Economia

Morre Don Featherstone, criador do flamingo rosa de plástico

Escultor foi responsável por mudar a forma como as pessoas decoravam seus jardins
Foto de Don Featherstone, tirada em 1998. Escultor foi o criador do flamingo rosa de plástico Foto: Amy Sancetta / AP
Foto de Don Featherstone, tirada em 1998. Escultor foi o criador do flamingo rosa de plástico Foto: Amy Sancetta / AP

NOVA YORK - Don Featherstone não inventou o Phoenicopterus ruber — mais conhecido como flamingo rosa —, a natureza fez isso por ele. Mas Featherstone, morto nesta quarta-feira aos 79 anos, conseguiu, há seis décadas, alterar de forma indelével os jardins americanos ao criar uma criatura de plástico com uma vara fina para plantá-la na terra.

Featherstone é o criador do Phoenicopterus ruber plasticus, o flamingo rosa de plástico, que representava a satisfação dos moradores do subúrbio que se tornaria, anos mais tarde, um símbolo irônico da pós-modernidade. Menos horroroso que a estátua de um anão de jardim, a escultura de Featherstone ganhou espaço nos quintais de milhões de americanos; apareceu em filmes, em programas de televisão e em músicas.

O escultor não esperava criar um duradouro símbolo da moda kitsch quando, em 1957, o primeiro flamingo saiu da fábrica. Nem no ano seguinte, quando o primeiro pássaro chegou ao mercado. Recém-formado no Worcester Art Museum, ele era apenas um funcionário em uma empresa de ornamentos de plástico em Leominster, cidade no estado de Massachusetts.

Seu primeiro trabalho foi fazer um pato de plástico. Para isso, Featherstone comprou um pato de verdade e o manteve numa pia para copiá-lo. Quando terminou, o soltou no parque local. Seu próximo trabalho foi um flamingo. Como não conseguiu um vivo, usou fotografias da National Geographic para modelar a escultura. Desenhou dois, para serem vendidos juntos: um com a cabeça levantada e outro com o bico mais próximo do chão.

No primeiro ano, os animais de plástico estavam à venda por US$ 2,76 no catálogo da Sears com as instruções “Coloque no jardim, para embelezar o cenário.”

FILE - In this Thursday, Sept. 20, 2012 photo artist Don Featherstone, 1996 Ig Nobel Prize winner and creator of the plastic pink flamingo lawn ornament, poses with his wife Nancy while being honored as a past recipient during a performance at the Ig Nobel Prize ceremony at Harvard University, in Cambridge, Mass. Featherstone died Monday, June 22, 2015, at an elder care facility in Fitchburg, Mass., according to his wife, Nancy. He was 79. (AP Photo/Charles Krupa) Foto: Charles Krupa / AP
FILE - In this Thursday, Sept. 20, 2012 photo artist Don Featherstone, 1996 Ig Nobel Prize winner and creator of the plastic pink flamingo lawn ornament, poses with his wife Nancy while being honored as a past recipient during a performance at the Ig Nobel Prize ceremony at Harvard University, in Cambridge, Mass. Featherstone died Monday, June 22, 2015, at an elder care facility in Fitchburg, Mass., according to his wife, Nancy. He was 79. (AP Photo/Charles Krupa) Foto: Charles Krupa / AP

Já na década de 70, os flamingos tinham mudado vida de Featherstone. Ele e a sua esposa, Nancy, passaram o resto da vida usando roupas combinadas, feitas à mão pelo escultor. Muitas delas apresentavam padrões de flamingos.

Em 1972, a comédia de humor negro Pink Flamingos, do cineasta John Waters, elevaria a escultura dos pássaros ao status cult. Vinte e quatro anos depois, Feathestone receberia o prêmio Ig Nobel — que satiriza o Nobel, premiando invenções e pesquisas inúteis ou curiosas. Em 1999, três anos depois, Featherstone lançou em parceria com Tom Herzing o livro de fotografias “The original pink plamingos: splendor on the grass” (Os flamingos rosas originais: esplendor na grama, em uma tradução livre).

A empresa que Featherstone presidiu até sua aposentadoria, em 2000, encerrou suas operações em 2006. Houve o temor de que com isso o Phoenicopterus ruber plasticus entraria em extinção, mas a Cado Company adquiriu os direitos. Atualmente o par de pássaros é vendido por algo entre US$ 20 e US$ 30, dependendo da loja.

Em 2009, após um debate que durou cinco minutos, a cidade de Madison, no Wisconsin, designou o Phoenicopterus ruber plasticus como o “animal” oficial da cidade. Featherstone, morto nesta quarta-feira de complicações decorrentes da doença de Lewy, um tipo de demência, deixa sua mulher, Nancy, dois filhos, quatro netos e dois bisnetos.