21/09/2015 13h28 - Atualizado em 21/09/2015 13h36

Secretário nega relação entre mudanças de linhas e arrastões

Mais de 20 linhas de ônibus que circulam para a Zona Sul serão extintas.
Fim de semana foi de tumulto e assaltos nas Praias.

Fernanda RouvenatDo G1 Rio

Cinegrafista da Globo registrou arrastões acontecendo entre as prais do Arpoador e Ipanema (Foto: Reprodução / TV Globo)Cinegrafista da Globo registrou arrastões acontecendo entre as prais do Arpoador e Ipanema (Foto: Reprodução / TV Globo)

 

Após os episódios de tumulto e assaltos nas Praias da Zona Sul do Rio de Janeiro e menores suspeitos depredando ônibus durante o fim de semana, o Secretário Municipal de Transportes, Rafael Picciani, disse não ver relação dessa criminalidade com as mudanças no itinerário de linhas de ônibus na Zona Sul.

"Eu não vejo nenhum vínculo das mudanças no transporte com a questão da criminalidade e, muito menos, que isso fosse algum tipo de represália. É importante entender que essa racionalização é para dar um maior sentido de maior reunificação. O que nós estamos buscando agora é otimizar esse serviço e adequar a frota ao que de fato é necessário. Hoje, não existe mais uma lógica que justifique 64% das linhas se sobreporem”, disse Picciani.

Menores estavam em ônibus com janelas quebradas (Foto: Ricardo Abreu / Arquivo pessoal)Menores estavam em ônibus com janelas
quebradas (Foto: Ricardo Abreu / Arquivo
pessoal)

Já o secretário Executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, afirmou que a Prefeitura do Rio está à disposição as Secretaria de Segurança do estado para evitar os arrastões.

“A polícia tem atuado contra esses arrastões. A prefeitura está inteira à disposição do secretário Beltrame e do governador Pezão para apoiar medidas junto à Polícia Militar do Rio para que se possa evitar arrastões. A prefeitura não vai medir esforços com a Guarda Municipal e a Secretaria de Ordem Pública”, afirmou Pedro Paulo.

Beltrame afirma que a polícia está 'constrangida'
Nesta segunda-feira (21), o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse na manhã desta segunda-feira (21), em entrevista à CBN, que a polícia está “constrangida” para agir para coibir jovens que praticam arrastões nas praias. Há dez dias, depois de uma ação movida pela Defensoria Pública, a justiça do Rio proibiu que policiais apreendessem menores sem flagrante.

“Se a polícia atua, abusa do poder, se não atua está prevaricando. Conseguiram constranger a polícia”, afirmou o secretário, que disse que vai “trazer" órgãos responsáveis por menores para auxiliar a atuação da polícia no patrulhamento. Ele vai debater o esquema de policiamento da orla em reunião com oficiais no Centro do Rio na tarde desta segunda. Ele anunciou a volta da abordagem em ônibus.

 "[Durante a abordagem] não está em questão a questão racial, ou se ela [a pessoa abordada] vai cometer um delito. A palavra que fundamenta a abordagem da polícia chama-se vulnerabilidade. Eu pergunto para essas pessoas: como que o jovem sai, por exemplo, de Nova Iguaçu, a 30 km da praia, só com a bermuda e sem R$ 1 no bolso para comer, beber pagar um transporte e vai ficar no calorão que está fazendo. Não se trata de ser pobre ou rico, se trata de vulnerabilidade", disse o secretário, cobrando a presença dos pais de jovens envolvidos em delitos.

Beltrame disse ainda que foi cobrado pessoalmente pelos problemas registrados em bairros da Zona Sul durante o fim de semana. "Ontem foram reclamar na minha casa o número de situações de ontem. Respondi que vocês tem que reclamar em outra casa. A polícia não tem que ficar mirando um jovem para ver se ele vai cometer alguma coisa", contou.

"Temos uma infinidade de órgãos para exigir e só um órgão na ponta para executar. Quero trazer os órgãos responsáveis por menores, trazer tudo para esse lugar, para que a gente possa repartir essa responsabilidade", acrescentou.

Beltrame criticou ainda pessoas que "fazem justiça com as próprias mãos" durante situações como as de ontem — moradores de Copacabana relataram espancamento de jovens suspeitos de roubos na região. Ele aproveitou para questionar a revogação do Estatuto do Desarmamento e afirmou que mais pessoas armadas em situações como a de ontem poderia ter gerado um "banho de sangue".

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Menores foram revistados pela PM na Lagoa (Foto: Ricardo Abreu / Arquivo pessoal)Menores foram revistados pela PM na Lagoa (Foto: Ricardo Abreu / Arquivo pessoal)

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