Jade Barbosa sabia que era difícil recuperar a boa forma a
tempo de ser convocada para os Jogos Pan-Americanos de Toronto depois de dez
meses longe das competições, mas mantinha acesa uma chama de esperança. Nesta
terça-feira, a ginasta de 23 anos teve a recompensa pelo trabalho de
recuperação da cirurgia no joelho esquerdo: ela herdou a vaga de Rebeca Andrade
na delegação brasileira para a competição no Canadá, entre 10 e 26 de julho -
Rebeca sofreu uma lesão no joelho direito e foi cortada de última hora. A lista
de convocadas da seleção feminina de ginástica artística também conta com a
veterana Daniele Hypolito e as jovens Flávia Saraiva, Julie Kim Sinmon, Letícia
Costa e Lorrane dos Santos.
- Qualquer uma que ficasse de fora neste momento
faria falta, ainda mais a Rebeca que tem tido resultados tão bons, mas estou
gostando muito do comportamento das meninas, que estão mostrando superação
diante desse imprevisto. Temos que seguir em frente. É claro que é um
momento difícil (perder a Rebeca), ainda mais por estarmos tão perto do Pan,
mas que a equipe está superando muito bem. As meninas querem mostrar que podem
conquistar bons resultados de qualquer forma. Estamos indo para Toronto com uma
equipe muito forte. São as melhores ginastas do Brasil. Temos feito
treinamentos diários intensos para estarmos preparadas - disse Georgette
Vidor, coordenadora da seleção feminina de ginástica.
Veja também:
CBG leva ginastas mais completos ao Pan de olho em luta por vaga olímpica
Dona de dois bronzes em Mundiais, Jade voltou às competições
há duas semanas no Campeonato Sul-Americano. Ela ainda não está pronta para
apresentar suas séries mais fortes nos quatro aparelhos, por isso só competiu na
trave e nas barras assimétricas, aparelho em que ela se destacou e se sagrou
campeã - a ginasta também levou o ouro por equipes na competição continental.
Apesar de estar convocada para o Pan, a princípio, Jade será a reserva da
equipe. Ela está sendo preparada para estar com força total no Mundial de
Glasgow, em outubro, quando a seleção tem a primeira chance de se classificar por
equipes para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
Com a ausência de Rebeca Andrade, que rompeu o ligamento
cruzado anterior do joelho direito e ficará cerca de oito meses longe das
competições, Flávia Saraiva carrega as maiores esperanças de medalhas
individuais em Toronto. Com 15 anos e apenas 1,33m, a baixinha já ganhou status
de xodó dos fãs brasileiros - levou o prêmio de Atleta da Torcida do Comitê
Olímpico do Brasil no ano passado - e pode brigar por pódio especialmente na
trave.
Aos 30 anos, Daniele Hypolito foi convocada para participar
dos Jogos Pan-Americanos pela quinta vez. Dona de nove medalhas da competição
continental e de uma prata no Mundial de 2001, a veterana mostrou que está em
boa forma durante o Sul-Americano. Ela foi campeã por equipes, do individual
geral, do salto e da trave, além de ficar com a prata do solo - foram cinco
medalhas de um máximo de seis.
Letícia Costa esteve na equipe do Brasil nos dois últimos
Mundiais e teve um crescimento nesta temporada. Ela foi vice-campeã do
individual geral no Sul-Americano e também levou o ouro no solo e por equipes,
além de um bronze na trave. Julie Kim Sinmon, que estreou em Mundiais no ano
passado, também mostrou uma evolução neste ano. Lorrane dos Santos, por sua
vez, teve seu primeiro ano como adulta atrapalhado por cirurgias nos ombros,
mas se recuperou e está pronta para sua primeira grande competição à frente da
equipe brasileira.
O grupo viaja para Toronto neste sábado. O time masculino,
que é liderado pelo campeão olímpico Arthur Zanetti, embarcou no último sábado
para a aclimatação em Colorado Springs, nos Estados Unidos.