Política

Protesto em Brasília reúne cerca de 45 mil pessoas

Manifestantes protestaram de forma pacífica em frente ao Congresso Nacional contra situação política e econômica do país

BRASÍLIA - As manifestações contra o governo na capital do país começaram por volta das 9h. Logo no início da manhã, as pessoas já se concentravam em frente ao Museu da República. Antes de chegarem ao local, os manifestantes eram revistados pela Polícia Militar. Às 10h30, eles iniciaram uma caminhada em direção ao Congresso Nacional. De acordo a PM, cerca de 45 mil pessoas participaram do ato. Para os organizadores, esse número chegou a 150 mil.

No final das manifestações foram presas duas pessoas que, segundo a PM, estavam incitando a violência. Houve um confronto, com bombas de gás, iniciado após manifestantes tentarem se aproximar do Congresso Nacional. Duas pessoas ficaram feridas. Foram dois mil policiais atuando na segurança, bloqueando o acesso ao Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Usando roupas com as cores da bandeira do Brasil, os manifestantes carregavam faixas pedindo o fim da corrupção, o impeachment da presidente Dilma e gritavam palavras de ordem contra a situação política e econômica do país. Em vários momentos eles cantaram o Hino Nacional. Um dos carros de som pedia intervenção militar.

Boa parte da manifestação ocorreu em frente ao Congresso. Um grupo entrou dentro do espelho d’água e começou a balançar uma faixa verde e amarela. Outras pessoas carregavam cartazes com frases como “chega de tanto roubo” e “queremos o Brasil livre da corrupção”. A PM fez um cordão de isolamento no local e a manifestação seguiu pacífica.

Manifestação na esplanada dos ministérios de Brasília contra o governo da presidente Dilma Foto: Jorge Wilham / Agência O Globo
Manifestação na esplanada dos ministérios de Brasília contra o governo da presidente Dilma Foto: Jorge Wilham / Agência O Globo

Na manifestação, era comum ver famílias inteiras, a maior parte usando roupa verde e amarela. A aposentada Leiva Fiuza levou a família toda para o protesto.

— Quero ver a Dilma fora, porque ela mentiu e a gente não aguenta mais tanta mentira. Tudo tem que mudar. Ela quebrou a classe média, e é a classe média que gera emprego no país — declarou.

Isabela Fiuza, a neta de 7 anos, adotou o mesmo discurso:

— Cada palavra que ela diz ela mente.

Giovana Fiuza, a outra neta, de 11 anos, concorda.

— A Dilma é uma corrupta, ela roubou do Brasil. Ela não merece o chão que pisa. E olha que esse asfalto nem é bom — disse, apontando para o asfalto da Esplanada dos Ministérios.

Apesar de alguns dos presentes pedirem o impeachment da presidente, o coordenador do movimento “Limpa Brasil” e um dos principais organizadores da manifestação, Paulo Pagani, diz ser contra essa pauta:

— Não somos a favor (do impeachment). Agora o momento é de eles reavaliem os valores que eles perderam, como ética, como respeito, e principalmente cuidar da coisa pública, que é pra isso que eles foram eleitos — afirmou.

Uma jaula foi montada pelo movimento “Vem pra Rua” durante a concentração para colocar as fotos e os nomes dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento nas denúncias da Operação Lava-Jato.

— Eu sou a favor de que as investigações sejam feitas e todos os culpados sejam punidos na forma da lei. Se isso significar o impeachment da presidente, eu sou a favor — disse Maria Luísa Guido, organizadora do movimento e uma das idealizadoras da jaula.

O juiz Sérgio Moro e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foram homenageados pelos manifestantes, que afirmaram que eles mereciam ser lembrados pela coragem que tiveram de denunciar os escândalos de corrupção na Petrobras. Alguns ministros do STF, porém, não foram poupados das críticas. Do alto de um dos trios elétricos, organizadores gritaram palavras de ordem contra Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.

Nenhum dos participantes usava bandeiras de partidos. Um homem que estava com a do PT perto da multidão foi retirado pela PM para evitar transtornos.

O trânsito na Esplanada dos Ministérios foi bloqueado, assim como as ruas laterais que dão acesso ao Palácio do Planalto. Segundo a PM, o bloqueio foi necessário para impedir o fluxo de carros e garantir que os manifestantes transitem com segurança pelas ruas.

Por volta das 13h, os organizadores do evento distribuíram três mil rosas brancas, que foram deixadas no espelho d’água. Alguns manifestantes entregaram as flores para os policiais. A manifestação se dispersou e as pessoas começaram a voltar para a Rodoviária do Plano Piloto, onde cantaram mais uma vez o Hino Nacional e encerraram o protesto.