(Foto: Paulo Frank/CBV)
Esporte vitorioso no Brasil, dono de inúmeras medalhas olímpicas,
títulos mundiais e prêmios individuais da FIVB, o vôlei de praia já traça seu caminho rumo ao futuro. Com as
Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, na mira para nomes consagrados como
Ricardo, Emanuel, Bruno Schmidt, Alison, Larissa, Talita, Juliana e Maria Elisa,
entre outros, as jovens promessas da modalidade direcionam o foco para os
Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
No feminino, o destaque é para a dupla em franca ascensão formada pela
sergipana Duda, de 16 anos, e pela cearense Carolina Horta, de 22. A primeira é tratada como uma joia pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e, das jovens
jogadoras do Circuito Brasileiro, é quem chama mais a atenção. Filha da ex-jogadora Cida, que sempre a acompanha nas partidas, ela foi bicampeã mundial sub-19, levou ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim,
na China, e bronze nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, no Chile. Carol Horta tem feito boas atuações e
complementa muito bem a parceria com a atleta de Sergipe.
- As Olimpíadas do Rio de Janeiro vão ser ótimas para ver, estudar e
entender como são os Jogos de verdade. Vai ser muito legal. Duplas como Talita
e Larissa e outras tão experientes quanto são muito fortes, mas estamos
trabalhando para enfrentar rivais como essas, porque nada é impossível. Claro
que elas estão muito avançadas e em um ritmo olímpico, mas nós vamos conseguir.
Isso tudo serve de experiência para nós. Queremos pegar o que elas têm de bom e
aplicar na nossa parceria – disse a sergipana, que é treinada pelo técnico Reis
Castro, heptacampeão do Circuito Mundial com a ex-dupla Juliana e Larissa.
A vida que Duda leva atualmente é voltada para o vôlei de praia. Ela
está no terceiro ano do ensino médio, o “mais difícil”, segundo ela. Mas o
próprio colégio ajuda. Os professores entendem que ela não é uma aluna comum e sabem que cobrar dela do mesmo modo que cobram de outros
estudantes só a prejudicaria em seu objetivo maior. Além disso, é um
momento para se desligar um pouco das areias. A maturidade da menina pode ser
comprovada com sua resposta quando questionada sobre o futuro.
- Eu vou fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Não vou focar muito nisso agora porque tem o esporte.
Meu futuro é o vôlei, mas posso fazer uma faculdade à distância agora ou mais
para o futuro, porque o dia que meu corpo não aguentar, eu vou precisar. No
momento, está tudo indo muito bem. Minha parceria é nova, mas está fluindo, me
sinto muito à vontade de jogar com ela (Carol Horta).
As duas estão em ótima fase. Na etapa de Fortaleza do Open,
chegaram à melhor colocação juntas. Ficaram em quarto lugar, tendo perdido a
disputa do bronze para as experientes irmãs Maria Clara e Carol, do Rio de
Janeiro. Sem pressão, elas vão trilhando seu caminho de vitórias e já desbancam
duplas experientes. Se o rótulo de “promessa da nova geração” incomoda? Pelo
contrário.
- A gente gosta. Há pessoas que nos enxergam dessa maneira, e levamos de
uma forma positiva. É só jogar à vontade e feliz que tudo vai dar certo – falou
Duda.
PRIMEIRA FINAL de etapa premiou GUTO/ALLISON
Se Duda e Carol Horta formam a dupla a ser observada entre as jovens
atletas do Circuito Brasileiro no feminino, entre os homens, esse posto é de
Guto, do Rio de Janeiro, e Allison Francioni, do Ceará, ambos de 21
anos. Na sexta etapa do Open, em Fortaleza, surpreenderam. Na semifinal,
encararam os campeões olímpicos Ricardo e Emanuel. Venceram em um duelo
emocionante. Na decisão, sucumbiram à experiência de Pedro Solberg ao lado do
parceiro Evandro, mas foram elogiados. Foi o melhor resultado da dupla na competição.
- Foi emocionante ir à final com o Brasil todo vendo. Meu sonho era
jogar uma decisão de Open. Vencer em cima de Ricardo e Emanuel na semifinal foi
inesquecível. Em jogos contra atletas desse nível, pensamos: “A torcida vai empurrá-los.
Vamos esquecer, focar na gente e se preocupar só com nossos erros, porque eles
não erram”. Todo mundo que chega em uma final é visto com outros olhos. O povo
pensa: “Opa, tem algo aí, vamos estudar esses caras” – avaliou Guto que, com o parceiro, foi
campeão mundial sub-21 em 2013.
- Foi uma alegria muito grande perceber que estamos no caminho certo, que o
trabalho vem dando resultado, mas sabemos que temos muito a melhorar - completou Allison.
Assim como Duda e Carol Horta, Guto e Allison sabem que as Olimpíadas de 2016, no
Rio de Janeiro, estão fora de seu alcance. Para isso, é preciso, primeiro,
pontuar bem no Circuito Brasileiro. Depois, começar a figurar em etapas do
Mundial e se esforçar ao máximo para chegar longe. Há ainda a briga interna
entre os brasileiros. São duas vagas no feminino e duas no masculino. Uma delas
de cada naipe é por indicação da CBV. A outra, pela classificação no Circuito
Mundial. O foco todo está em 2020, mas os Jogos na Cidade Maravilhosa também
servirão de experiência.
- Vai ser muito bom e, se puder, vou ver todos os jogos até para estudar
mesmo. Ver as Olimpíadas em casa deve ser demais. É diferente até de Mundial,
porque só tem as duas melhores duplas de cada país. É só jogão. Mas no momento
só me preocupo em evoluir e fazer meu melhor, pensar na dupla, no treino, e não
acho que a coisa de “nova geração”, “promessa”, faça diferença nesse sentido
para nós. Não nos preocupa e nem nos causa pressão – disse Guto.
- Nada é impossível, mas fica complicado para 2016. Queremos chegar afiados em 2020. O nível mundial é um nível diferente. Ter essa experiência de ver as Olimpíadas em casa, ver
outros atletas, ver o estilo de jogo, até a própria preparação das
equipes para esse campeonato é uma experiência muito boa. Vamos poder
lembrar para quando for nossa vez, em 2020 - concluiu Allison.