France Presse

29/10/2013 11h25 - Atualizado em 29/10/2013 13h37

Turquia inaugura túnel sob o Estreito de Bósforo, que liga Ásia e Europa

Projeto foi batizado de 'a obra do século' pelos líderes locais.
Túnel tem cerca de 14 km e 1.400 metros submersos.

Da France Presse

Os líderes turcos inauguram nesta terça-feira (29) com grande alarde, coincidindo com o 90º aniversário da República, um túnel ferroviário sob o Bósforo ligando a Ásia e a Europa, um projeto batizado de 'a obra do século'.

Após nove anos de espera, o "Marmaray", um túnel de 14 km e com uma parte submersa de 1.400 m, conectará os dois continentes sob o Estreito de Bósforo, joia da principal metrópole turca.

Os primeiros passageiros atravessarão o túnel entre a Ásia e a Europa, num trajeto que pretende facilitar o tráfego diário intercontinental de milhões de pessoas em Istambul.

"É o sonho de vários séculos que se torna realidade", declarou em agosto o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, durante a realização dos primeiros testes no túnel sob o mar de Mármara.

Trata-se, segundo o premiê, de um "sonho de 150 anos", dos tempos dos sultões otomanos.

Erdogan, ex-prefeito de Istambul, inaugurará o túnel em uma cerimônia em Uskudar. Marmaray está entre os seus "megaprojetos" urbanos, muitos deles criticados, e que alimentaram os protestos anti-governo em junho.

A inauguração coincide com o 90º aniversário da República da Turquia, fundada por Mustafa Kemal Atatürk.

O primeiro-ministro turco será acompanhado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, diretor financeiro do projeto, que custará ao todo 3 bilhões de euros.

A ideia de construir um túnel sob o Estreito de Bósforo foi citada pela primeira vez em 1860 por um sultão otomano, Abdulmedjid. No entanto, por motivos técnicos e falta de financiamento, até agora não havia se materializado.

Na década de 1990, o projeto voltou a ser cogitado devido a explosão demográfica em Istambul, cuja população dobrou desde 1998 e já ultrapassa 15 milhões.

Com o apoio financeiro do Banco do Japão para Cooperação Internacional (735 milhões de euros) e do Banco Europeu de Investimento (BEI) a construção do túnel começou em 2004, graças a uma parceria entre o Japão e a Turquia.

A obra, que durou quatro anos, foi suspensa por um longo tempo com a descoberta de uma série de tesouros arqueológicos.

O túnel, um duplo tubo submerso mais de 50 metros abaixo do leito do Bósforo, foi desenhado para resistir a terramotos de até 9 graus nesta região que registra uma forte atividade sísmica.

As autoridades esperam que o projeto, que será conectado a 75 km de novos trilhos ferroviários, acabe com o calvário dos mais de 2 milhões de pessoas que a cada dia atravessem o Bósforo por duas pontes que estão sempre congestionadas.

Mas alguns especialistas duvidam do alcance do projeto, embora o túnel tenha gerado menos críticas do que o futuro terceiro aeroporto da cidade, o canal de 45 km paralelo ao Bósforo e a terceira ponte no estreito. Todos projetos "faraônicos" denunciados como provas do autoritarismo do governo islamoconservador e sua inclinação mercantilista durante os protestos de junho.

Ainda levará vários anos para que o túnel seja totalmente concluído e opere a 100% de sua capacidade.

"O trecho em serviço é muito limitado. Tudo foi adiado para mais tarde", lamentou Tayfun Kahraman, presidente da Câmara de Urbanistas de Istambul.

Há dias, as emissoras de televisão emitem anúncios elogiando o projeto do governo. "É um sonho realizado" proclamam os anúncios, cujo principal ator é Erdogan.

Já os críticos acusam o primeiro-ministro de ter precipitado a inauguração para apresentá-lo como uma conquista nas eleições municipais previstas para março de 2014.

A Câmara de Engenheiros e Arquitetos (TMMOB) também aconselharam os turcos a não usar esta rota "por razões de segurança", algo refutado pelo prefeito de Istambul, Kadir Topbas, que jura que Marmaray é seguro.

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