Com a festa toda preparada para Fofão, que se despedia oficialmente das quadras em solo brasileiro, as convidadas de honra da levantadora não podiam faltar. E todas marcaram presença. A primeira a aparecer foi Natália. Com a mão cheia, a ponteira presenteou a homenageada colocando no chão uma infinidade de bolas distribuídas pela anfitriã e fez a diferença no começo da bagunça. Fabi entrou em cena logo depois, com defesas incríveis e a precisão de sempre nos passes. Juntas, as centrais Juciely e Carol se esbaldaram o tempo todo com bloqueios que mais pareciam um paredão e ataques cirúrgicos. Mais antiga do grupo, Régis preferiu chegar um pouco depois, quietinha, como de costume, mas se divertiu para valer no segundo set. Caçula das amigas, Gabi, para variar, era a mais ousada e trouxe os presentes mais inesperados. Não tão bem-vinda assim, a banda paulista das amigas sempre resolve provocar e até tenta estragar a festa da campeã olímpica em Pequim 2008, mas o anfitrião do evento falou mais alto e mostrou quem manda.
Com a experiência e a qualidade de sempre, o técnico Bernardinho escolheu o melhor repertório e foi o último a brindar uma carreira única e incomparável. Sem deixar o DJ desafinar, o Rio de Janeiro convidou as visitantes de Osasco a se retirarem cedo da Arena da Barra, neste domingo, fechou o salão com um 3 a 0, parciais de 25/21, 25/23 e 25/19, e festejou pela décima vez o título da Superliga feminina.
- Cada segundo, cada minuto. Isso aqui é muita emoção, melhor do que eu planejei, melhor do que eu imaginava. As lágrimas são de felicidade - disse Fofão, logo após o fim da partida.
Depois de cair no choro ao comemorar a vitória, a emoção continuou na cerimônia de entrega de medalhas. No alto do pódio, a levantadora teve o privilégio de receber um buquê de flores das mãos da mãe Eurides de Souza, além de uma placa do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca. Para coroar a despedida, a experiente jogadora de 45 anos ainda levou o prêmio de melhor em quadra nesta final, entregue pelo craque do vôlei de praia Emanuel. O adeus à carreira em definitivo acontecerá no Mundial de Clubes, em Zurique, na Suíça, entre 6 e 10 de maio.
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O JOGO
Quando Carcaces aproveitou um contra-ataque pela entrada de rede para
abrir o placar para o Osasco, a torcida do Rio de Janeiro sentiu um
frio na barriga. Mas o mau presságio nem chegou a se concretizar. Muito
por causa de Natália. A ponteira levantou da cama neste domingo
inspirada e foi a dona do primeiro set. Quase perfeita, a camisa 12 do
time carioca fez de tudo. Sacou, defendeu, bloqueou e, principalmente,
atacou.
Dos nove pontos anotados por Natália na vitória
parcial por 25 a 21, em 34 minutos, oito foram de ataque. O mais
decisivo foi
o 24º, pela saída de rede, quebrando uma sequência de quatro
pontos consecutivos da equipe paulista, que diminuiu uma diferença que
chegou a ser de nove para apenas dois. No ponto que fechou o set, a bola
nem voltou para o outro lado da quadra, uma vez que Mari facilitou a
vida das cariocas e pisou na linha.
O Osasco voltou melhor na
parcial seguinte e novamente saiu na frente. Só que desta vez o time
paulista incomodou por mais tempo e parecia que complicaria a vida do
Rio de Janeiro. Mas foi só impressão. O passe carioca voltou a
funcionar, e Fofão voltou a distribuir o jogo com a maestria de sempre. O
resultado foi imediato, e as donas da casa abriram 11 a 6.
Luizomar
fez e inversão do 5 em 1 e trocou Dani Lins e Mari por Diana e Ivna. As
trocas surtiram efeito, e o Osasco diminuiu o prejuízo para 12 a 9. A
diferença ainda caiu para dois com um ace de Thaísa, mas a reação parou
por aí. O saque carioca voltou a entrar, a recepção paulista deu pane e
num piscar de olhos a gordura do Rio de Janeiro voltou a ser de cinco
pontos. O time paulista ainda esboçou uma reação, mas não impediu a vitória das donas da casa por 25 a 23.
O terceiro set começou diferente. O relaxamento natural pesou para o time carioca na primeira metade da parcial. Com um volume de jogo que ainda não tinha sido apresentado, a equipe paulista abriu 11 a 7, sua maior vantagem na partida. Mas as companheiras de Fofão não podiam deixar a homenageada do dia na mão. Com uma virada sensacional, na base da garra e da superação, o time carioca fechou o set por 25/19, e o jogo por 3 a 0.