Chamar o duelo entre Tigres e Inter de apenas um jogo de futebol é menosprezar a grandiosidade do confronto da noite desta quarta-feira, no Estádio Universitario, o “El Volcán”. Tratou-se de um evento acima de qualquer expectativas e com ares de surrealismo, como se fosse uma pintura da mexicana Frida Kahlo. A queda colorada na Libertadores, com a derrota por 3 a 1, teve um universo a parte, muito além dos 90 minutos.
LEIA MAIS
> Confira os lances da derrota do Inter
> Piffero diz que Inter "caiu de pé" e cutuca Grêmio
> Colorados falam em apatia após eliminação
> Sobis exalta jogo perfeito do Tigres
> Cornetas invadem web após queda do Inter
> Inter vira presa fácil e cai na Libertadores
Festa de uma torcida ensandecida, um Tigre gigante, assim como mariachis
a beira do campo foram alguns recordes desse duelo que se tornou épico.
A partir de então, o GloboEsporte.com narra com olhar próximo ao campo
de como foi essa partida.
Tigre e bandeirão
Muito antes do apito inicial, algumas
particularidades já demonstravam o que estava por vir. Enquanto o
estádio El Volcán começava a ganhar vida com torcedores, um imenso Tigre
era inflado com ar à beira do campo. Símbolo do clube, a figura ganhou
estatura de quase dois anéis e permaneceu ali, como se fosse um
personagem mítico, até minutos antes de os jogadores ingressarem em campo. Uma profecia de que o time local também seria gigante em campo.
Já
com os atletas no gramado, foi a vez de a torcida aparecer. Durante a
execução dos hinos nacionais, duas bandeiras gigantes foram estendidas
nas arquibancadas. Uma delas, com o símbolo do México, como um claro
recado de que o país inteiro estava contra o Inter naquele momento.
Pressão do Vulcão
Toda
aquela expectativa para os perigos do fator local se tornaram reais e
problemáticas. Assim que o árbitro deu o apito inicial, o El Volcán
entrou em erupção a partir da voz de 43 mil almas mexicanas presentes.
Reconhecida
como a torcida mais apaixonada do México, os torcedores “grunhiam” como
se fossem tigres, berravam, cantavam. Nesse clima, o covil mexicano se
tornou uma verdadeira panela de pressão.
Precisão francesa
Ele
já havia demonstrado qualidade nos primeiros 90 minutos, mas faltava o
gol. Desta vez, Gignac não falhou a pontaria. Pelo contrário, o
grandalhão centroavante francês mostrou precisão para abrir o marcador e
encaminhar a classificação felina.
Aos 29 anos, Gicnac
vibrou como se fosse um garoto. Correu em direção ao banco de reservas e
voou no ar, dando um soco no ar. Justificou o fato de ser chamado de
contratação “bomba” pela imprensa local. E esteve próximo de marcar
outras vezes.
Efeito Aquino
Gignac era a
referência na área, enquanto Rafael Sobis assumiu a responsabilidade no
aspecto da liderança. Mas, se o Tigres conseguiu a vitória, muito foi
pelo corredor Aquino. Meia-esquerda, o mexicano era imparável. Na gíria
do futebol, poderia ser chamado de “liso”, o cara que não encontra
marcação.
Aquino abriu espaços na defesa do Inter e
deitou e rolou para cima de William. Quando entrou na área a dribles,
acabou derrubado, em pênalti não convertido por Sobis.
Sobis, um capítulo à parte
Duas
vezes campeão da Libertadores pelo Inter, Rafael Sobis foi o personagem dessas
semifinais. Quando D’Alessandro tentava falar como juiz, lá estava o
camisa 9 do Tigres pronto para reclamar. Ele também chamou a
responsabilidade, queria que o jogo passasse por ele.
Sobis
tem somente seis meses de Tigres, mas já conquistou tamanha idolatria
que parece estar há anos no clube. No segundo tempo, quando Aquino foi
derrubado dentro da área, tirou a bola da mão de Gignac e
pediu para efetuar a cobrança. Como era Alisson - seu amigo pessoal - no
gol, mudou a forma de fazer a cobrança e acabou vencido pelo arqueiro
colorado. Foi quando a torcida mexicana se levantou e, em uníssono,
começou a apoiar o atacante:
- Sobis, Sobis, Sobis!
O atacante foi o último atleta do Tigres a deixar o gramado. Saiu ovacionado de campo e ainda teve tempo de tirar selfies com torcedores, enquanto escutava um "te amo, Sobis".
Esperança curta
O
Inter não jogou bem, isso é fato. Teve poucas chances de gol, até que
Lisandro López conseguiu um raro espaço na área adversária para marcar
em chute cruzado, aos 43 minutos.
Se o Inter fizesse mais um gol,
estaria classificado para a final. Mas, com poucos minutos do final,
pesou o nervosismo, multiplicado pela ansiedade. Esses dois sentimentos
juntos geraram excessivas bolas de ligações diretas, até que o árbitro
apitou o final do jogo.
Choro e Mariachis
Com
o apito final, veio a desclassificação do Inter, seguida de choro.
Alisson caiu no gramado sozinho, antes de ser consolado por outros
jogadores. Escolhido para o exame antidoping, D’Alessandro cruzou o
campo com lágrimas nos olhos, enquanto fogos de artifício eram lançados ao céu e uma chuva de confetes invadia o campo.
E então, veio a festa, um
tanto surpreendente para brasileiros. Dezenas de mariachis – músicos
tradicionalistas do México – entraram em campo e iniciaram um show. E a
vitória do Tigres virou uma verdadeira festa, que já entrou para a
história do clube e do país.
Confira as notícias do esporte gaúcho no globoesporte.com/rs