz 51 anos e nunca vi uma seca tão braba assim. Se não chover logo, não sei como vamos ficar”, diz.

joaquim-maximiano (Foto: Ricardo Welbert/G1)Joaquim da Fonseca mostra trecho da Prainha,
antes banhado pelo rio (foto: Ricardo Welbert/G1)

O fazendeiro Joaquim Maximiano da Fonseca tem 64 anos e sempre morou às margens do Rio Pará. Dono de oito ranchos na Prainha, ele aluga os imóveis para turistas. Todo fim de semana recebe caravanas de várias cidades, principalmente Belo Horizonte. “Em toda época de seca, o nível do rio diminui bastante. Já estou até acostumado com isso. Só que, desta vez, secou demais e, com isso, o movimento também caiu. Ficou muito ruim para os pescadores. Ainda mais com essa quantidade de aguapés”, reclama.

Previsão do tempo
Segundo o instituto Climatempo, a previsão do tempo para esta segunda-feira (29) em Pitangui inclui aumento de nuvens, com pancadas de chuva a tarde e a noite. O mesmo está previsto para terça (30) e quarta-feira (1º).

 

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