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Direção do WCT ''torce" pelo título de Medina no Havaí: "Melhor para o surfe''

Renato Hickel, diretor da ASP, diz que a conquista traria aos jovens a mensagem de que sonho é possível. Kelly Slater valoriza feito histórico para o país do surfe e futebol

Por Direto de Oahu, Havaí

Nunca o mundo do surfe masculino viu um campeão mundial sul-americano. Nos 38 anos de disputa do circuito mundial, apenas dois sul-africanos quebraram a hegemonia americana, havaiana e australiana. Shaun Tomson, em 1977, e Martin Potter, em 1989, que, embora tenha nascido na Inglaterra, mudou-se aos dois anos para Durban, na África do Sul, onde cresceu e aprendeu a surfar. Agora, Gabriel Medina, de 20 anos, tem essa chance. No seu caminho para a conquista histórica, o brasileiro terá de superar Kelly Slater, dono de 11 títulos mundiais, e Mick Fanning, que tem três na coleção. Basta um tropeço dos rivais para Gabriel se consagrar. Para o diretor da Associação de Surfistas Profissionais (ASP), Renato Hickel, ter o jovem como campeão é muito mais interessante do que mais um troféu dos veteranos. 

- Tirando a bandeira brasileira, eu acredito que o título para o Gabriel Medina vai ser muito melhor e benéfico para a ASP e para o surfe profissional do que o Kelly ganhar o 12º e o Mick o quarto. Não só pelo fato de que ele quebraria essa hegemonia australiana e americana, contando os havaianos como americanos, mas pelo fato de toda a expectativa em torno do nome do Medina desde quando ele entrou para o circuito, ainda bem jovem, com a promessa de ser campeão mundial - analisou o dirigente da entidade.

Para Renato Hickel, ter um brasileiro no topo do surfe encorajaria outras crianças e adolescentes pelo mundo a investirem na carreira e acreditarem que o sonho é possível. 

- O título mandaria a mensagem para qualquer garoto que está começando a surfar em qualquer canto do mundo de que o sonho é possível de ser alcançado. Você pode vir de um país que não fala a língua inglesa, que não tenha uma economia forte como a americana e a australiana, mas você pode batalhar. E que com apoio e talento, pode conquistar esse título - disse o brasileiro. 

Medina, surfe, Pipeline (Foto: Marcio Fernandes / Ag. Estado)Medina está perto de fazer histórico com inédito título mundial para o Brasil no surfe (Foto: Marcio Fernandes/Ag. Estado)

Medina foi o surfista mais jovem a entrar para o Circuito Mundial de Surfe (WCT), em 2011, o mais novo a vencer uma etapa, em Hossegor, na França, é o brasileiro com mais vitórias (cinco) na elite do surfe e o que liderou o ranking mundial por mais tempo. Nesta temporada, ele ficou no topo em nove de dez etapas e pode igualar Slater ao sagrar-se campeão com a mesma idade que o mito tinha na época de seu primeiro título. O surfista também foi o primeiro do país a vencer em Snapper Rocks, na Gold Coast australiana, e nas ilhas Fiji. Slater comentou a magnitude da conquista de Medina para o país do futebol.

- O surfe é gigante no Brasil, com muitos praticantes e seguidores. Eu sempre tive muito apoio do Brasil. Desde que eu ganhei lá em 1992, eu não conseguia acreditar na multidão na praia, na mídia... O surfe tem crescido muito nos últimos anos, e eu sei que no Brasil as pessoas gostam de jogar futebol e surfar. O surfe é um dos esportes top 3 no país. O Gabriel tem agora a chance de ganhar esse título, é a hora dele, mas eu vou tentar estragar isso (risos). O Brasil nunca conquistou um título mundial profissionalmente e sei que este seria um grande feito. 

O americano mantém as esperanças de levar o seu 12º troféu no Pipeline Masters, última etapa do WCT, mas, precisa torcer por um tropeço de Gabriel na terceira fase e vencer a etapa pela oitava vez. Caso contrário, está fora. Ele terá pela frente o brasileiro Alejo Muniz na terceira fase. Medina irá enfrentar o havaiano Dusty Payne, e Fanning medirá forças o francês Jeremy Flores. O brasileiro é o único que depende apenas de si para ser campeão, basta ir à final. A competição neste domingo foi adiada. A próxima chamada será na segunda-feira, às 15h30 (de Brasília).

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baterias da terceira fase

1. John John Florence (HAV) x Adam Melling (AUS)
2. Owen Wright (AUS) x Fred Patacchia (HAV)
3. Michel Bourez (TAH) x Matt Wilkinson (AUS)
4. Josh Kerr (AUS) x Jadson André (BRA)
5. Miguel Pupo (BRA) x Filipe Toledo (BRA)
6. Gabriel Medina (BRA) x Dusty Payne (HAV)
7. Kolohe Andino (EUA) x Julian Wilson (AUS)
8. Bede Durbidge (AUS) x Adrian Buchan (AUS)
9. Mick Fanning (AUS) x Jeremy Flores (FRA)
10. Joel Parkinson (AUS) x Sebastien Zietz (HAV)
11. Nat Young (EUA) x Kai Otton (AUS)
12. Kelly Slater (EUA) x Alejo Muniz (BRA)

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o que medina precisa para ser campeão mundial

- se for eliminado até a terceira fase => precisa que Kelly Slater não vença a etapa e que Mick Fanning não chegue às semifinais. Se Fanning for eliminado nas quartas, decide o título da temporada numa bateria homem a homem com o brasileiro.
- se for eliminado na quinta fase => Mick Fanning não pode chegar à final;
- se for eliminado nas quartas ou nas semifinais => Mick Fanning não pode vencer a etapa;
- se chegar à final => conquista o título, independentemente da campanha de seus rivais