Economia Defesa do Consumidor

Black Friday: por que trocar o smartphone se ele ainda não deu defeito?

Idec e Akatu dão dicas orientando ao consumo consciente, já que o custo ambiental dos celulares não é baixo
Decisão de troca deve ser bem pensada Foto: SXC.hu
Decisão de troca deve ser bem pensada Foto: SXC.hu

RIO - Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em parceria com a consultoria Market Analysis e divulgada pelo Portal do Consumidor, indica que 81% dos brasileiros trocam de celular sem antes recorrer à assistência técnica e em menos de três anos de uso. Este hábito de troca, sem sequer o produto apresentar defeito, deu ao celular o título de campeão em rapidez de descarte em relação aos aparelhos eletrônicos, segundo o estudo. Com o Black Friday, que ocorre nesta sexta-feira, anunciando descontos que podem chegar a 80% do valor do produto, há quem não veja a hora de o relógio marcar meia-noite para comprar um novo aparelho. Prova disso são os resultados do levantamento realizado pela Hitwise, ferramenta de inteligência em marketing digital da Serasa, que aponta que oito entre os dez itens mais buscados nos sites das lojas de departamentos nas quatro semanas que antecedem a data são smartphones.

O Idec e o Instituto Akatu - Consumo Consciente lembram que, raramente se para para refletir sobre o impacto ambiental dos celulares. Para produzir um aparelho desses é preciso extrair uma série de recursos, que passam por um longo processo de transformação até chegar às lojas. Entre as matérias primas para a produção estão o plástico, derivado do petróleo, a cerâmica e alguns metais (cobre, níquel e zinco). Todo esse material passa por um processo industrial que consome ainda água, energia e combustíveis que, muitas vezes, causam danos ao meio ambiente e à saúde humana.

Apesar do estudo conduzido pelo Idec constatar que a maioria dos entrevistados doa, vende ou guarda os aparelhos, é preciso pensar que a vida de um telefone sempre tem um fim. Quando descartado corretamente, ele se transforma em um resíduo que deve ser tratado e reciclado de maneira especial, já que seus componentes podem ter um impacto muito negativo no meio ambiente.

Diante desse cenário, fica claro que o custo ambiental dos celulares não é baixo. Então, a orientação dos dois institutos é que, antes de trocar o aparelho por um modelo mais recente, o consumidor se questione sobre a real necessidade de ter um equipamento mais novo. Vale lembrar que a humanidade está consumindo 50% a mais em recursos naturais renováveis do que o planeta é capaz de regenerar.