Clima de medo tomou conta dos moradores do Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio. Eles denunciam que traficantes de uma quadrilha rival a que agia na região invadiram a comunidade. Casas foram queimadas e pessoas estão sendo impedidas de deixar o local. Na manhã desta quarta-feira (10), policiais militares de armas em punho percorreram várias localidades da comunidade.
Carros da PM patrulhavam os acessos à comunidade, pela Rua Visconde de Niterói, em São Cristóvão. O comércio abriu normalmente e as escolas também funcionaram. Mas as últimas horas têm sido de muito medo.
“Está meio tenso. As coisas não abrem mais à noite. Ontem (terça-feira) a gente escutava tiroteio pelos lados de São Cristóvão, bem de longe", contou uma moradora.
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Moradores denunciam que bandidos de uma quadrilha rival à que atua na comunidade invadiram o morro, por volta das 20h de terça-feira (9). Não houve troca de tiros. Ainda de acordo com as denúncias, os traficantes que chegaram queimaram casas, pintaram muros para demarcar território e impediram moradores de deixar a comunidade.
Nesta quarta, a equipe do RJTV conversou, por telefone, com moradores da Mangueira.
“Passou um bando armado. Tinha uns 50 homens ou mais, tacando fogo nas casas. Agora, no momento, eles estão entrando nas casas. Se ‘vim’ (sic) aqui em cima vai ver as ruas todas fechadas. Está complicada a situação aqui”, disse um morador que teme se identificar.
No último domingo (7), um homem morreu numa troca de tiros com policiais militares. A PM informou que o suspeito estava com uma pistola e que ele ainda não foi identificado. Homens do Batalhão de Choque reforçavam a segurança na comunidade, desde que o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira recebeu informações sobre o plano de invasão.
Segundo fontes da Polícia Civil, o clima de medo começou na semana passada, depois do assassinato de Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, ex-chefe do tráfico. Nas redes sociais, dois dias após o crime, uma pessoa afirmou que foi decretado um toque de recolher na Mangueira e na comunidade vizinha do Tuiuti.
De acordo com outra pessoa, na Mangueira moradores falam que a comunidade trocou de facção.
Além de Tuchinha, o irmão dele Alexander Mendes da Silva, o Polegar, esteve à frente do tráfico na Mangueira. Mas Tuchinha afirmava que havia abandonado o crime depois de ficar 21 anos na cadeia.
A polícia tem informações de que ele foi assassinado por vingança. Na Mangueira, funciona uma UPP desde novembro de 2011.