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Ex-guarda de Auschwitz será julgado por cumplicidade no genocídio de judeus

Aos 93 anos, Oskar Gröning se diz inocente, mas reconhece que testemunhou morticínio e promete contar detalhes

Cidade de Lüneburg terá julgamento de ex-guarda de Auschwitz
Foto: Ronny Hartmann / AFP
Cidade de Lüneburg terá julgamento de ex-guarda de Auschwitz Foto: Ronny Hartmann / AFP

RIO - Oskar Gröning foi um guarda nazista que trabalhou num dos maiores campos de extermínio de judeus, em Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda Guerra. Ele nega envolvimento direto nas mortes dos prisioneiros, mas reconhece que foi testemunha dos crimes em massa que aconteciam no local, onde homens, mulheres e crianças eram enviados aos milhares para para as câmaras de gás. A partir desta terça, o alemão, hoje com 93 anos, será julgado por cumplicidade no assassinato de cerca de 300 mil prisioneiros em Auschwitz.

O julgamento ocorrerá na pequena cidade alemã de Lüneburg e pode criar um precedente legal fundamental para outras análises sobre o período. Gröning, ao contrário de outros funcionários nazistas acusados de crimes de guerra, afirma estar pronto para falar sobre os horrores do campo de concentração onde trabalhou de 1942 a 1944.

"Eu nunca encontrei a paz interior", afirmou ele em uma entrevista há 10 anos.

A justiça alemã está correndo contra o tempo para poder julgar ex-guardas de campos de extermínio, como Gröning, antes que morram.

Gröning afirma que não teve um papel crucial nos assassinatos. Seu trabalho, como relata, consistia em separar o dinheiro e os objetos de valor dos judeus antes que eles fossem levados para a câmara de gás.

— Eu descreveria o meu papel como uma pequena peça na engrenagem. Se você pode descrever isso como culpa, então eu sou culpado. Legalmente falando, eu sou inocente — afirma.

Porém, o ex-guarda admite que foi uma testemunha dos crimes do nazismo. A promotoria utilizará o precedente jurídico estabelecido pelo ex-ucraniano John Demjanjuk, que foi condenado por cumplicidade no assassinato em massa por um tribunal de Munique, em 2012. Tal como Oskar, John também era um guarda em um campo de extermínio.