Edição do dia 26/10/2015

26/10/2015 20h51 - Atualizado em 26/10/2015 21h55

Quantidade de segurados de planos de saúde diminuiu no Brasil em 2015

Inadimplência nos planos de saúde cresceu 46,5% em 2015, em relação a 2014. Número é muito acima do que se viu nos anos anteriores.

Já pelo lado dos cidadãos, as dívidas acumuladas acabaram de provocar um fato que não se via há dez anos: a quantidade de segurados de planos de saúde diminuiu.

“Devo, não nego, pago quando puder” – tem sido assim a relação da Ivy com o plano de saúde.

“A gente paga um mês, depois fica dois sem pagar, volta a pagar novamente”, contou Ivy Farias, professora.

Na hora do aperto, de decidir que conta pagar primeiro, tem muito brasileiro deixando a do convênio médico lá para o fim. A inadimplência nos planos de saúde cresceu 46,5% em 2015, em relação a 2014 – muito acima do que se viu nos anos anteriores.

Pela primeira vez em 12 anos de convênio, seu Mário atrasou dois meses de pagamento.

Jornal Nacional: O que foi que apertou lá?
Mário Ferreira, aposentado: Foi a escola e as despesas lá em casa, é complicada, entende?

Ele pagou a dívida no limite do prazo para não ficar sem plano de saúde. Pela lei, o plano individual só pode ser suspenso por inadimplência se o atraso no pagamento chegar a 60 dias - consecutivos ou somados, ao longo de um ano. E 10 dias antes, tem que notificar o devedor.
Mas nem sempre é assim.

“Atrasei um dia e minha filha estava passando numa terapia, e avisaram que não podia atender porque estava fora do convênio”, afirmou Natalie Torres, professora.

O Cássio conta que o atraso no plano de saúde dos pais não chegou a um mês. Mesmo assim, o convênio rompeu o contrato. E a família só descobriu num momento de urgência.

“Meu pai, ele teve uma hemorragia muito séria, era um câncer no colo e lá no hospital que a gente ficou sabendo que o plano tinha sido cancelado”, contou Cássio Salama, administrador.

O advogado especialista em Direito do consumidor Arthur Rollo faz um alerta.

“Com certeza a inadimplência vem sendo usada por maus planos de saúde, pra excluir consumidores doentes, pra excluir consumidores idosos e pra excluir aqueles consumidores que não são bem quistos porque dão muita despesa pro plano de saúde”, afirmou Arthur Rollo.

Desde o começo do ano, 500 mil brasileiros deixaram de ter um convênio médico ou porque desistiram de pagar ou porque foram desligados por atraso no pagamento.

O diretor da associação que representa os planos de saúde diz que a orientação é sempre negociar com os clientes.

“Nós deixamos, por anos, atravessadores entrarem nas nossas relações com nosso cliente. Nós queremos olho no olho, esgotar todas as instâncias de negociação e mediação com seu plano de saúde”, disse Pedro Ramos, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Grupo.