Bia Haddad foi do céu ao inferno no início da tarde desta
sexta-feira. Número 234 do mundo, a jovem de 18 anos teve três match points a seu
favor na quadra central, pelas quartas de final do WTA do Rio, mas permitiu a
italiana Sara Errani, 16ª do ranking, vencer o segundo set no tie-break. No
início do set de desempate, ela sentiu cãibras na coxa esquerda e abandonou
o duelo. Ela também está fora da semifinal de duplas, ao lado da
brasileira Teliana Pereira. Bia venceu o primeiro set por 6/3, perdeu o segundo
por 6/7(2) e já perdia o terceiro por 3/0 quando não pôde mais continuar em
quadra, após 2h17 de partida. Com sua campanha, a brasileira deve subir 32 posições no ranking mundial.
- Acho que comecei muito bem, acima das minhas expectativas,
e no 5/3, em que tive 40/15, não acreditei que podia estar ali. Pensei muita coisa,
pensei em ganhar o jogo e isso não existe, é o próximo ponto. Joguei emocionada
e ela começou a colocar a bola do outro lado, e deixei de fazer o que fazia.
Quando entrei no banheiro estava muito tensa e baixou a adrenalina, e senti a perna.
Mas independentemente disso foi uma excelente semana, tem que ver o lado bom, estou
feliz com o pessoal me dando força. Tenho que agradecer o Bocão, a minha família
que esteve aqui. É mais uma semana de tênis, sou nova e tenho muito a aprender.
Talvez não fosse o momento, algo está guardado. Tenho certeza de que vou chegar
onde quero - disse Bia.
No sábado, na luta para ir à final, Sara Errani terá pela
frente a sueca Johanna Larsson, número 69 do ranking, que nesta sexta-feira bateu a
alemã Dinah Pfizenmaier, com parciais de 6/4 e 6/0, e que na segunda rodada
havia eliminado a gaúcha Gabriela Cé.
O jogo
Bastou o primeiro serviço no primeiro game para Bia Haddad
mostrar seu cartão de visitas a Sara Errani. A brasileira foi agressiva todo o tempo, tanto que conseguiu a primeira
quebra logo no segundo game para chegar a 2/0, com ótimos golpes cruzados e um
saque que deixava a italiana perdida. Errani ainda tinha dificuldades de
colocar seus saques, que em nada incomodavam Bia. No terceiro game, Errani logo
tentou devolver a quebra e saiu com 0/30, mas Bia se recuperou e com um slice
na subida à rede confirmou a quebra e abriu 3/0.
Se não bastasse largar na frente, Bia chegou rapidamente a
4/0 no primeiro set, com erros não forçados de Errani. Com a própria torcida
impressionada com a atuação da brasileira, Bia ainda começou o quinto game com
uma largadinha que Errani nem se atreveu a tentar buscar. Só que a italiana
ainda não estava entregue, e num game equilibrado confirmou seu saque pela
primeira vez. Técnico de Bia, Bocão entrou na quadra na virada de lado e não
deixou Bia sair da partida.
Sara Errani voltou para a quadra mudando os golpes para
tentar de alguma forma deixar a brasileira numa situação desconfortável, mas com erros de Bia devolveu uma das quebras: 4/2. Bia não demorou a dar sua
resposta e, sem perder pontos, chegou a 5/2. Errani ainda confirmou seu serviço
em seguida, mas Bia chegou a 40/30 no oitavo game e na primeira chance de fechar
o set não desperdiçou, chegando a 6/3 em 44 minutos.
O segundo set começou mais equilibrado, com Bia, apesar de
ainda agressiva, sem conseguir a todo o momento minar as forças da italiana,
como havia feito no primeiro set. Além disso, ambas encontravam dificuldades
para confirmar seus serviços, e nenhuma delas conseguiu isso nos sete primeiros
games. Bia Haddad chegou a 4/3 no segundo set diante de uma Sara Errani que
continuava com dificuldades no saque, alguns deles a “míseros 80km/h”, que do
outro lado encontravam uma máquina de disparar bolas vencedoras.
No oitavo game, com a chance de pular na frente e se
aproximar da vitória, a ansiedade de ir a uma semifinal de forma histórica fez
Bia Haddad encurtar um pouco o braço, mas depois de desperdiçar a chance de
confirmar a quebra, a brasileira se aproveitou dos erros de Errani e chegou a
5/3 no segundo set. Foi também a primeira das duas a confirmar o serviço na
parcial.
Na chegada ao nono game, Bia fez a torcida perder o fôlego
com dois match points a seu favor no saque da italiana, mas Errani salvou ambos
e diminuiu a desvantagem. No serviço para fechar a partida, Bia sentiu ainda
mais a pressão no décimo game e nem chegou a pontuar, deixando Errani empatar: 5/5.
Mas a italiana vivia um pesadelo na
hora de sacar, com
Bia chegando a 6/5.
Para deixar a tensão ainda maior no ar, Bia chegou a
desperdiçar um terceiro match point no game seguinte e Errani levou a decisão
para o tie-break, onde venceu com autoridade por 7-2. O duelo
pedia um novo capítulo. Com o forte calor pouco depois de 15h, as duas tiveram 10 minutos de intervalo antes do reinício.
No reinício da partida para o terceiro set, Bia voltou à
quadra visivelmente com dores e demonstrando muito sofrimento. Com o primeiro
serviço, a brasileira já não sacava com a força de antes. Quebrada pela
italiana, no segundo game veio o desespero da brasileira, que levava a mão à
coxa esquerda, com cãibras, e já chorava. Bia ainda viu Errani chegar a 3 a 0 e pediu um
segundo atendimento médico, mas assim que deitou na quadra não conseguiu mais
se levantar e abandonou a partida.