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Em vídeo, EI afirma ter decapitado refém japonês

Premier do Japão, Shinzo Abe, condena a barbárie, envia condolências à família, mas não confirma autenticidade das imagens

Imagem feita do vídeo divulgado pelo Estado Islâmico, que mostra a suposta decapitação do refém japonês, o jornalista Kenji Goto
Foto: AP/31-01/2015
Imagem feita do vídeo divulgado pelo Estado Islâmico, que mostra a suposta decapitação do refém japonês, o jornalista Kenji Goto Foto: AP/31-01/2015

DAMASCO - O Estado Islâmico divulgou neste sábado um vídeo no Twitter que supostamente mostra a decapitação do refém japonês, Kenji Goto.

O governo nipônico e os EUA tentam verificar a autenticidade do vídeo de 67 segundos de duração.

Nas imagens, um jihadista encapuzado aparece atrás de Goto, que está ajoelhado e vestido com um macacão laranja. O decapitador culpa o governo japonês pela morte do refém. O vídeo termina com a foto de um corpo no chão com a cabeça nas costas.

Dirigindo-se ao governo japonês, o jihadista disse:

— Vocês, como os seus estúpidos aliados da coalizão satânica, não entenderam ainda que somos um califado islâmico, com autoridade e poder pela graça de Deus, um Exército inteiro sedento de sangue.

Em seguida, ele ameaça o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe:

— Devido a sua insensata decisão de tomar parte em uma guerra impossível de ganhar, esta faca não somente degolará Kenji, senão que continuará causando mortes onde houver gente de vocês. Que comece o pesadelo do Japão.

O decapitador parece ser o jihadista conhecido como John, que fala inglês com um forte sotaque britânico.

‘TERRORISMO INADMISSÍVEL’

Após o anuncio da decapitação de Goto, o primeiro ministro japonês disse que não vai se render a um “terrorismo inadmissível”.

— Estou extremamente furioso por esses atos terroristas odiosos. Nunca perdoaremos os terroristas — declarou Abe, visivelmente emocionado.

Apesar de não declarar se as imagens seriam autênticas, Abe expressou suas condolências aos familiares do refém e agradeceu a ajuda de todos os países que colaboraram com o Japão nas negociações.

— Vamos continuar trabalhando com a comunidade internacional para levar os terroristas aos tribunais, não cederemos — afirmou o primeiro ministro.

Antes da declaração de Abe, o governo nipônico havia condenado a execução de Goto, jornalista free-lancer que foi sequestrado pelo Estado Islâmico em outubro de 2014.

— Um vídeo que indica que Goto foi executado está sendo difundido na Internet. Estamos indignados — declarou o porta-voz do governo Yoshihide Suga, durante uma rápida conferência de imprensa neste sábado à noite (domingo de manhã no Japão).

Em um comunicado, o presidente americano, Barack Obama, se pronunciou neste sábado sobre a possível decapitação: “os EUA condenam o odioso assassinato do cidadão japonês”. O mesmo fez o premier do Reino Unido, David Cameron: “condeno firmemente o que parece ser o assassinato espantoso de Kenji Goto”.

Em momento algum o vídeo menciona o que teria acontecido com o outro refém, o piloto jordaniano Muath al-Kasasbeh. Ele também era mantido preso e ameaçado de execução. O EI exigia a troca dos dois reféns pela terrorista iraquiana Sajida al-Rishawi, ligada à al-Qaeda e detida na Jordânia. Ela foi condenada pela tentativa de atentado a um hotel de Amã em 2005, em que a bomba que carregava não explodiu. A Jordânia afirmou, porém, que só libertaria al-Rishawi caso recebesse provas de que o piloto estava vivo. O prazo dado à Jordânia pelo Estado Islâmico expirou na última quinta-feira.

RESGATE DE US$ 200 MILHÕES

No dia 20 de janeiro, o grupo extremista divulgou um vídeo ameaçando executar dois reféns japoneses, Haruna Yukawa e Kenji Goto, em 72 horas, e exigiu por eles um resgate de US$ 200 milhões. Em 24 de janeiro, Goto aparece em um vídeo mostrando a fota da decapitação de Yukawa e implora por sua vida. No dia 27 de janeiro, em uma nova mensagem do EI, eles reivindicam a liberação de Sajida em troca do jornalista japonês e do piloto jordaniano.