O Santos terminou 2014 vivendo um drama: há três meses, não pagava os salários de seus jogadores. O problema fez Arouca, Leandro Damião, Aranha e Eugenio Mena buscarem seus direitos na Justiça. O problema, de fato, foi ruim para todos, principalmente para os jovens, que não têm salários astronômicos e ainda estão se erguendo no futebol. Esse é o caso de Geuvânio, que lembra dos momentos de dificuldades até voltar a receber, no início de 2015, e dar a volta por cima para já ser um dos destaques santistas na temporada.
O atacante, de apenas 22 anos e que se destacou na temporada passada, vive com a família e ajuda a sustentá-la com o que recebe no Peixe. Nos últimos meses de 2014, porém, isso mudou. E ele teve de recorrer aos empresários para conseguir arcar com as despesas, já que não recebia salários.
- Foi difícil (ficar sem receber). Foi um momento em que tive que colocar a cabeça no lugar para
não se precipitar. Conversei com minha família, meus empresários, tive calma
para tomar as decisões certas. Sabia que eles (dirigentes do Santos) iriam cumprir
com essas obrigações. Hoje está tudo certo. Tive que economizar com
algumas coisas, tive que pedir emprestado para meus empresários, que me ajudaram
bastante. Minha família inteira depende de mim - conta.
Apesar dos três meses de salários atrasados, o que o permitiria buscar seus direitos na Justiça e deixar o Alvinegro de graça, Geuvânio não cogitou essa possibilidade. O Menino da Vila deu um "voto de confiança" ao clube que o revelou para o futebol e fala firme para negar qualquer possibilidade de sair.
- Em nenhum momento pensei nisso. Até surgiram algumas coisas envolvendo o
meu nome de que eu queria entrar na Justiça, mas isso foi uma coisa errada,
jamais falei isso, em nenhum momento saiu isso da minha boca. Não pensei
em fazer isso, porque sabia que a nova diretoria iria fazer o máximo
possível para cumprir com as obrigações. Sabia que aquilo era só uma
fase, que o Santos jamais passou por isso. Isso iria se ajustar - completa.
Agora, a fase é outra. Com os salários em dia e novos planos, Geuvânio só quer comemorar em 2015. Em três jogos disputados, ele marcou dois gols e teve boas atuações, mesmo quando não balançou as redes, como no último domingo, na vitória por 2 a 1 diante do RB Brasil, no estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto.
Confira a entrevista completa com o atacante do Santos
Começo da temporada
- Está sendo do jeito que eu esperava, estreia com dois gols, não poderia ser melhor.
Abri mão de um tempo das férias para poder treinar forte e hoje estou colhendo os
frutos.
Queda de rendimento em 2014, após o Paulista
- Isso é normal. Acontece na vida do jogador, que tem momentos bons e ruins.
Comigo não foi diferente. Mas tive cabeça tranquila, sempre treinando
forte, sabendo que poderia dar a volta por cima. Isso é natural. Quando você
está bem, as pessoas batem nas suas cosas, mostram apoio. Quando está mal,
as críticas vêm em dobro.
Responsáveis pela volta por cima
- Minha família. Sempre estiveram do meu lado, me dando apoio, tudo o que
precisava eles estavam dispostos a fazer por mim. Morei muito tempo
sozinho. Esse foi um dos fatores da minha queda de rendimento. Sempre me
virava sozinho e quando voltei a morar junto com eles, isso mudou. Não
tinha condições de poder trazê-los para Santos. Eles moravam em São Paulo.
Depois de ir bem no Paulista, tive aumento salarial e renovação de
contrato. Agora eles não querem mais sair daqui. Santos é bom demais.
Expectativa para 2015
- 2014 foi um ano em que surgi para o cenário do futebol. Nesse ano quero me firmar, mostrar quem é o Geuvânio de verdade.
Clima no elenco
- Todos estão felizes e motivados para fazer um grande ano. Estamos
conscientes de que nossa equipe tem todo potencial para fazer um belo ano. Nossa equipe está bem preparada, melhor do que no ano passado,
psicológica e fisicamente. Tivemos mais tempo para trabalhar.
Estamos fortes e unidos.
*Colaborou sob supervisão de Fúlvio Feola