O Brasil vai ter quatro duplas, sendo duas no masculino e duas no feminino, na disputa do vôlei de praia nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Elas serão definidas através da pontuação no Circuito Mundial deste ano. A parceria mais bem colocada em cada naipe vai ter a vaga garantida na competição, enquanto a outra será através de indicação da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol). Para Juliana, que faz dupla com Maria Elisa, o novo modelo é "um pouco arriscado". Em caso de contusão, por exemplo, o jogador pode ficar de fora do torneio internacional e, consequentemente, reduzir suas chances de carimbar o passaporte para os Jogos Olímpicos.
- A CBV está fazendo uma coisa que nunca foi feita por nenhuma outra
Confederação, né? Nunca vivi isso, mesmo antes de está disputando para
disputar uma edição das Olimpíadas. Lembro que o lance era ficar até os 45 minutos
do segundo tempo para decidir quais eram as duas duplas. É uma coisa
nova para todo mundo, e a gente vai ter que aceitar. Vamos trabalhar
pensando que precisamos fazer os oito melhores resultados da nossa vida
para se classificar para as Olimpíadas - comentou Juliana, que forma dupla com a carioca Maria Elisa e foi medalha de bronze nos Jogos de Londres ao lado de Larissa.
A melhor jogadora do Circuito Mundial em 2009, 2010 e 2011 fica um pouco apreensiva. Ela, que foi campeã do torneio em 2014 com Maria Elisa, citou até o exemplo da contusão nas vésperas das Olimpíadas de Pequim, quando sofreu uma entorse no joelho direito e precisou passar por cirurgia, ficando fora da competição.
- De repente a pessoa se
machuca em três, quatro, Grand Slams e não pode jogar, por exemplo. Não vai fazer
pontos e também não vai ter a possibilidade de lutar por isso (vaga nas Olimpíadas) no ano
seguinte. É um pouco arriscado, mas a vida do atleta é assim. Por
exemplo, quando me machuquei em 2008, me machuquei 45 dias antes das
Olimpíadas. Fico só pensando nesses
fatores que podem acontecer. É um risco que a gente corre e a
qualquer momento a contusão pode vir ou qualquer outra coisa. Isso pode
impedir de jogar algum campeonato, impedir de fazer ponto e impedir de
aparecer também. Mas é assim mesmo. Quem quer ir para Olimpíada tem que
aguentar a pressão - explicou a santista, que representa o Ceará nas areias.
Segundo a CBV, a dupla de cada naipe que obtiver o maior somatório de
pontos em oito
das dez etapas (são descartados os dois piores resultados, caso a dupla
dispute os dez eventos) do Circuito Mundial de 2015 (cinco Grand Slams, quatro
Major Series e a Copa do Mundo) estará classificada
para a Olimpíada. Já a outra dupla será definida pela entidade que
comanda o vôlei nacional no início de janeiro de 2016. Os indicados
seguirão um critério técnico, e é uma maneira de resguardar algum caso
de lesão de uma dupla, que poderá se
recuperar a tempo. Com exceção de algum imprevisto, o critério de
pontuação também deve prevalecer. O critério é bem diferente do estabelecido para as Olimpíadas de
2012. Na ocasião, os nomes foram definidos somente 40 dias antes dos Jogos de Londres, levando em conta o ranking da Federação Internacional Voleibol (FIVB).
Diferentemente de Juliana, o paranaense Emanuel prefere saber com antecedência para fazer um planejamento adequado. O parceiro do baiano Ricardo, com quem levou a medalha olímpica em Atenas 2004, garante que independente qual seja o modelo de indicação para os Jogos do Rio, ele gostou do critério. Desse modo, pode programar melhor seu o cronograma de treinos.
- Essa questão de rendimento vem através da programação. E se você der a data com muita antecedência se prepara de forma melhor. Acredito que isso é a grande essência do esporte. Não adianta que só você dizer que vai chegar bem. Tem que ter uma preparação e com um plano de datas fica bem mais fácil e para quem é realmente profissional é muito mais fácil atingir o sucesso - concluiu o paranaense, que disputou as Olimpíadas de Atlanta, Sydney, e conquistou medalha de ouro, bronze e prata em Atenas, Pequim e Londres, respectivamente.
DESAFIO MELHORES DO MUNDO À VISTA
O próximo compromisso dos atletas será o desafio Melhores do Mundo, que vai
colocar Brasil e Estados Unidos frente a frente de 26 de fevereiro a 1
de março nas areias da Praia de Copacabana. Além de Ricardo e Emanuel e Juliana e Maria Elisa, o país terá,
entre os homens, Pedro Solberg/Evandro, e Álvaro Filho/ Vítor Felipe. No feminino, Talita/Larissa, Ágatha e Bárbara e as irmãs Maria Clara e
Carol foram escaladas. Alison foi submetido a uma cirurgia para a retirada do apêndice, e desfalcará a dupla com Bruno Schmidt. Ele atuará ao lado de Oscar, parceiro de Thiago.
O time americano conta com a
tricampeã olímpica Kerri Walsh e sua parceira April Ross, atual vice-campeã
olímpica. Também prata em Londres, Jennifer Kessy faz dupla com Emily Day. Lauren Fendrick/Brooke Sweat e Jennifer Fopma/Summer
Ross completam o time. Campeão olímpico em Pequim 2008, Phil
Dalhausser forma parceria com Sean Rosenthal. As outras duplas americanas são
Jake Gib/Casey Patterson, Theo Brunner/Nick Lucena e John Hyden/Tri Bourne.
Nos dois primeiros dias da competição, cada dupla enfrenta as
adversárias do país rival, totalizando 32 partidas. As parcerias mais bem
classificadas de cada país em cada gênero fazem as finais do domingo. As
segundas duplas mais bem classificadas de cada país disputam o bronze no
sábado. As partidas da primeira fase valem um ponto, as
disputas do bronze, três pontos, e as finais, cinco. O país que
somar mais pontos será o campeão.
O evento, que distribui US$ 120 mil (cerca de R$ 310 mil), tem
transmissão ao vivo do SporTV - os assinantes do canal também podem assistir às
partidas pelo SporTV Play.