26/02/2015 21h59 - Atualizado em 26/02/2015 22h13

Delator diz que iniciativa de pagar propina partia de empreiteira

Defesa de diretor preso afirma que Galvão Engenharia sofria extorsão.
Assessoria da empresa não se manifestou, informou Jornal Nacional.

Do G1, em Brasília

O engenheiro civil Shinko Nakandakari, apontado pela força-tarefa da Operação Lava Jato como o operador financeiro da Galvão Engenharia no esquema de corrupção que causou desvios de recursos da Petrobras, afirmou que a "iniciativa de oferecer vantagens indevidas" partia "sempre" da empresa, e não dos diretores da Petrobras.

Segundo a defesa de Erton Fonseca, diretor da Galvão Engenharia que está preso na carceragem da Polícia Federal no Paraná, ele só pagou porque foi "extorquido" por Nakandakari, a mando do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e do ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco.

 

O depoimento de Nakandakari, que firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), foi prestado no último dia 19 e disponibilizado nesta quinta-feira (26) pela Justiça Federal no andamento processual da Operação Lava Jato.

Nakandakari explicou no depoimento que foi contratado pela Galvão Engenharia em 2008 para "assessorar" a empresa em questões contratuais com a Petrobras.

De acordo com delator, a Galvão Engenharia só passou a ser convidada para grandes licitações da estatal após a sua intermediação.

Shinko Nakandakari afirmou que, entre 2008 e 2010, a Galvão Engenharia pagou R$ 3 milhões em propina para a aprovação de aditivos contratuais. Desse valor, R$ 900 mil ficaram com ele, e o restante (R$ 2,1 milhões) foram repassados a Duque e a Barusco.

Segundo Nakandakari, os pagamentos eram efetuados "sempre após a aprovação de um aditivo contratual" e que o dinheiro "possivelmente" era originário de "caixa 2" da empresa.

O delator afirmou ainda que entre 2010 e 2014, emitiu, por meio de uma de suas empresas, notas fiscais de prestação de serviço em nome da Galvão Engenharia para justificar o pagamento de propina. Segundo Nakandakari, neste período, ele recebeu cerca de R$ 1,9 milhão, além de ter repassado cerca de R$ 4,4 milhões em espécie para Duque e Barusco e R$ 1 milhão diretamente para Duque.

Nakandakari afirmou ainda que, entre 2013 e 2014, a Galvão Engenharia pagou R$ 400 mil a Glauco Legatti, então gerente-geral da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Segundo Nakandakari, o pagamento foi efetuado porque a equipe técnica da Petrobras era "vinculada" a Legatti.

Ao Jornal Nacional, a advogada de Pedro Barusco confirmou a relação entre o cliente e Shinko Nakandakari, como consta nos depoimentos de Barusco. Glauco Legatti disse que a acusação de Nakandakari é mentira. A assessoria de imprensa da Galvão Engenharia não se manifestou e Renato Duque não deu resposta ao contato.

VALE ESTE - Arte Lava Jato 7ª fase (Foto: Infográfico elaborado em 15 de novembro de 2014)

 

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