Política Lava-Jato

Para Marco Aurélio Mello, crimes do mensalão eram cometidos 'no varejo', mas na Lava-Jato são 'no atacado'

Depois de deflagrada a 17a fase da Operação Lava-Jato, ministro do STF diz que ‘de tédio não se morre’
Ministro Marco Aurélio Mello Foto: Jorge William / Arquivo O Globo
Ministro Marco Aurélio Mello Foto: Jorge William / Arquivo O Globo

BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira que, no mensalão, os crimes eram cometidos no varejo mas, na Lava-Jato, os atos seriam no atacado, ou seja, cometidos em grande quantidade. A comparação foi feita antes de o ministro iniciar a primeira sessão da Corte no segundo semestre.

— Quando eu tomei posse em 2006 no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), eu fiz um discurso que foi considerado muito ácido. Mas foi um discurso leve. Eu falei que (o mensalão) era o maior escândalo da República. Hoje nós temos aí esse que envolve o crime no atacado, não mais no varejo — comparou.

Marco Aurélio considerou importante que os crimes de corrupção sejam revelados e investigados pelas instituições públicas e afirmou que “de tédio não se morre”:

— De tédio não se morre. Mas o importante é que as instituições estão funcionando, a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário. A quadra, a meu ver, é alvissareira, porque não se esconde mais essas mazelas. Elas afloram a partir inclusive do que é veiculado pela imprensa. Há descoberta de fatos e, ante esses fatos, se tem os inquéritos e as ações penais. Vamos buscar novos rumos, melhores dias para o Brasil.

Na avaliação do ministro, a nova prisão de José Dirceu não influi na pena que cumpria em regime domiciliar pela condenação no mensalão. Ou seja, se a prisão preventiva pela Lava-Jato for revogada, ele poderá voltar para casa.

— Os fatos são, de início, distintos. De início, não há contaminação da prisão domiciliar — explicou.