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Polícia Federal abre inquérito para investigar corrupção na CBF

Brasileiros indiciados nos EUA no escândalo da Fifa serão investigados no Brasil por evasão de divisas
Placa com o nome do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, é retirada da fachada do prédio da entidade na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Placa com o nome do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, é retirada da fachada do prédio da entidade na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

BRASÍLIA- A Polícia Federal no Rio de Janeiro abriu inquérito nesta quinta-feira para investigar corrupção em competições organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pela Fifa no Brasil. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que há indícios de que crimes investigados pelo FBI nos Estados Unidos tenham sido cometidos também em território brasileiro.

Os brasileiros envolvidos no escândalo de corrupção da Fifa serão investigados no Brasil por evasão de divisas. A Polícia Federal já teria encontrado indícios de que dirigentes esportivos e empresários envolvidos com o futebol enviaram ilegalmente para o exterior dinheiro obtido no esquema.

Cardozo vai se reunir com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para definir linha de atuação conjunta entre PF e Ministério Público nas futuras investigações.

— Só podemos investigar delitos tipificados pela legislação brasileira. Se no caso houver, e é bem provável que tenha delitos configurados perante a legislação brasileira, a Polícia Federal abrirá os devidos inquéritos e fará investigação rigorosa em relação a isso — afirmou o ministro da Justiça.

Sede da CBF, na Barra da Tijuca: entidade que comanda o futebol brasileiro será alvo de inbestigação da PF Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Sede da CBF, na Barra da Tijuca: entidade que comanda o futebol brasileiro será alvo de inbestigação da PF Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Cardozo disse ainda que, se for necessário, a Polícia Federal deverá pedir o compartilhamento de dados com o FBI e o Ministério Público americano. A ideia inicial agora é analisar os crimes investigados pelo FBI à luz da legislação brasileira e, em seguida, começar as investigações formais.

Para o ministro, não importa que eventuais investigações atinjam a organização ou obras relacionadas à da Copa do Mundo de 2014, parte delas financiadas pelo governo federal.

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— O governo tem todo interesse de apurar ilícitos venha de onde vierem. Esta é a posição clara da presidente Dilma Rousseff e do Ministério da Justiça. Vamos ter clareza : não importa onde tenha ocorrido os ilícitos, se houver indícios perante a legislação brasileira, a apuração será, sim, feita — disse.

Segundo o ministro, o esclarecimento das denúncias é uma exigência da sociedade brasileira. Ele afirmou ainda que, se houve a prática de crimes, os responsáveis devem ser punidos com o rigor da lei. O ministro não quis falar, no entanto, sobre o pedido de colaboração do FBI.

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Na noite de quarta-feira, a pedido da polícia americana, a Polícia Federal fez buscas em endereços do empresário Kleber Leite, no Rio de Janeiro. Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, era  ligado ao empresário J. Hawilla, réu colaborador nas investigações do FBI.

O ministro argumenta que a cooperação internacional exige sigilo em casos desta natureza.