Política

No frio de 7ºC, brasileiros protestam contra o governo Dilma em Nova York

Manifestantes pregaram o impeachmente da presidente da República

Manifestantes protestam contra Dilma em Nova York
Foto: O Globo / Isabel De Luca
Manifestantes protestam contra Dilma em Nova York Foto: O Globo / Isabel De Luca

NOVA YORK (EUA) — Os atos contra o governo Dilma ecoaram em Nova York, onde cerca de cem brasileiros se reuniram na Union Square no fim da manhã deste domingo. Aos gritos de “Fora PT, leva a Dilma com você!”, os manifestantes – a maioria usando verde e amarelo – carregavam cartazes com frases em português e inglês. Os motes eram variados: “Basta de corrupção”, “Dilma você está demitida”, “Quem cala consente: não seja um cidadão ausente”, “Eu aqui nos USA indignado com quem te USA”, “Intervenção militar agora”, “Bolsonaro presidente do Brasil”. O protesto, que começou às 11h, durou menos de duas horas. O grupo planeja se encontrar de novo no fim da tarde, desta vez em Times Square.

Na falta de uma liderança oficial, o empresário do ramo de turismo Jaime Dyman, que mora há 20 anos nos Estados Unidos, cuidava de animar a torcida apesar do frio (7 graus, com sensação térmica de 2 graus) e, sobretudo, do vento.

– Meu objetivo é o impeachment e a moralização geral no Brasil: no Planalto, no Congresso, no Judiciário. O país está entregue às baratas – disse. – Só quem tem essa paixão política pelo PT não enxerga o estrago que o partido vem fazendo há tanto tempo. O escândalo na Petrobras é só um pingo num oceano de corrupção. Durante a campanha das Diretas Já, eu tinha 20 anos, e diziam que o Brasil ia melhorar em 30 anos. E a verdade é que de lá pra cá só piorou.

Professora de português na Universidade de Yale, Fabiana de Paula fez questão de levar o marido, Guilherme, e os filhos, Carolina e Thomas – ambos nascidos nos Estados Unidos –, para a manifestação.

– É a primeira vez que as crianças participam de um protesto político, é a primeira lição de democracia deles – afirmou ela, que saiu do Brasil há 15 anos. – Mesmo de longe é importante participar. Minha expressão não é partidária. Quero mostrar que o povo não é estúpido e exige mais seriedade na política brasileira. Do jeito que está, não dá vontade de voltar.

Jean Correa, dono de uma companhia de mudança em Nova Jersey, onde chegou 16 anos atrás, fez coro:

– Para a gente que mora aqui há tanto tempo, de certa forma até seria melhor que o Brasil afunde, que o dólar fique alto. Mas a gente quer que essa massa manipulada por causa do Bolsa Família realmente tenha uma oportunidade de crescer. Meu sonho é que o Brasil seja uma nação como os Estados Unidos, onde os impostos são geridos de forma correta. Estamos aqui, passando esse frio, com essa motivação.

Tassia Pavezi, funcionária de um banco em Nova York desde 2008, ressaltou a importância da participação popular.

– Não acho que tirando a Dilma vá melhorar alguma coisa, tem que tirar o PT e fazer outra eleição. Chega de ficar quieto. Sou contra o militarismo, só quero que o povo acorde – comentou.

Ao seu lado, a professora Rita Mazuchelli – paulista do Matão de férias em Nova York – segurava um galhardete em que se lia, em inglês, “Intervenção militar já”. Questionada, ela disse que não tinha prestado atenção ao conteúdo do texto:

– Não poderia deixar de vir hoje aqui mostrar a minha indignação pelo que o Brasil está vivendo, com tantas falcatruas que acabam em pizza. Intervenção militar não seria o caminho, talvez apenas num primeiro momento, para se convocar uma nova eleição, porque o povo não vai se unir para isso. Não quero que os militares voltem a governar o país, eu só quero que eles intervenham nessa situação de caos.

O autor da bandeira – e de outras, como a que trazia escrito “Bolsonaro presidente” – era o cabeleireiro Humberto Guimarães, que trocou São Paulo por Nova York há 14 anos.

– Quero o comunismo fora do Brasil e da América Latina. A intervenção militar é a melhor solução, todo o nosso sistema político está corrupto. A Dilma só está fazendo o que está fazendo porque o Congresso e o Senado se venderam para o PT. Ela caindo pelo impeachment não vai resolver o problema do Brasil, por causa da corrupção. Podem falar o que quiserem dos militares, mas foi a única época em que o Brasil realmente se desenvolveu. E não tinha corrupção.

Uma das últimas a chegar, a advogada Mariana Bogado, que está de férias e pensa em se mudar para Nova York, não escondeu a decepção com o quórum do protesto:

– Se tivesse cerveja, estava todo mundo aqui.