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Araras, strippers e propinas: sete causos do homem que derrubou a Fifa

Chuck Blazer, “senhor dez por cento”, é a figura mais excêntrica da história que abalou o mundo do futebol e resultou na saída do presidente Joseph Blatter

Por Rio de Janeiro

Todo bonachão, com aquela barba vistosa que o faz parecer o Papai Noel. Apaixonado por animais – de gatos a araras. Generoso, do tipo que paga a conta do restaurante. Bom de conversa – um sujeito que já papeou com o Papa João Paulo II e a Rainha da Inglaterra. Diz aí: tem como não gostar de Chuck Blazer?

Bom, se levarmos em conta que ele é réu confesso e peça central do esquema de corrupção que sugou os cofres do futebol mundial, talvez ele se torne menos simpático. Blazer, 70 anos, é um dos informantes da investigação americana que resultou na prisão de sete dirigentes do alto escalão da Fifa, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Sua confissão foi divulgada nesta quarta-feira. Ele admitiu receber dinheiro por votar na África do Sul como sede da Copa de 2010 e também admitiu que foi subornado na eleição do Mundial de 1998, disputado na França - o dinheiro teria partida do Marrocos, concorrente francês na disputa.

Com livre trânsito na Concacaf, da qual foi secretário geral por mais de uma década, e figura mais ativa do futebol nos Estados Unidos por anos, ele tem o poder para derrubar muita gente com ele. A imprensa americana, claro, foi atrás de suas histórias. E elas não são poucas. Abaixo, confira sete delas, baseadas em um relato anônimo publicado no Daily News e em um perfil do Buzzfeed. 

Ilustração - Chuck Blazer e Vladmir Putin (Foto: Michel Lima)Dentro do Kremlim, teve high five entre Blazer e Putin (Foto: Michel Lima)
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Toca aqui, Putin


Chuck Blazer foi parar dentro do Kremlim diante do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tinha todo o interesse do mundo no voto dele para que os russos sediassem a Copa do Mundo de 2018. Papo vai, papo vem, Putin observou que seu interlocutor parecia o alemão Karl Marx, igualmente barbudo e cabeludo, o criador da doutrina comunista. Os dois caíram na risada e, empolgados, trocaram um cumprimento com as mãos abertas, o chamado high five, no meio do prédio que representa o tradicional poder russo. Eles viraram amigões – a ponto de Putin ler o blog de Blazer, sugerir que o nome da página virasse “Chuck Blazer e amigos” e até enviar fotos para ele ilustrar as postagens (as imagens são qualquer coisa: dê uma espiada aqui).


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Drink com a rainha

Chuck Blazer  (Foto: Reprodução)Chuck Blazer com Mandela (Foto: Reprodução)

O poder de Blazer como liderança americana (federação do país), continental (Concacaf) e mundial (foi do Comitê Executivo da Fifa) permitiu que ele viajasse pelo planeta e se encontrasse com algumas das maiores personalidades mundiais. Ele se gabava de ter conversado com o príncipe William, de ter dividido coquetéis com a Rainha da Inglaterra e de ter passado quase um dia inteiro dentro de um avião com Nelson Mandela. Até o papa João Paulo II ele conheceu.

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Apartamento para os gatos


Visto que não era um sujeito do tipo que rejeita conforto, Blazer tinha um apartamento no 17º andar da Trump Tower, um arranha-céu de mais de 200 metros em Nova York. Acha muita ostentação? Pois saiba que havia um outro apartamento, adjacente ao principal, que servia de moradia para dois grandes amigos dele – que calhavam de ser... dois gatos! Os bichanos foram presente de uma ex-namorada dele. Moraram no apartamento principal até devorarem uns documentos dele. Pensando bem, talvez hoje Chuck não achasse tão ruim a ação dos felinos, né?

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Contas na “Sony”


Quase toda quinta-feira, Chuck levava amigos, às pencas, até o Elaine’s, um dos mais célebres restaurantes de Nova York. Na hora da conta, era comum que ele se prontificasse a pagar.  Pegava um cartão de crédito e bancava toda a fatura. O detalhe é que o débito ia para a Concacaf. Em seguida, costumava levar amigos a clubes de strip-tease. Novamente, a conta era paga por ele. Na fatura, aparecia Sony como local dos gastos. Mas não se tratava da famosa empresa de eletrônicos. Era a Stringfellow’s of New York, famosa casa de strip da cidade.

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The look


Habituado a contatos com belas mulheres, quase sempre conquistadas não exatamente por seu poder de sedução, Blaze se orgulhava de ganhar a simpatia delas com... THE LOOK. Ou seja, o olhar. Mas ele não era um primor físico, digamos assim. Tinha dificuldades para se levantar da cadeira, por causa de seu sobrepeso. 

Chuck Blazer (Foto: Reprodução)Chuck Blazer durante carnaval no Brasil (Foto: Reprodução)
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A arara Max

Chuck Blazer (Foto: Reprodução)Chuck Blazer e Max, sua simpática arara (Foto: Reprodução)

A figuraça, que dizia animar animais, tinha uma arara, chamada Max. Era uma grande companheira dele. Juntos, eles assistiam a programas do Discovery Channel na televisão e iam passear pelo Central Park, o famoso parque em Nova York. Há relatos de que a ave, porém, não era exatamente amistosa: costumava bicar crianças que se aproximavam dela – empolgadas, certamente, pelo inusitado combo Papai Noel + animal silvestre. 

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O “senhor dez por cento”


Tanto carisma e tanto poder fizeram Chuck Blazer ter passe livre pelos corredores do futebol mundial. E permitiu que ele, segundo a investigação, fosse um dos cabeças do esquema de corrupção que agora abala a Fifa. Um dado é bem didático sobre o modus operandi dele. De acordo com a imprensa americana, Blazer era carinhosamente chamado de “senhor dez por centro” nos bastidores. Era uma referência à propina que ele costumava cobrar.