Os dias de tratamento em uma clínica de São Paulo ganharam uma
animação extra para Eduarda Amorim. A armadora da seleção brasileira, que se
recupera de uma cirurgia no joelho esquerdo, entrou para
a lista das cinco candidatas ao prêmio de melhor jogadora de handebol do mundo
em 2014. Foi um início de uma forte campanha nas redes sociais por votos para
mais uma conquista de Duda, eleita a MVP do Mundial da Sérvia, em 2013
(Jogadora Mais Valiosa). Ao fim da votação nesta sexta-feira, a campeã mundial vive
a expectativa pela divulgação do resultado pela IHF (Federação Internacional de
Handebol).
- Foi uma loucura esta semana. Foi uma campanha legal. Todo
mundo ajudou: fãs, família, amigos... Todo mundo compartilhou: “Eu peguei o
e-mail do meu amigo, eu peguei o e-mail do meu papagaio” (risos). Eu pedi
bastante para as pessoas votarem. Todo mundo foi muito solidário. Foi uma
semana bem feliz. Fizemos uma luta de votação. Se vier esse primeiro lugar, vai
ser um sonho. Falaram que o resultado sai em alguns dias. Esse final de semana
eu vou viajar com a minha mãe, vai ser “light”, mas fico ansiosa, aguardando o
resultado. Mas tem que aguentar, ficar na expectativa - disse Duda.
A armadora já estava acostumada com títulos coletivos e
pessoais. Além das conquistas à frente da seleção em 2013, ela se tornou
bicampeã da Liga dos Campeões da Europa no ano passado, defendendo o húngaro Gyõri.
Duda entrou para a seleção do campeonato continental de clubes na última
temporada e foi indicada ao prêmio do melhor do mundo de 2014 de um site francês
especializado em handebol. Ainda assim, a armadora conta que se surpreendeu por
entrar na lista da IHF.
- Por mais que eu sempre tenha trabalhado para isso, é uma
surpresa ter o meu nome entre as melhores do mundo. Foi muito agradável. Recebi
a notícia quando estava assistindo ao Aberto do Brasil de tênis, no Ibirapuera.
Uma amiga me falou lá: “Eduarda, você está entre as melhores do mundo, vem aqui
me dá um abraço”. Abracei todo mundo e começamos a brincar. “Como a gente vai
conseguir votos? Vamos pegar o e-mail de todo mundo aqui no Ibirapuera” (risos). Agora é esperar o resultado - contou Duda.
A armadora brasileira concorreu com outras quatro atletas,
todas eleitas por votação de um júri especializado. São elas: a sueca Isabelle
Gulldén, a espanhola Marta Mangué, a romena Cristina Neagu e a norueguesa Heidi
Loke. As duas última já têm o prêmio no currículo - o Brasil também já
venceu em 2012, com a ponta Alexandra Nascimento.
- A Neagu é a candidata mais forte, porque ela já foi a
melhor do mundo. Ela apareceu mais vezes nessa disputa. As outras tiveram um
Campeonato Europeu muito bom, por isso estão lá. Não dá para saber. Fica com a
esperança, porque muita gente votou. Não dá para ficar confiante, depois fica
decepcionada se perder. Mas já é uma conquista está na votação, o que vier é
lucro - disse a brasileira.
A favor de Duda está a torcida brasileira e de muitos fãs
mundo afora. A armadora abraçou a campanha por votos e diz que chegou até a
incomodar algumas pessoas de tanto que pediu apoio.
- Eu pedi votos primeiramente aos amigos mais próximos. Hoje
em dia tem as redes sociais para nos ajudar. Depois uns amigos pediram para
pessoas mais famosas entrarem na campanha. Pedi a ícones do handebol. Pedi até
para gente com que eu não falava há muito tempo, acabei incomodando algumas
pessoas, mas foi por uma boa causa. Todo mundo me parabenizou, deu carinho.
Teve amiga que me falou: “Desde 2005 eu falei que isso iria acontecer”. Todas
as mensagens foram especiais. Eu sempre acreditei nisso. Significa que estou no
caminho certo. Se não vier agora, vou lutar até o fim da minha carreira para um
dia vir.
Duda sofreu uma ruptura no ligamento cruzado anterior do
joelho esquerdo durante uma partida da seleção brasileira contra a Tunísia, em
um torneio amistoso, no fim de novembro. Ela passou por uma cirurgia na Hungria
há dois meses e meio e se mudou para São Paulo para fazer o tratamento com a
fisioterapeuta da seleção, Marina Calister, na clínica Reactive.
- Uma indicação assim é motivadora para a minha recuperação.
Mostra que eu estou no caminho certo. É um incentivo muito grande. Eu e meu
marido sempre acreditamos nisso. Significa que estou no caminho certo. Se não
vier agora, vou lutar até o fim da minha carreira para um dia vir. Se eu
ganhar, vou comemorar. Vai ter uma churrascada. Tem que ter um pouquinho de
festa.
Duda ainda tem cerca de cinco meses de tratamento antes de
voltar às quadras. O técnico Morten Soubak não conta com a armadora para os
Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, mas a jogadora tem grandes chances
de estar no grupo que busca o bi mundial na Dinamarca, em dezembro.